sábado, 20 de dezembro de 2014

FELIZ TUDO!!!

Boas!

20 de dezembro para mim é sempre uma data especial: férias!

Por isso eu e as meninas estaremos fora do ar até 05/01/2015.

Aos nossos tripulantes desejamos bons ventos e estrelas à barla, sempre!

Sejam protagonistas de suas próprias vidas! Velejem!

Feliz tudo!!!

E vamos no pano mesmo!

Ho ho ho

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A última do ano!

Boas!

Ontem foi um dia especial. Primeiro porque foi a última aula desse ano, tendo a bordo o Eduardo Colombo no veleiro Meltemi. Segundo porque eu me dei conta de algumas coisas, mas disso falo ao final.

Nossa escola começou meio de brincadeira. Era um tal de "me ensina a velejar" aqui e acolá e disso veio a ideia de estruturar um curso de verdade, com metodologia. Acho que estamos no caminho certo. 

Ensinar algo depende muito menos do quanto você sabe do que do quanto você consegue transmitir. Quando eu ensinava Direito via isso muito bem; quando fui aluno e quando coordenei um curso jurídico também. Um diferencial em nossa escola é que temos uma metodologia, própria e pensada em transmitir ao aluno em etapas aquilo que ele precisa aprender, passo a passo. Ensinar a velejar é muito mais do que gritar "orça!", "arriba!", "caça" e "folga!". É ensinar o aluno a intuir. É isso o que eu acredito e o passar do tempo tem me mostrado que estamos com a proa no rumo certo, ainda que o destino final esteja longe, muito longe. 

Com o Eduardo Colombo fechamos o ano com trinta e oito alunos. Minha meta para 2014 eram quinze. Quinze, porém, foi o número de ex-alunos que compraram seus prórpios veleiros. Desde o começo  em 2012 noventa e oito pessoas já passaram pelo nosso convés ou, melhor dizendo, pelos nossos conveses, no plural. Nada mal.

Mas voltando ao que realmente importa, a segunda coisa que eu percebi é que já não tenho medo de vento. Ontem, por exemplo, saímos em condições que há alguns anos eu preferiria não sair ou, se saísse, teria muito receio. Mar grande e vento constante a maior parte do tempo acima dos vinte nós.  Cumprimos nosso programa de aula e ainda fizemos a estripulia de testar como o Meltemi velejava só de genoa, coisa que o Alan mesmo sendo experiente ainda não sabia. E tudo isso numa boa, sem frio na barriga. O barco estava equilibrado: tinha a quantidade de pano certa para as condições, com leme sempre na mão e leve. Equilíbrio, a chave de tudo!



Em outubro o Chagas me disse uma coisa que depois de alguma reflexão passou a fazer todo sentido: "Eu me preocupo mais com a previsão de ondas, porque se ventar muito, eu rizo a vela". E é verdade. Ondas grandes dão muito mais trabalho do que um vento de vinte e cinco nós. Pois é. Um dia, sem perceber, eu perdi o medo do vento...

E vamos no pano mesmo!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Segui o conselho da Dilma!

Boas!


Eu não tenho 54 anos; tenho 35. Não sou economista; sou advogado. Não estou desempregado; quase isso, sou profissional liberal. Ainda assim segui o conselho da Dilma e me matriculei no SENAI, no curso Mecânico de Motores Diesel Marinizados.

Piadinhas a parte, a ideia é me livrar da dpendência dos mecânicos diesel marinizados que tem por ai. Todos custam caro e poucos lhe atendem como a gente espera. Ano que vem irei distribuir uma ação contra um deles, mas isso é outra história. Nesse meio quanto menos você depender dos outros, mais chances de ser feliz tem. Lidar com os elementos é moleza! Difícil é lidar com o ser humano...

O curso tem duração de seis meses e tem início no dia 20/01/2015, ao custo de R$ 1.200,00, parcelado em seis vezes. Há turmas a tarde e a noite e as aulas acontecem três vezes por semana. Há também curso de mecânico de motor de popa dois e quatro tempos.

Interessou? Ainda há vagas! http://santos.sp.senai.br/



terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Ande onde tenha vento; dê poucos bordos e vá direto para onde tem que ir!

Boas!

Como já havia antecipado por essas águas, nossa escola de vela participou da Regata da Marinha no último sábado, 06/12. Estivemos desfalcados de tripulação e apenas o Cassio pode comparecer, ou seja, tocamos o Grandpa em apenas dois.

