sexta-feira, 29 de junho de 2012

Os novos barcos da próxima Volvo Ocean Race

Boas!

Esse será o novo jeitão dos barcos da próxima Volvo. Projeto do titio Farr (ponto para os barcos da MJ Yachts, rs) os barcos serão monotipos, um pouco mais curtos que os atuais - mas espera-se tão velozes quanto - e o custo de uma campanha caiu para míseros quinze milhões de euros ( quem quiser apenas o barco, precisa desembolsar apenas quatro milhões e meio de euros e o barquinho já vem com dois jogos de velas!). Aproveitando que o Euro está com pouco fôlego, eu já quebrei o cofrinho de sapinho da Brida e estou recrutando tripulantes!





Fonte: Blog do Murillo Novaes (29/06/2012)

segunda-feira, 25 de junho de 2012

domingo, 24 de junho de 2012

Motor de popa - traquitana

Boas!

Acabei tendo que fazer um suporte diferente para o mercuryzinho; A altura da rabeta ficou boa e ela mergulha bem no oceano azul. Mas dar a partida e acelerar ficou um pouquinho mais complicado.

Seguindo uma dica sensacional do amigo Airton Luciano Aragão, atual capitão do Chapinha, estou dando a partida assim ó:



Também seguindo a dica do Airton, estou adaptando um comando a distância, para controlar a aceleração sem ter que me deitar fora do barco.

E vamos que vamos!

Motor de popa para o Atoll 23

Boas!

O Cusco veio com um motor de popa mercury 8hp, rabeta longa (que só me deixou na mão uma vez, na travessia entre Paraty e Santos). Em Paraty (minha vaga era no píer) eu sempre sofri com o peso dele. Aqui em Guarujá esse problema seria triplicado. O motor é levado até o barco - que está em uma poita - pela chata de serviço da marina e é colocado no lugar enfrentando o balanço da chata, o balanço natural do veleiro e as marolas das embarcações que  cruzam o canal. Peso é um problema sério nessas circunstâncias. 

Vendido o motor veio a dúvida: qual motor comprar? O plano era ter uma parelha para duas situações diversas: travessias mais longas (e ai o escolhido é o Yamaha 8 hp, rabeta longa) e para uso no dia a dia. Nesse último caso, a indefição estava entre o mercury 3,3 hp ou o mercury 5 hp, rabeta longa.

Muitos me disseram que o 3,3 tocaria o barco. Outros tantos que de jeito nenhum. Já o 5 tocaria sem problemas, mas ele é bem mais pesado (13 kgs do 3,3hp x 20 do 5hp) e R$ 1.000,00 mais caro.

Meio na cara e na coragem, escolhi o mercury 3,3 hp.

Valeu à pena?

É o que estou avaliando, mas algumas impressões já tirei:

1. O motor toca o barco, sim. E sem que seja preciso usar a aceleração total (o que acaba com a vida útil do coitadinho).

2. O motor é sensível à correnteza forte. No meu caso, ai, tem um complicador. A correnteza no canal é muito, muito, mas muito forte: 

a. Em situações de vento nulo e com a maré no estofo, ele toca o barco a 4 nós com 80% da aceleração.

b. Em situações de vento nulo e maré a favor,  ou de vento a favor e maré a favor, ele faz bonito: 4 nós com 50% da aceleração e 5 nós com 80% - minha zona ideal.

c. Com vento contra e a corrente favor, ele faz 4 nós com 80% da aceleração.

d. Com vento a favor e corrente contra, ele faz 4 nós com 80% da aceleração..

e. Com vento e maré contra, ele vai a míseros 1,5, nós com 80% da aceleração - "The worst case cenario".

3. Quando a situação permite tenho utilizado vela e motor, em conjunto, e dai ele fica em 30% de aceleração, quando muito e o 1,4 litro de capacidade do tanque interno dura "uma vida".

4. Tenho planejado todas as minhas saídas de acordo com a maré. A intenção é sair para o mar com ela a favor e voltar com ela também favorável.

5. O ruído é aceitável.

6. O consumo é ridiculamente baixo, mas o reabastecimento não é lá muito simples (mas já estou trabalhando nisso, rs).

7. O fato de ser rabeta curta não influenciou muito, pois no canal não há ondulações (a não ser a das lanchas que passam, mas ai até o rabeta curta encontra problemas). Mas tive que fazer alterações no suporte, para ele descer um pouco mais do que descia antes.

8. Algo que me deixou muito feliz é que tenho velejado muito mais. Antes, qualquer merreca me fazia ligar o motor. Agora resolvo as coisas muito mais na vela, usando o motor apenas para anular o efeito da corrente, e quando esta é contrária.

