Boas!
Para navegarmos com segurança
é preciso dominar a previsão do tempo. Porém, isso vai muito além de
saber se vai chover ou não, se estará frio ou calor. Por essa razão sites como o climatempo e o canal do tempo,
não fornecem toda a informação que é necessária.
Nós já navegamos em dias de chuva em que o mar estava um
espelho, sem ondas nem vento; já navegamos em céu azul, de brigadeiro, em que o
mar estava um inferno.
A previsão que interessa ao velejador é a de ventos, com direção
e intensidade e a de ondas, com altura, direção e período.
Sobre os ventos de início é preciso saber que os ventos de tempo
bom sopram de Nordeste, Leste, Sudeste e Sul (na nossa costa do Sudeste). Os
ventos de Noroeste são a ponta de um ciclone e em poucas horas há a perigosa
rondada para Sudoeste – que nosso litoral é o pior vento, pois entra com muita
violência.
A velocidade do vento é medida em nós. Um nó equivale a 1.852
metro, por hora. Falar nó por hora para se referir a velocidade está incorreto,
pois o conceito de nó já é uma relação espaço/tempo. Nó por hora é uma expressão correta apenas para se referir a
aceleração.
A partir dos cinco nós de vento já é possível velejar (bem
devagar). Até os quinze nós se veleja com tranqüilidade. A partir daí começa a
ser necessário rizar velas. Esses valores, porém, são apenas referenciais. Tudo
depende do barco: de seu tamanho e de seu projeto.
As ondas, por sua vez, em geral seguem a mesma direção do vento
– mas do vento que as formou – oq eu pode ter acontecido longe do local onde
estamos! Além disso não é qualquer vento que cria grandes ondas. É preciso que
haja uma pista (área livre) grande e
que o vento sopre por mais de um dia, pelo menos.
As tempestades de verão produzem efeitos localizados no mar, que
cessam assim que a tormenta passa.
As ondas começam a ficar preocupantes a partir dos dois metros.
Com três metros a Marinha já emite aviso de mar grosso e desaconselha a
navegação. Além da altura é preciso atentar para o período, medido em
segundos., Quanto maior, mais energia tem a onda e maior ela pode ficar.
Em geral, quanto mais raso se está, maiores são as ondas e mais
difícil é o governo do barco.
O medo de quem navega é a terra. Quanto mais distante de terra,
mais seguros estamos – apesar de isso não ser intuitivo.
Para a consulta da
previsão do tempo utilizamos o serviço meteoromarinha,
prestado pela Marinha do Brasil no
site: http://www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/.
No começo o linguajar parece um tanto complicado, mas na verdade
a coisa é bem simples. No boletim, que tem duas rodadas diárias (00h00 e 12h00
UTC), são trazidos avisos de mau tempo, avisos de vento forte (força 7, entre 28 e 33 nós, para
mais) e de mar grosso (ondas a partir de três metro, por exemplo.
É feita, ainda, a análise do tempo, no geral e em específico
para cada região do litoral brasileiro, identificada por uma letra do alfabeto
fonético. A maior parte do litoral sudeste do Brasil fica na área Charlie, mas
esta área também sofre influência da área Bravo (atenção!). Por isso, quando a
coisa está complicada na área bravo, algum marulho deverá ser esperado por aqui. O marulho nada mais é senão a vaga formada por um fenômeno
distante, como um ciclone em alto mar. É o eco de um mau tempo. Já o mau tempo local não produz marulhos, mas
sim, vagas ou ondas.
Fazem parte do serviço as cartas sinóticas, representações
gráficas dos fenômenos atmosféricos em andamento, como esta e sobre as quais falaremos na segunda parte desse post:
No nosso próximo post abordaremos a interpretação das cartas sinóticas. |
O meteoromarinha, porém, peca por cobrir uma área muito extensa,
cheia de microclimas. Por isso uma consulta a um outro site, como o www.windguru.cz
, para obter previsões locais, é muito importante.
A climatempo – www.climatempo.com
– recentemente implantou um serviço de previsão de ventos, que tem se mostrado
muito preciso.
Lembre-se: não se fie apenas na análise da carta sinótica feita
por vc mesmo! Leia o boletim metoromarinha e consulte outros sites, como o windguru e o climatempo – previsão de
ventos!
Consulte sempre a previsão do
tempo antes de se fazer ao mar!
Cara, ótimo post!
ResponderEliminarMuito bom, Capitão. Dica: Para cartas sinoticas de qualquer alcançe eu uso o Ugrib (desktop) ou Pocketgrib (smartphones). A marinha BR forneçe medições proprias a cada 12 horas. O sistema grib usa a rede de satélites GFS (noaa) com 4 atualiações diarias.
ResponderEliminarUso sempre o Ugrib quando vou para uma travessia para poder acompanhar, com no minimo uma semana de antecedencia, as frentes.
Para o vento local o windguru (PRO) dá acesso a previsão dos satélites franceses WRF que estão em orbita mais baixa e com isso "enxergam" melhor os microclimas.
Abç Juca