O vento estava excelente (entre sete e nove nós), de quadrante sul e a regata foi barla-sota, mas no limite para um barco nervoso como o Grandpa ser tripulado por apenas dois. Largamos bem e começamos um duelo bastante interessante com o Viva, outro Fast 230. Ele estava com mais tripulação e com uma genoa maior. Com isso, quando o vento não apertava tanto ele andava mais que a gente (nas rajadas ele desequilibrava, por conta do excesso de pano) e manter a frente dele era bem complicado. Então era um tal de regula aqui, folga ali, aperta lá que me deixaram moído, doendo até o RG como diria meu amigo Satrk. Pena que no meio da primeira perna ele quebrou e teve que descer a mestra. Ainda assim continuou só de genoa por um bom tempo, até desistir. 



Na hora de subir o balão acabamos sendo mais conservadores e o deixamos no saco, até porque nosso combatende direto não estava mais na raia. O Cassio ainda não sabe subi-lo, ou seja, eu teria que fazer isso. Mas no leme ele ainda está um pouco inseguro, fazendo alguns "s" bem bonitos. O risco de um jibe chinês era absurdo (e os tantos jibes involuntários que demos nos provou que fizemos bem).

O Grandpa tem uma gennaker, mas eu ando relutante em usá-la em barla-sotas, pois temos que entrar com o vento mais pela alheta e isso torna o caminho maior, o que não sei bem até onde compensa a velocidade maior. Ainda acho que ir direto (ou algo próximo a isso) para a bóia  é mais eficiente e nisso o simétrico é imbatível. Na medida do possível em regata temos usado as três regras que o Cassio ouviu de um regateiro mais experiente: ande onde tenha vento; dê poucos bordos; vá direto para onde tem que ir. Nossa perna de contravento está boa; já a de popa, está péssima (isso quando caprichamos). Ainda assim ficamos em quarto entre oito veleiros e no tempo corrigido conseguimos uma façanha que só deve se repetir daqui a cem milhões de anos: ganhamos do Skipper 30 Pelayo (foi mal, Eduardo!). Ele fez em 1h21'19 e nós em  fenomenais 1h20'40!



Andam me perguntando se eu virei regateiro. Respondo que continuo velejador. Essas dicotomias são sem sentido (aliás, no Brasil de hoje em dia o que mais há são dicotomias sem sentido). O cruzeiro lhe dá prazer, mas saber velejar bem  e saber tirar tudo o que o barco pode dar pode salvar sua vida ou, sendo menos dramático, trazer mais conforto. Essas regatinhas aqui em Santos me tem ensinado que eu não sei nada, apesar de todos esses anos e que tenho tanto ainda a aprender... E tem sido bem legal ver que a cada regata conseguimos tirar mais do barco, apenas com regulagens, manhas e uma pitadinha de malícia - não necessariamente nessa ordem.

O ano está acabando, mas ainda não acabou. Ainda tem mais por ai!!!

E vamos no pano mesmo! 







segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Regata da Marinha 2014

Boas!

Mais um belo ano está acabando e, para quem ainda tem alguma dúvida disso, a regata da marinha está chegando! 



Organizada pela SOAMAR e pela Capitania dos Portos de São Paulo em parceria com o Clube Internacional de Regatas e o Iate Clube de Santos essa regata é smepre uma festa e estaremos lá com o nosso valente Grandpa!

O aviso de regata, as instruções e a ficha de inscrição estão no site Vela Santista, mantido pelo Volnys Bernal (Jazz IV) que acaba de ser eleito presidente da ABVC. Por indicação do Volnys, aliás, eu fui escolhido para sucedê-lo na Vice-Presidência da ABVC Santos. Ano que vem será um ano de muito trabalho!

E vamos no pano mesmo!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Apenas um susto...

Boas!

No barco a gente costuma dormir cedo e acordar cedo. Isso é o extremo oposto do que fazemos em casa. A falta de televisão e o cansaço do dia (quem nunca ouviu dizer que praia cansa?) ajudam nesse processo, que acaba se tornando natural.

Foi nesse clima que eu e as meninas fomos dormir na quinta-feira, 20, no Malagô. Como de costume deixei a helmanns´s light (um pote de maionese helamnn´s com um led dentro) aceso do lado de fora. A Priscila e a Alice dormiram na cabine de proa. Eu normalmente durmo com elas, mas nessa noite preferi a cabine de popa. No salão dormiram a Brida e a Sabrina, a alma abençoada que nos ajuda a cuidar das meninas, em especial da Pimentinha.

