terça-feira, 12 de julho de 2016

De Santos à Ubatuba

Boas!

Na quinta-feira, 07/07, reuni os amigos Cassio, Jefferson, Marcelo, Eduardo e Thiago a bordo do Malagô e terminamos os preparativos para mais uma travessia. Fazia tempo que o "Velho Mala" não se fazia ao mar e era chegada a hora, mais uma vez. Eu já vinha preparando o barco há uma semana e a tensão da partida dava lugar a ansiedade de sair logo. 

A previsão do tempo não era das melhores.   Na ida teríamos com sorte algum vento do SE,  a tarde e a Marinha a todo instante emitia avisos de ressaca que o App Gajeiro sempre nos informava. Ondas de três metros, com período longo. Isso significava que além de altas, as marolas (sem vento essas ondas não chegam a quebrar) viriam com bastante força/energia.

Soltamos as amarras do cais às 05h05. O trecho mais complicado foi a navegação até a Ilha da Moela. Optei por não subir a mestra antes do sol nascer e o equilíbrio do barco ficou prejudicado diante das montanhas de água que surgiram na nossa proa. Levamos absurdas duas horas para passar a Moela, por dentro. O mar, então, baixou e conseguimos um avanço melhor. Vento zero, motor ligado, mestra em cima.

Deixando o CIR...

Guarujá, ao amanhecer do dia 08/07
Um pouco depois da Moela encontramos mais três veleiros. Dois que eu não pude identificar e o terceiro, o Panda, do Ronei e do Antonio, lá do Clube. Trocamos insultos gentis e cada um seguiu seu rumo em direção à Ilhabela. O mar vinha de través e balançava bastante, mas conseguimos ter uma vida mais ou menos normal para essa situação, com direito a petiscos e estrogonofe de almoço. Com a mestra em cima o balanço era atenuado. 

Passamos o Montão de Trigo pouco depois do meio dia, por fora cerca de quatro milhas. Às 14h00 o vento SE entrou. Abrimos a genoa, desligamos o motor e velejamos até a entrada do canal. A velocidade média despencou, mas o prazer subiu de forma inversa e proporcional. Céu azul e limpo, ondas de través enchendo o saco. Ainda assim é melhor do que trabalhar.Chegamos na Ilhabela às 16h00. Foi ai que veio o pequeno problema. Pedaços de madeira cairam no convés, vindas do alto do mastro. Como o mastro é de madeira, essa visão é um tanto assustadora. Fui com o Cassio até o pé do mastro e entendemos o que havia acontecido. A ressaca, de través, jogava a retranca com muita força para BB. Depois de tanta porrada, após onze horas de travessia, o trilho que segura os carrinhos voou pelos ares.

Orça folgada...

... na direção...

.. da tão desejada...

... Ilhabela.
A primeira preocupação era: vai descer? Desceu. Ufa! E até que deu pouco trabalho. Ligamos o motor, enrolamos a genoa. Nessa mesma hora a ressaca entrou com tudo no canal. "- Ué, mas não tinha passado?". O mais legal disso, porém, foi ver o malabarismo do Thiago tentando se limpar após ir ao banheiro e sendo jogado para todos os lados do barco, ao mesmo tempo que tentava desviar das coisas que voavam em sua dieração!
O trilho por onde a mestra sobre, no lugar errado: fora do mastro!
Seguimos para o Saco da Capela, tendo como azimute o Cisne Branco iluminado como uma árvore de Natal - coisa linda. Ancoramos na Vila às19h00 e colocamos o barco em ordem. O plano era domir ali e seguir no dia seguinte ou no domingo para Ubatuba. No sábado estava prevista uma lestada de 15 nós, que arrefeceria no domingo. A tripulação já se preparava para curtir  a Ilha (lá tem cerveja!) quando o Capitão mala aqui resolveu fazer algumas ponderações: estávamos só de genoa e motor. E em motor em não confio. Além disso, num vento contra e com a maré contra do canal o Malagô iria a apenas uns 3 nós. Ou seja, seriam dez horas até o Saco, em um sofrimento danado. Se fossemos direto para o Saco, porém, o mar ainda estaria ressacado, mas faríamos o caminho em quatro horas...

O Cisne Branco na noite da Ilhabela.
Pois é. Jantamos carne assada com arroz e farofa, levantamos a âncora e seguimos para o Saco. Nada de cerveja. Incrivelmente o pessoal não fez motim e ainda tocou o barco um tempão para eu dormir um pouco. O mais legal da vela são as pessoas! 

Noite sem lua, passamos por fora da Ilha do Mar Virado e à 01h00 chegamos no Saco da Ribeira. Minha poita estava com o barco do Luiz, então ancoramos. Joguei o ferro perto demais. Refizemos a manobra e enfim, dormimos. Na manhã seguinte os tripulantes voltariam para suas casas e minhas meninas chegariam de Santos de carro. Mas essa já é outra história...

Números sofridos.




Lixo de apenas dois dias!

Cabine limpa, pronta para receber as meninas!
Agradeço aqui minha tripulação, que tornou essa travessia algo bastante divertido!

E vamos no pano mesmo!

6 comentários:

  1. Juca, quer dizer que agora o Malagô é FLEX??
    Vento e cerveja!!
    Acho que me 'encaixo' nessa tripulação etílica !!
    Abraços a todos!!

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    1. Não, não! A cerveja seria um agrado para a tripula e estava em terra. mas como não fomos para terra... a bordo só a boa e velha coca!!!

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  2. Juca, a navegada foi muito boa, seja pelo barco, seja pela tripulação. A vela é incrível por reunir só pessoas bacanas, pelo menos em 99% das vezes. O Malago aguentou muito bem o marzão, principalmente de Ilhabela em diante.

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    1. Foi um prazer motorar com vc! Na próximia prometo que iremos velejar, rs.

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  3. Juca, porque vc não foi no dia 6? Veja o video do tikirio de vento e mar de popa de angra pro Rio...o sw não passou por aí? Mande fotos mais detalhadas do trilho para um veredito melhor. rogeriomartin yahoo com br

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    1. Trabalho, trabalho... sempre o tal do trabalho. velejar de relógio é um saco, rs. Não tenho foto aqui. Quando for ao barco eu tiro para vc! Obrigado!

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