Cheguei bem cedo ao aeroporto de Noronha. Meu voo era às 15h45, mas meio dia, logo após o almoço, lá estava eu sentado e esperando. A vontade de voltar para casa era enorme e a saudade quase matava. Algumas horas depois os passageiros normais (aqueles que não estavam com a mesma pressa que eu) começaram a lotar o pequeno saguão. Entre eles estavam os três marinheiros do Cabanga, que nos dias anteriores fizeram o serviço de transporte com botes entre os barcos e o cais do porto. Conversa vai, conversa vem, um deles me conta indignado, com um forte sotaque pernambucano:
- Pois é... ai chegou um cara desses barcões ai e me deu uma sacola cheinha de roupa suja. Tudo imundo, fedido, podre! Disse que era presente para mim! Mas veja só? A situação era tão ruim que eu dei aquelas roupas para a colônia de pescadores lá do porto. Essa gente pensa que a gente é o quê?
Conversa vai, conversa vem, alguns minutos depois lá estava eu na fila de embarque da Azul. O Lars Grael em primeiro (até na fila ele está sempre em primeiro), outros dois sujeitos e eu. Ai vem a conversa entre esses dois, com forte sotaque carioca:
- Pois é, essas regatas acabam com nossa roupa, não é?
-E como! Mas sabe o que eu fiz? Fui na Hering, comprei um monte de camisetas, bermudas e etc. Quando chegamos aqui em Noronha juntei tudo, coloquei em uma sacola e dei para o cara do bote.
- Ah é?
- Sim! E o cara A-D-O-R-O-U-!
- Ah é?
- Sim! E o cara A-D-O-R-O-U-!
E vamos no pano mesmo...
Muito bom!
ResponderEliminarSensacional Juca! Já pensou em ser cronista profissional? Essa lembrou Veríssimo.
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