Meia noite e vinte. Já em sono profundo (sonhando), ouço uma pancada forte no casco. O barco jogou para o lado e adernou. Barulho de madeira quebrando e de mtor diesel em funcionamento. Sai do beliche alucinado, sem entender o que havia acontecido. "Estamos nas pedras?" - pensei. Ao sair vi um pesqueiro encostado em nosso contrabordo, todo iluminado e um pescador amparando o Malagô com as mãos.

- Nããããããooooooooo! - gritei, sem saber bem porquê.
- Desculpa ai, Mano! -Eu não vi - respondeu o pescador visivelmente embriagado.
- Não viu? Mas eu estou com luz na popa!!!
- Quebrou alguma coisa?

Olhei para o costado, minha maior preocupação e não vi nenhum rombo. Se o impacto tivesse sido ali o barco poderia fazer água. E mesmo se não fizesse, o reparo seria complicado. Jà na popa, um pedaço estava faltando, mas nada muito grave. Foi ai que vi que o braço da rede do pesqueiro estava indo na direção do estai de popa. Com a ajuda da Priscila e com alguma dificuldade o empurrei e safei. Sorte estarmos a bordo, ironicamente, pois se não safássemos o estai de popa o mastro poderia ter sido danificado.

- O barco está com probelmas, eu tentei dar ré mas não engrenou - tentou justificar. Eu estou sozinho, o barco é do meu amigo, mas ele não pode sair comigo. Mas eu pago... Agora eu não estou bem, mas vou ancorar ali e amanhã de manhã venho aqui para a gente conversar.

Nisso a Sabrina acordou, aparentemente sem saber o que havia aconetcido e perguntou: 

- A Alice está dormindo?
 A Brida respondeu que sim e ela devolveu um simpático:
- Ah, então está bom...

Sentei do lado de fora com a Priscila tentando entender o que havia acontecido. Como o cara não havia nos visto? Será que não estava tentando nos roubar? Acidente ou malandragem?  Na dúvida eu coloquei o saco de dormir do lado de fora  e fiquei por lá, em vigília, até amanhecer.

Lá pelas oito da manhã o pescador ligou o motor, suspendeu o ferro e veio falar comigo - dessa vez sem bater:

- Eu vou pagar - disse, já sóbrio.
- Você tem um robalo ai?
- Não peguei peixe nenhum.
- Nem camarão?
- Nada!
- Lá no pier a gente conversa...

Levei os pedaços de madeira para o Miguel, carpinteiro naval, consertar. Duzentos reais.

Por sorte foi só um susto. Conversei aqui e e ali e descobri quem era o cara. Não era bandido, mas apenas um pobre coitado. Foi só um (desnecessário) susto.

No mais nosso feriado foi um agradavel mais do mesmo: nadar ali, consertar acolá, ficar na praia com as meninas, receber a visita do regateiro Ricardo Sark e dar uma navegada em torno da Ilha Anchieta. Até quis ir na praia do Sul, pois o Walnei diz que lá tem muita mulher... mas de mulher meu barco já estava cheio!!!

E vamos no pano mesmo!

Galeria:

Porto Perequê, o pesqueiro que quis me %¨&*(...

Estrago no velhinho.

Nosso cantinho na praia da Ribeira.

Soneca.

A Brida e a Sabrina, com o Malagô ao fundo.



Cesar, Ricardo, Otto e Hermes...

... a valente tripulação...

... do Papo de Popa, um Ranger 22.


terça-feira, 18 de novembro de 2014

O olhar de cada um...


Cheguei bem cedo ao aeroporto de Noronha. Meu voo era às 15h45, mas meio dia, logo após o almoço, lá estava eu sentado e esperando. A vontade de voltar para casa era enorme e a saudade quase matava. Algumas horas depois os passageiros normais (aqueles que não estavam com a mesma pressa que eu) começaram a lotar o pequeno saguão. Entre eles estavam os três marinheiros do Cabanga, que nos dias anteriores fizeram o serviço de transporte com botes entre os barcos e o cais do porto. Conversa vai, conversa vem, um deles me conta indignado, com um forte sotaque pernambucano:

- Pois é... ai chegou um cara desses barcões ai e me deu uma sacola cheinha de roupa suja. Tudo imundo, fedido, podre! Disse que era presente para mim! Mas veja só? A situação era tão ruim que eu dei aquelas roupas para a colônia de pescadores lá do porto. Essa gente pensa que a gente é o quê?

