segunda-feira, 23 de maio de 2016

Travessia Ubatuba Angra

Boas!

O veleiro Soneca completou com sucesso a travessia Angra Ubatuba. Capitaneado pelo nosso instrutor José Spinelli Neto, proprietário da embarcação, o veleiro jogou ferro no Sítio Forte, na Ilha Grande,pouco antes das 09h00. A bordo estiveram presentes nossos alunos Evandro, Claudio, Manoel e Leonardo. Foram cerca de doze horas de travessia noturna, infelizmente a maior parte no motor por conta dos ventos fracos. Ainda assim a experiência foi marcante e permitiu a tripulação vivenciar o dia a dia de um veleiro de cruzeiro.

Ao largo de Ubatuba, às 17h00 do dia 21/05 - (c) Claudio Almada

Noite de lua cheia no mar! Como explicar isso em palavras? - (C) Claudio Almada
O Soneca foi para Angra participar do 14º ENCONTRO NACIONAL DA ABVC, que será realizado entre os dias 26 e 26/05, no Brachuy. O Tio Spinelli irá dar uma palestra no encontro, falando sobre sua viagem de Ubatuba até Buenos Aires e também fará uma clínica prática sobre as técnicas de  homem ao mar (MOB) e velejar em capa (embarcados).


Velejando em Angra -  (c) Claudio Almada

A ILha Grandeé sempre um lugar mágico! - (c) Claudio Almada

A próxima travessia será na semana do dia 30/05, de Angra com destino a Ubatuba. A travessia para São Francisco do Sul foi adiada pois uma ressaca recente comprometeu o píer de atracação do Museu Nacional do Mar. Falaremos sobre isso aqui em outro post.

Em substituição faremos na semana do dia 11/06 a travessia Ubatuba Santos. Quer participar? É só embarcar!



E vamos no pano mesmo!

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Importação de equipamentos náuticos pelos Correios

Boas!

Há algum tempo eu tinha certa curiosidade em importar equipamentos náuticos pelos Correios, em muito inspirado pela minha mulher que todo dia recebe uma bugiganga da China. 

Foi então que no dia 02/05 entrei no site da americana West Marine e escolhi algumas coisas (não sem antes lamentar que não tenhamos tantas opções por aqui). Passeando aqui e acolá pelo site, comprei dois coletes autoinfláveis e um rádio VHF de mão que flutua se cair na água (se o meu último fosse assim talvez seu destino tivesse sido diferente).



Pelos coletes paguei US$ 89,99 e mais U$ 44,70 de frete, ao câmbio de R$ 3,5362. Pelo rádio VHF paguei a bagatela de US$ 59,99 mais US$ 44,70 de frete. 

A compra foi fácil e segura, via cartão de crédito. A loja envia ainda um link para você rastrear sua compra, que eu imaginei fosse levar uns três meses para chegar.

Contudo, para minha surpresa, recebi na segunda 16/05 o aviso para retirar os itens em uma agência de correios perto de casa. Os itens chegaram em menos de quinze dias, vindos da Flórida, um tempo que me soou bastante razoável. Passada a alegria inicial, foi hora de fazer as contas - embora o ditado "quem converte, não se diverte" seja bastante verdadeiro.




Cada colete foi taxado em 60% de imposto, o que em reais equivale a R$ 159,11, mais R$ 6,00 de taxa dos Correios. O rádio, coitado, foi taxado na mesma alíquota, gerando R$ 222,12 de imposto e R$ 12,00 de taxa para os Correios. O imposto e a taxa são pagos no momento da retirada.

Bem feitas as contas cada colete custaria inicialmente R$ 318,22. Mas com o frete, o imposto e  a taxa cada um saiu por R$ 561,12. O rádio VHF sairia por R$ 212,13, mas teve um custo final de R$ 512,04.

Um dos meus erros foi ter comprado o VHF depois dos coletes, em uma compra em separado. Se eu tivesse comprado tudo junto teria barateado o frete.

Vale a pena?