9. Ainda não testei no mar, mas apenas para ir até o mar e lá seguir apenas no vento. É o próximo teste. Mas já sei que não o usaria como motor principal em uma travessia mais loga, mas o usaria como motor reserva sem problemas (para entrar no porto).

E vamos que vamos!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Nova propulsão

Boas!


Esse mês o Cusco Baldoso inaugurou novos meios de propulsão: uma genoa 135 e um novo motor de popa, um mercury 3,3 hp.

O motor está em testes e eu farei um posto específico sobre. Já a vela, feita pelo Arnaldo da Cognac, ficou um espetáculo! O barco está orçando muito melhor e andando bem também. Antes dela eu só tinha a opção de uma buja (que para ventos fracos era um suplício) ou de uma genoa 150%, muito grande para velejada em solitário. A genoa 135% me atende em 95% das situações e dá potência sem virar um tormento.

A nova vela mestra está a caminho. Será full-batten e a retranca ficará mais alta que a atual.

Para ventos fracos/médios o arsenal do Cusco está completo - inclusive o assimétrico tem sido usado. Ontem,  em uma aula de vela bem bacana usei com um aluno e foi uma senhora velejada! Agora é hora de pensar no arranjo para ventos mais fortes. O plano é instalar um estai largável: na hora o aperto, enrolo a genoa e subo a buja de trabalho (acho que uma 90%).

A nova genoa.


Os novos organizadores de cabos.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O que é preciso para ter um barco?

Boas...

Há uns dois ou três anos um amigo me perguntou: "- O que é preciso para eu ter um barco". Respondi de bate e pronto: "-Dinheiro". Minha resposta foi tão grosseira quanto equivocada. A grosseria ele nem percebeu, pois já estava muito embriagado (talvez esta tenha sido a razão da minha má criação, pois para quem não bebe aturar bêbado não é fácil!). Mas o equívoco ficou, pois ele não comprou um barco.

Na verdade, a parte do dinheiro para comprar é a mais fácil de todas. A dificuldade está em manter. O maior entrave na disseminação de barcos não está na falta de cultura náutica do brasileiro, povo que não raramente se diz estar de costas para o mar. Não é isso o que eu percebo aqui no blog. Tem muita gente olhando para o mar, sim; muitos têm o desejo de descobrir o que é ter uma lancha, um veleiro, ou até mesmo uma canoazinha alada. 

Onde está o maior problema, então?

Na minha opinião está na guardaria. Depois de comprar, onde guardar? Marinas, com "m" maiúsculo, onde se possa guardar o barco, subi-lo uma vez por ano, fazer uma refeição decente com sua família e abastecer com combustível não adulterado e não ser assediado por marinheiros oportunistas (só para citar o básico) o Brasil tem uma meia dúzia. Acessíveis a qualquer pessoa da média classe, duvido que mais do que uma (que eu nem sei qual é...).

Em Santos nos últimos dez anos ocorreu um fenômeno interessante. Estando por aqui em um dia de sol, vá até a mureta da Ponta da Praia. Duvido que em uma hora você conte menos do que vinte canoas e caiaques, indo para lá e para cá. Sempre foi assim? Não. 

Quando eu e o Chico remávamos de madrugada éramos apenas nós e os pescadores. Um ou outro remador também passava de tempos em tempos (competidores, na essência) e alunos de projetos sociais que pecavam pela descontinuidade.

Foi então que um fabricante montou uma guardaria decente, com fácil acesso ao mar e a um preço razoável.  Tempos depois a Prefeitura investiu na rampa: instalou um chuveirinho com água doce e a mantém limpa e conservada (ou seja, nada de mais). Pronto. Novos fabricantes de caiaques e canoas surgiram. Novas guardarias  também. E é difícil um dia da semana - mesmo no inverno -  em que não haja alguém dando uma simples remadinha. Gente de todas as idades. Todos potenciais proprietários de barcos maiores, todos consumidores de produtos e serviços náuticos.

Se animou? Então tente montar uma marina ou uma garagem náutica que seja... Duvido que consiga. São tantas autorizações, papéis, laudos, e tudo de novo e de novo que é simplesmente inviável. Ser um país desenvolvido envolve muito mais coisas do que emprestar dinheiro ao FMI, ter comida na mesa quatro vezes ao dia e uma TV LCD 42 polegadas na sala. É preciso que toda uma cultura de "não poder", de criar a dificuldade para depois vender a facilidade seja extirpada da sociedade. 

No caso das marinas, em específico,  isso talvez mude quando alguém perceber que o meio ambiente preservado pode ser um bem de consumo e que conservar não significa pura e simplesmente não tocar, não estar lá, não ver...

E vamos que vamos!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O casaco vermelho...

Boas!