Conversa vai, conversa vem, alguns minutos depois lá estava eu na fila de embarque da Azul. O Lars Grael em primeiro (até na fila ele está sempre em primeiro), outros dois sujeitos e eu.  Ai vem a conversa entre esses dois, com forte sotaque carioca:

- Pois é, essas regatas acabam com nossa roupa, não é?
-E como! Mas sabe o que eu fiz? Fui na Hering, comprei um monte de camisetas, bermudas e etc. Quando chegamos aqui em Noronha juntei tudo, coloquei em uma sacola e dei para o cara do bote.
- Ah é?
- Sim! E o cara  A-D-O-R-O-U-!

E vamos no pano mesmo...


terça-feira, 11 de novembro de 2014

O Capitão

Boas!

Nesse exato momento o Sergio, do Vento Real, está na posição 23º08'366'' S, 43º 42' 358'' W. Traduzindo para o vernáculo ele está em frente ao Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, indo em direção a Paraty.

O Capitão, como eu o chamo, é um sujeito ímpar. Caiçara de Paraty, nasceu no sítio que fica na praia do Engenho, aquela vizinha à Jurumirim dos Klink e onde seu irmão tem um bar até hoje. Lá também seu irmão de criação, Aldo, mantém um estaleiro artesanal. 

Passou a infância em barcos de pesca na baía da Ilha Grande e a vida em plataformas da Petrobrás. Na aposentadoria construiu um MC 31 sozinho, em um terreno no Rio do Meio em Gaurujá, ao longo de nove anos. O barco foi para a água em fevereiro de 2014. As velas ficaram prontas no útlimo dia de julho. 

Fez uma unica velejada teste, indo até a laje de Santos e nos primeiros dias de agosto, ele que era muito mais construtor do que velejador,  deixou o cais da Boreal, sozinho. Sua ideia era navegar perto da costa, apenas durante o dia. Logo viu que não seria possível. Como não conseguia dormir e acordar em intervalos curtos, aprendeu a ficar longos períodos acordado (mais de um dia inteiro!). 

Sozinho e com o cinto de segurança (emprestado pelo Alan) devidamente guardado em um dos maravilhosos armários do barco, ele chegou em Recife. Antes entrou em Aracaju, à noite. No dia seguinte, ao ver o tamanho das ondas e a confusão que era aquela barra, fez a si mesmo duas perguntas. A primeira: "- Como eu entrei aqui?". A segunda, talvez mais importante: "-Como eu sairei daqui?". Saiu. 

Ao longo da viagem disse que o vento mais forte que pegou foi de vinte e cinco nós, mas que na maior parte do tempo a coisa ficava entre dez e vinte, constantes e na cara. Ainda no través de Olinda descobrimos que o aparelho estava com defeito e registrava a velocidade do vento reduzida à metade. Nada como não saber; nada como não ligar. No dia dos vinte e cinco nós ele enrolou um pouco a genoa e colocou a mestra na segunda forra, mas que ele achava ser a primeira.

Quando cheguei em Recife o Capitão era celebridade no Cabanga. Conhecido e querido por todos. É assim onde ele passa. Para ele a Refeno foi passeio no parque, até porque pôde dormir por mais de uma hora seguida, mais de uma vez. Depois de tanto tempo em solitário seu maior desafio deve ter sido receber três tripulantes (um deles eu, inesperado e quase desconhecido). Ainda assim foi amável e generoso. O que era dele, era nosso. Ralhou comigo algumas vezes, é verdade. Mas vi isso mais como malcriação de pai do que qualquer outra coisa. Lembro bem que quando entrei no ônibus para ir para o aeroporto em Noronha ele me abraçou e pediu "desculpa por qualquer coisa". Achei aquilo de uma simplicidade tão extrema que fiquei de certa forma comovido. E grato. Desculpar o que, se ele havia me levado velejando até Fernando de Noronha???

Depois da Refeno o Capitão fugiu da Marinha (ops!). Saiu antes do permitido da ilha e com rumo à João Pessoa, ao invés de Natal (ops!²), sob um vento (real) de mais de trinta nós, agora sabidos. Lá a Leila e o Alan desembarcaram e ele voltou a ser um navegador solitário. Depois de alguns dias e fazendo pernas cada vez maiores começou uma descida que amanhã de manhã deve terminar na praia do Engenho,  onde passará as festas de final de ano com sua família, sem fazer alarde e sem saber que fez algo que se pensarmos bem, era impossível.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Nuvem...