Nesse caso em específico só vale pois os coletes, por exemplo, não se encontram por aqui com facilidade. E quando se acha o preço é ainda assim superior ao que paguei. No Mercado Livre encontra-se o VHF de mão da Uniden por R$ 500,00, mas não é o modelo que comprei - que flutua! O meu antigo desses repousa no leito marinho...

Um dos pontos positivos foi a demora, que praticamente não existiu. Os produtos chegaram muito antes do que eu esperava. 

O ponto negativo é obviamente o imposto, que nos lembra que vivemos em um país que tem uma fome tributária nórdica, mas que entrega serviços típicos do Zimbabue.

Mais interessante talvez seja  aproveitar uma viagem internacional e trazer de lá. Meu Epirb, por exemplo, foi comprado pelo Marcelo nos EUA em janeiro. Paguei US$ 550,00 e como ele conseguiu passar direto na aduana, economizamos 60% de imposto (ele trouxe dois).

Meu problema agora é que uma semana depois eu comprei um AIS, por módicos US$ 400,00, mais US$ 44,70 de frete - dessa vez na loja www.defender.com, indicada pelo amigo Jefferson Neitzke. Pelo o que vi já já vou receber um aviso que vai me fazer doer o saldo!!!

E vamos no pano mesmo!

terça-feira, 17 de maio de 2016

Rizo de vela de proa: trocar a vela ou enrolar a genoa?

Boas!

Alguns veleiros utilizam enroladores de genoa, como nós no Malagô. Em situações de vento mais fdorte, muitos velejadores adotam a prática de rizar a genoa, com o enrolador, ao invés de trocar o pano. Para isso dão duas ou três voltas e diminuem a área vélica.

Esse procedimento, embora comum, é criticado por muitos velejadores experientes, pois há o risco de a vela rasgar – o que em condições adversas pode ser complicado de se resolver.Porém, trocar uma vela de proa sob vento forte e mar alto também não é uma coisa muito simples de se fazer.

Academicamente os que defendem a troca da vela de proa, mesmo quando se usa enrolador, por uma vela menor estão com a razão. Essa é a melhor solução para a vela. Contudo, em alguns casos essa pode não ser a melhor solução para a tripulação.

Explico.

Nosso veleiro está a cinco milhas do nosso destino, uma ilha a sotavento do mau tempo, onde há abrigo. Velejando a cinco nós chegaremos lá em uma hora. Nessa hipótese entendemos que mais razoável do que se expor ao risco de trocar uma vela de proa em condições não muito amistosas, é dar de fato algumas voltas no enrolador e seguir para o destino. O tempo gasto trocando a vela seria suficiente para percorrer uma boa parte do caminho.

Mas, depois que o tempo melhorou partimos para cruzar o Atlântico, nesse mesmo veleiro. No quinto dia de travessia encontramos as mesmas condições desconfortáveis: nesse caso a troca do pano se justificaria, pois o tempo a que a vela estará exposta aos esforços é infinitamente maior e o risco de ela vir a se rasgar é, sim, maior.

Não devemos ser puristas, mas sopesar o ganho com as possíveis perdas e optar pela situação que ofereça mais vanragens e menos riscos.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Rizo de vela mestra

Boas!

Rizar ou não rizar, eis a questão?

Não, não estou falando de dar risadas, mas de fazer aquela manobra que reduz a área vélica do veleiro, o rizo de vela mestra. Comecemos pelo começo. Qual é a hora certa de rizar a vela mestra?

Sempre saia com uma vela de proa adequada para a previsão de ventos do dia. Não adianta sair de gena 150 em um dia que estão previstos ventos de 20 nós.

Estudos científicos comprovam que a hora de rizar a vela mestra está entre os trinta e os vinte minutos antes de você ter pensado nisso. Brincadeiras a parte, a verdade é que se você pensou em rizar, é porque já deve ter passado da hora de fazer isso.

Se você já velejou umas três ou quatro vezes já deve ter percebido que o barco conversa com você. E quando o barco tem uma cana de leme, essa conversa às vezes é feita aos berros! Cada barulhinho quer dizer alguma coisa importante e devemos, sempre, prestar atenção a cada um deles.