A Alice está na fase hiper mega power blaster bagunceira. Mexe em tudo, tira tudo do lugar, escala as cadeias de montanhas do safá e das mesas da casa.  A Priscila vai para a faculdade à noite (esse ano acaba!) e eu fico com as meninas. Dá um trabalhão (às vezes bem "ão" mesmo!), mas é o ponto alto do meu dia. Sou feliz de ter uma profissão que me permite ver as meninas crescerem, estar em casa todos os dias no almoço e no jantar, levá-las ao colégio e ir buscar. 

Numa dessas noites a Alice decidiu por a baixo todos os meus livros - e casa de advogado, via de regra, tem livro que não caba mais. Na hora da (re)arrumação, encontrei "Cem dias entre céu e mar", do Amyr Khan Klink. Havia uma fina camada de poeira na capa. As páginas da 32ª impressão da Companhia das Letras já estavam amareladas. Meus olhos se perderam no vazio por alguns instantes...

Sem querer a minha baixinha tão amada me levou para longe, muito longe. Em segundos eu estava novamente na manhã do dia 11 de dezembro de 1999, em uma livraria do aeroporto do Congonhas, em São Paulo, escolhendo um livro para ler durante o voo até Cuiabá. Depois de oito anos do mais absoluto silêncio, da mais completa ausência, estava indo reencontrar meu pai, aquela altura já carcomido pelo câncer. 

Eu já estava no mar, mas ainda não velejava.Tinha um caiaque mistral, modelo surfinho e a travessia a remo do Atlântico me soou um feito assombroso.  Devorei boa parte do livro no turbulento voo da VASP. Sai de São Paulo e também de Lüderitz; cheguei a Cuaibá e também à Praia da Espera.

Fiquei "amigo" do Klink.  Entre um cochilo e outro de meu pai, eu lia o livro na cabeceira da cama. Li para ele alguns trechos, mas tenho dúvidas se ele ouviu alguma coisa. De repente eu precisava absurdamente de um casaco vermelho. Um navegador de verdade tinha que ter um casaco vermelho e era isso o que eu queria ser. Fiquei com essa ideia em minha mente por muito, muito tempo.

Voltei para São Paulo no dia 15 de dezembro, às vésperas do ano 2000 - e aqui cabe um parenteses: para nós, viajantes do século passado, o ano 2000 era uma coisa absolutamente mágica. Se o mundo não acabasse no Armagedom nuclear, todos nós teríamos carros voadores, amigos vindos do futuro, robôs empregadas domésticas e telefones celulares! 

Em janeiro do novo milênio comprei um caiaque maior.  Ia começar a navegar para outras águas. Ir mais longe. Sempre mais longe. Remava todos os dias de manhã, sem trégua, sem descanso, cruzando meu próprio oceano (que já era "só até ali!"). Em um desses dias, encontrei uma nave vermelha atracada no Pier 26. 

Surtei!

No dia seguinte voltei com uma máquina fotográfica (de filme!) e bati trinta e seis fotos. Revelei no mesmo dia. Eram tantas fotos que se não estivéssemos na época do Windows 95 e do Netscape 2.1 dava para reconstruir o barco em 3D. Guardei uma dessas fotografias como marcador de livro - que nessas alturas já era outro, Mar Sem Fim, recém lançado.

Em agosto de 2000 "meu amigo" veio a Santos. Tarde de autógrafos na livraria Martins Fontes, na Avenida Ana Costa. Eu fui o segundo da fila. Ao abrir o livro, meu "amigãozão" viu a foto e a tomou em seus dedos: "- Já está com o mastro novo", disse com o ar meio tímido, meio blasé que lhe é característico. "-Mande um e-mail para o escritório e vá lá tirar fotos dentro do barco".

Caramba! Eu tinha vinte anos, um fiat uno preto ano 1997 e acabava de conhecer meu maior ídolo! E ele me "convidou" para ir na "casa" dele! Putz, se eu fosse mulher, eu ficava comigo!

Que fiz eu? Mandei o tal e-mail.

E outro.

E outro.

E depois outro...

Um dia veio a resposta: o barco estava docado, para reforma, e não poderia ser visitado. Achei estranho, pois eu o via na água, todos esses dias. E no dia seguinte, e no seguinte. Mandei outro e-mail.

Silêncio.

Anos depois eu estive muitas vezes no Pier 26. Tive a chance de entrar no barco vermelho, no barco novo e até naquela lanchinha horrorosa. Não quis.

Meu pai foi meu primeiro herói. Ele morreu no dia 17 de dezembro de 1999; Klink foi o meu último herói. Ainda sem saber, minha idolatria por ele, e por qualquer outra pessoa, morreu em 17 de agosto de 2000. 

Em 2012 tenho alguns casacos, de várias cores (inclusive vermelho) e começo a escrever minhas próprias histórias.



E vamos no pano mesmo!