Boas.

Meus amigos, uma coisa nessa vida náutica eu já aprendi: se está ventando e então a coisa pára a ponto de o mar ficar um espelho, prepare-se: a coisa ficará feia!

No dia 19/10, um domingo, sai com o Grandpa para dar aulas para o Hector e para o Marcio. O horário de verão recém estava por essas bandas (muito bem vindo) e acabamos saindo mais tarde, pois o vento por essas bandas só começa a soprar lá pelo meio dia. 

Pois dessa vez deu meio dia, deu uma, deu duas da tarde e nada. Pela manhã estava ventando, mas na hora de aparecer com vontade o danado do vento nada de dar as caras. Como de praxe, se até às 14h00 nenhuma atividade tiver sido feita a contento eu suspendo a aula e marcamos outro dia. Foi o que fizemos.

Subimos o barco, o Hector e o Marcio foram embora e eu fiquei fazendo hora no clube. Às 16h00 tomei o caminho da roça. Foi ai que vi a nuvem tsunami (um belo CB) vindo, do mar para terra, a mil. Chamei no VHF de mão o Meltemi e o Grazina, que eu sabia estarem na água para avisar, mas sem sucesso. Em poucos minutos a nuvem entrou, trazendo ventos de mais de trinta nós mantidos. Tivessemos insistido em esperar o vento e ele teria vindo: e forte! Dias depois vi as fotos do Alan, do Meltemi, e hoje as posto aqui. Em terra achei a coisa bem boinita. Durou apenas uns quinze minutos.

E vamos no pano rizado mesmo!




segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Refeno 2014 no Vento Real

Boas!

Alguns momentos da nossa participação na Refeno 2014 como grumete do Vento Real!


Sim, vou fazer a Refeno de novo e em breve . Mas sem as meninas, nunca mais. Foi horrível ficar sem elas em Noronha... tentei trocar o voo mais de uma vez. Sem elas, não dá...

E vamos no pano mesmo!

Final de semana na Ribeira...

Boas!

O Malagô andou um pouco abandonado. E minha ausência se fez sentir. O sol acaba com o tal do verniz e a maresia acaba com todo o resto. É algo bem complicado de administrar. Por isso nesse último final de semana fui sozinho para a Ribeira, dar uma ajeitada nas coisas. Depois de filar uma bóia na deliciosa companhia dos Stark, lá no Itaguá, na noite de sexta, acordei de madrugada no sábado e fui para a labuta: verniz aqui, uma demão de tinta cá, uma goteria desfeita acolá... 


Entre o final desse ano e ao longo de 2015 farei uma ampla reforma no interior do Velho Mala. Tem coisas que eu não gosto e é hora de mudar. Uma delas é o fato de eu não ter praticamente armários. Outra é que não tenho mesa de navegação. Já tenho um projeto em mente e comecei a executá-lo. 



Uma das alterações que têm sido promovidas é a troca do estaimento. No sábado tirei o enrolador Alado e confirmei minhas suspietas: o cabo do estai de proa estava bem danificado. Era apenas uma questão de tempo ele  ceder, com consequências catastróficas. Também retirei o botijão de gás para substituição. Ele já estava lá desde fevereiro de 2013 e isso é dar muita sopa para o azar.



Fiz no mesmo dia, com o Telesmar, um novo estai de proa, com cabo de 8 mm e terminal e esticador Nautos. O estai de popa já foi trocado (usei o esticador da IEN). Os próximos agora são os brandais superiores, que farei semana que vem e depois os estais de força e os do diamente. Haja saldo! Cada cabo sai na casa dos R$ 1.600,00. Dói...



Por enquanto ficarei sem enrolador. A genoa já está com seus garrunchos e com isso, aos poucos, o Malagô vai voltando à sua montagem original (e trabalhosa). No fim da tarde, como ninguém é de ferro, dei uma motorada pela Ribeira para carregar as baterias e por o motor para funcionar. Soltei a cana de leme e fiquei na proa, euqanto ele mantinha o mesmo rumo (156º V) por mais de uma milha, sozinho (o vento era zero). Ah, como eu amo esse barco!!!