Especificamente quanto a necessidade, ou não, de rizo, preste atenção nos seguintes sintomas:

1. Na orça, a cana de leme está colada na sua barriga, com bem mais de oito graus, ou a roda de leme está sendo bem solicitada (mais difícil de perceber);
2. Leme pesado - você faz muita força para manter o barco no rumo (na roda isso é imperceptível);
3. Barco com inclinação superior a 30º;
4. A esteira da mestra está bem caçada, assim como a adriça da mestra está bem tensionada, o cunnigham bem atuante e o burro está caçado o necessário para fechar a valuma (providências que deixam a mestra achatada o suficiente para enfrentar ventos mais frescos);
5. Ao folgar o traveller para sotavento, se você tiver um, a mestra estola (fica panejando) e é impossível mantê-la "com vento" sem que os sintomas dos itens 1, 2 e 3  apareçam e
6. Você já está velejando com pouco pano na frente (uma buja, de preferência)...

Se isso estiver acontecendo em sua velejada acredite, está na hora de rizar a vela mestra!

Ventos acima de quinze nós e o Malagô surfando a sete, sem sofrimento, com a mestra na primeira forra.

O Cainã leva o Malagô com o leme neutro, apesar do "ventão". 

Em mastros fracionados o rizo diminui o esforço no tope.
O rizo diminui a área vélica, equilibra o leme, diminui o adernamento excessivo, reduz a ardência (tendência exagerada à orça) e força menos o barco e a tripulação. Exisite o mito de que ele reduz a velocidade, mas ele não é verdadeiro. Feito nas condições que o exigem, o rizo da vela mestra não reduz a velocidade do barco. Pelo contrário, por trazer equilíbrio ao veleiro - que navega mais "em pé", ou dentro da faixa ideal de inclinação -, ele poderá até mesmo navegar mais rápido do que o barco em idênticas condições, mas sem o rizo e por isso navegando com o leme atuando como um freio e excessivamente inclinado.

Nosso curso básico de vela oceânica dá especial atenção ao rizo de vela mestra no básico 02. Gostamos quando essas aulas são feitas sob ventos acima de quinze nós, como no último sábado, pois podemos demonstrar na prática não apenas como rizar a vela mestra, mas também os efeitos disso no barco. 

Em nossa última aula em Guarujá navegamos no Malagô sob ventos de mais de quinze nós constantes - algumas rajadas passaram dos vinte - com uma genoa 110% e a mestra na primeira forra.  O barco esteve sempre "na mão", pouco adernado e o leme dentro da faixa de ângulo correta (a cana aberta até 8º para barlavento).

O rizo, porém, não precisa ser a primeira providência, em especial se você possuir um traveller. Quando aberto para sotavento o traveller diminui a quantidade de vento aparente despejado na vela mestra, o que equivale, em algum grau, a um rizo (o oposto, ou seja, o traveller a barlavento tem o efeito contrário, aumentando a quantidade de vento aparente). Algo que também retarda ou evita o rizo é colocar a tripulação toda a barlavento, com as "perninhas para fora". Em regata isso pode não ser tão difícil. Mas em cruzeiro, é algo que seria usado apenas por alguns breves momentos, em razão da fadiga que causa aos tripulantes.

Preste atenção, porém, na configuração da vela mestra e no estado dela. Velas novas tendem a "achatar melhor" pela atuação da esteira, do cunningham e da tensão na adriça (que deve ser de um bom cabo pré-estirado ou de spectra). Uma vela que achata bem retarda o rizo. 

Na dúvida, porém, não pense duas vezes: rize. É sempre mais fácil desfazer um rizo desnecessário do que fazer um quando o mar cresceu. Pela mesma razão, em travessias, adote a regra de um pouco antes do  pôr do sol rizar a vela mestra, memso que as condições estejam boas. Em minha última travessia "cortamos um dobrado" no través da Ponta do Boi, em Ilhabela, justamente por eu ter sido negligente quanto a isso.

E vamos no pano mesmo!