Dia 15/11 devo trazê-lo para o Guarujá. Ele subirá no Pier 26 para algumas manutenções e pintura de fundo. O plano é passar as festas de final de ano na Ilha Grande, antes de irmos para o Cascalho. Mas eu sei que planos e veleiros nem sempre combinam com as nossas agendas...

E vamos no pano mesmo!



Nova aba - classificados!

Boas!

Volta e meia meus alunos perguntam se há algum veleiros interessante para comprar. E volta e meia alguns me pedem para divulgar seus barcos à venda. Eu particularmente sempre tive receio de indicar a compra deste ou daquele barco, porque a verdade é que com honrosas exeções há muita porcaria por ai - e a preços altos. 

Foi por essas e outras que criei uma nova aba aqui no blog: classificados, ali no canto superior direito da tela! Nela serão anunciados veleiros e itens de interesse de velejadores. O diferencial é que apenas barcos conhecidos e testados por mim serão anunciados (e desde que eu acredite que o preço não está abusivo). 

E vamos no pano mesmo!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Como está a sua adriça?

Boas!

Dizem que uma é pouco, duas é bom mas três, são demais. Nem sempre é assim, ou quase. 

Na sexta ajudei o Tiago a colocar o Zappa (Atoll 23) na água, no CIR. Faltava algum ajuste de estaiamento e a ideia era dar uma velejada para a regulagem. Na hora de subir a genoa o Tiago me avisou que era melhor trocar o cabo, pois o antigo esava puído e ele já tinha comprado um novo na Velamar... Eu, claro, fui no "vai que dá". Pois é, não deu. A adriça da genoa estourou e a pequena montagem logo avançou pela tarde inteira e impossibilitou qualquer velejada no final de semana...

No sábado fomos para a Ribeira. Era dia de Malagô, mas o Cassio e a Chris do Serelepe estavam por lá e acabamos indo todos velejar de Fast 345. Levei o Malagô até a poita do Serelepe, embarquei as meninas e deixamos o "Mala" amarradinho por ali. Na hora de subir a mestra foi uma confusão. A vela estava toda torcida, sem as talas e o macarrão não queria entrar no trilho de jeito nenhum... acabamos por sair só de genoa. O dia estava esplendoroso, com sol e ventos acima de dez nós. Fomos até o presídio totalmente na vela (apenas a genoa), passando pelo boqueirão, orçando a cinco nós. Uau, que barquinho! Na volta  fui levar sozinho o Malagô até a poita que é dele e voltei para o Serelepe de SUP. Ao chegar qual não foi minha surpresa ao ver o Cassio com a adriça da genoa nas mãos: estourou também.

No dia seguinte, domingo, fui começar a desmontar o enrolador do Mala - voltaremos aos garrunchos por uns tempos. Vai aqui, vai ali e... a adriça da genoa despenca no convés. Três barcos diferentes; três genoas sem adriças! Isso em apenas três dias! Uau!

Isso serve para lembrar a gente a, de tempos em tempos, encurtar (cortando mesmo) a  ponta das adriças que fica exposta ao sol quando o barco está recolhido (99% do tempo). Ou então fazer como faz o Marcelo, do Aphrodite (Delta 32): guardar todos os cabos dentro do mastro, usando emendas de sacrifício que são retiradas quando montado para velejar. Dá um pouco de trabalho, mas adriças caras como as do Malagô (que são de spectra) doem no bolso para serem repostas. Isso sem falar a necessária "viagem ao topo do mastro" e no risco de estourarem justamente quando não poderiam.

Outra coisa importante é ter sempre um amantilho com um cabo que possa fazer as vezes de adriça da mestra (eu vejo muito cabinho vagabundo nos amantilhos por ai) e a ter instalada a adriça do balão, mesmo quando não se usa essa vela. Em um sufoco dá para usar essa adriça para envergar a genoa.

E vamos no pano mesmo! 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Relato da Refeno 2014 no Vento Real - Final.


Like a roling stone...



Houve um momento muito interessante nesse terceiro e último dia a bordo: quando nos demos conta de que Natal estava mais distante do que Noronha. A capital do Rio Grande do Norte distava cento e vinte milhas de onde estávamos, ao passo que Noronha "apenas" noventa. Foi meio estranho imaginar que estava tão longe de terra, algo equivalente a distância entre Guarujá e Paraty. Além disso a profundidade onde navegávamos era de míseros quatro mil metros! Esses números nos fazem pensar em terra. Mas lá, no mar, a coisa soa tão natural que até chegam a não dizer nada.

O "Triunfão" estava silencioso. Chamou logo cedo, mas a propagação estava ruim e não copiou nossa resposta. Antes do almoço golfinhos roteadores fizeram um show na nossa popa. As aves marinhas passavam para lá e para cá. Na madrugada uma delas tentou pousar em nosso bimini. Para ajudá-la eu coloquei a lanterna em sua direção, mas acho que não deu muito certo pois ela se estatelou no mar...

Ao meio dia vimos algo inesperado: velas ao vento, a nossa popa! Veleiro a vista!!!

O vento baixou. Dos 25 nós da  madrugada "despencou" para 15, depois 10, depois 8... Ora, isso não se faz!!! Interessante como nossos parâmetros mudam. Em Ubatuba o ventão da madrugada seria convidado a se retirar. Aqui era desejado com ardor. Tiramos o rizo da vela mestra.

As velas do outro veleiro mantiveram-se a nossa ré, à boreste. Sempre na mesma marcação, o que indicava que a velocidade era a mesma. Almoçamos e fomos vistados por baleias piloto. Pena que a câmera nunca está a mão nessas horas.

Curiosos por saber quem estava a nossa ré - no visual e fora dele - bolamos estratégias. O Capitão Sergio pensou em fingir ser outro barco, o USS Pernambuco, da Marinha dos EUA. Acho que não enganaríamos o valente "Rebocador de Alto Mar Trinfo" por muito tempo.

No fim da tarde, então, algo miraculoso aconteceu: as velas que nos seguiam no horizonte começaram a ganhar uma velocidade sobrenatural. A medida que o vento caia, mais elas andavam. Desceram no vento e terminaram  bem a nossa frente, no rumo direto da Sapata. Mais do que isso: começaram a abrir distância! Quanto menos vento havia, mais eles andavam. Mistérios... mistérios... mistérios...

Não vimos Noronha chegar durante o dia. A 25 milhas - quando em geral se começa a ver terra - não se via nada, nem as nuvens que ficam por cima das ilhas oceânicas.

Anoiteceu. O vento subiu para quinze nós e o veleiro superandador a nossa frente começou a andar menos. Manteve-se a  uma milha de nossa proa. Eu estava no leme e me guiava usando sua luz de mastro. Eram 20h30 quando um clarão se fez ver no horizonte. Terra a vista. Foi um momento sereno, quase natural - muito diferente do que eu pensei que fosse. E eu não estava ouvindo Like a roling stone...

Pouco depois mudamos para o canal 77 e ouvimos o valeiro misterioso anunciar seu nome: "CR, CR, aqui Jamaica III, Montamos a Ponta da Sapata". Hum, era ele, o Jamaica III! 

Quando montamos a Sapata entreguei o leme ao Capitão Sergio. A honra de chegar em Noronha deveria ser dele. Afinal foi ele que em solitário saiu da Boreal em uma manhã chuvosa de sábado e levou o barco sozinho até Recife. Foi ele quem gastou nove anos de sua vida fazendo aquele barco.  E fez tudo isso como se fosse a coisa mais normal do mundo. O Sergio é um homem verdadeiramente do mar e merece minha mais profunda admiração.

Eu imaginava Noronha como uma ilha monstruosa, saindo do mar e indo raivosa em direção ao céu, ganhando as alturas. Mas não. Ao chegar ali o que encontrei foi uma "pedrinha" tão bela, quanto frágil. Ilha que é quase ilhota. Delicada. Pequenina. Baixinha. Uma sillhueta de Niemayer no meio da escuridão do deserto do oceano. 

Pelo rádio acompanhamos a chegada do Jamaica III e soubemos que um veleiro que estava atrás de nós desistiu e ligou o motor. O Tartaruga seria do jamaica III e foi melhor ter sido assim, para alegria do nosso Capitão que relutava em aceitar a honraria.

Menos de meia hora depois de montarmos a Ponta da Sapata ouvimos no canal 77:

- Veleiro que se aproxima da CR, identifique-se.
- CR, aqui Vento Real - respondeu o Alan.
- Vento Real, você consegue ver a linha de chegada?
- Afirmativo.
- Vento Real, ilumine suas velas.

Houve um breve silêncio e então as palavras que eu nunca irei esquecer:

- Vento Real, bem vindo a Fernando de Noronha.


Galeria: