quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Velejando no Nordeste...

Boas!

Por conta do lançamento do livro A Travessia Azul, fiz palestras em algumas cidades para contar para as pessoas mais sobre o que vivemos ao longo dos trinta e oito dias de travessia do atlântico sul, de Ubatuba até Cape Town. A primeira dessas palestras foi em Sorocaba, ainda em março. Depois veio Santos, Paraty, Ribeirão Pires, Ilhabela (como programa oficial da Semana de Vela), Joinville, Rio de Janeiro e Angra dos Reis. Em algumas o Alan esteve comigo, mas por questão de budget isso não foi possível em todas. Uma pena, pois cantar "Quanto rizo, óh/Quanta goteira, óh/Santos  a Cape Town não é brincadeira/Você orça, orça, orça/E vai caçando a vela à unha/E nem vê Tristão da Cunha!" com ele é sempre muito mais legal.

Palestra no Rio de Janeiro - Clube de Regatas Guanabara - 22/08/2018
Graças ao Hans e ao pessoal do grupo Velejar, capitaneado pelo Sergio Chagas, eu iria fazer uma apresentação na Refeno, dia 28/09/2018, em Recife e durante o almoço de confraternização do grupo. O modelo do encontro, porém, não favorecia e eu não podia ir antes. Por essa razão, acabou não acontecendo. De toda forma, eu e a Vivian já tínhamos passagens compradas para Recife para o dia 28/09. Então, aproveitamos e fizemos um tour pelo nordeste, indo (por terra) de Recife até a Praia do Gunga, já no estado de Alagoas.

Nossa travessia começou por Olinda (que há quatro anos eu tento ir e não consigo, mesmo estando no Recife em 2014 e 2016).

A última vez que estive em Olinda foi em 1984, com cinco anos de idade.
Em 2016, a bordo do veleiro Fratelli, naveguei por essa costa (travessia Salvador / Recife). Uma das coisas que disse durante aquela velejada foi que "No fim das contas, velejar pela costa do Brasil tem sempre a mesma paisagem: água". Esse "quase lamento" se justificava porque estávamos afastados mais de trinta milhas do litoral e, a essa distância, só se vê água mesmo. Outros velejadores já me disseram que fazem esse trecho mais próximos de terra, mesmo na ida até Recife e que a visão é espetacular (embora outros tantos digam que se colar em terra com vento nordeste soprando, a viagem vira um martírio). Eu acredito que mesmo havendo barcos de pesca no caminho, fazer essa rota vendo o litoral deve ser mesmo mais bonito (até porque a trinta quarenta milhas, não há barcos de pesca, mas há navios). Da próxima vez que fizer essa rota pretendo fazer justamente isso.

Em nossa travessia por terra pudemos conhecer, mais de perto, o litoral que navegamos. E como ele é lindo! De tudo o que vimos destaco, primeiro, a velejada que fizemos na praia de Serrambim (Ipojuca/PE). Alugamos um Dingue com o Leo, no Resort homônimo à praia (R$ 180,00 a hora... doeu!). De Dingue eu e a Vivian fomos até as cercanias da Ilha de Santo Aleixo. A Vivian (que veleja desde os cinco anos de idade) ficou no leme, mas sofreu de amnésia temporária ("- Bordo é para cá ou para lá?"). Foi hilário e eu, claro, não perdoei essa mancada a viagem inteira.

Ipojuca/PE
 Na praia dos Carneiros andamos de lancha... pois é. Minhas hemorroidas doem até agora. Mas a beleza do lugar, com seu jacaré gigante e a pequena igrejinha na beira do rio compensam esse pecado.

Praia dos Carneiros/PE e sua Igrejinha.

Praia dos Carneiros/PE
Outro ponto que merece registro é o prédio de apartamentos que fica na cidade de São José da Coroa Grande, divisa entre PE e AL. Ele é o único edifício da região e na aterragem para Recife, vindo de Salvador, ele pode ser visto muito facilmente do mar, servindo como uma espécie de farol ou balizamento: passou o prédio, já se está em PE. Foi legal estar em sua portaria, pois eu me lembro de tê-lo visto no mar em 2016.

O edifício "farol" em São José da Coroa Grande - PE.

O azul (cor da moda esse ano) da praia da Barra Grande de Maragogi é escandaloso.

O Caribe é aqui também.


Barra Grande de Maragogi/AL


Na praia do Patacho (Porto de Pedras/AL) há um belo farol. Esse, porém, eu nunca vi do mar. Ficamos um dia ali e esse foi o único dia em que choveu. Aproveitei para andar a cavalo na praia e provocar a Alice em tempo real.

Eu e o Asa Branca.

Na praia do Gunga andamos de quadriciclo. Eu piloto moto, então seria fácil. Mas a cada guinada com o corpo o "trem" não fazia curva alguma e por conta disso demos de cara nos coqueiros algumas vezes. Foi o payback do Dingue para a Vivi. Fica a dica: em quadriciclos o movimento do corpo não altera a direção. Use apenas o guidão!

Pajuçara - Maceió - AL
Na praia do Francês fomos à forra. Havia quatro Hobie Cats 16 e um Hobie Cat 14 para alugar. Apenas R$ 100,00 a hora. Mas com um detalhe... se ao invés da locação o dono fosse junto, o valor caia para maravilhosos R$ 10,00 por pessoa, em um passeio de meia hora (duas pessoas saia por R$ 40,00 a hora)! Como essa matemática, velejamos duas manhãs inteiras entre a praia e a barreira de recifes, ouvindo as histórias do Sr. João, pescador que veleja sabe-se lá como, e do Bernard, esse velejador experiente. Para mim, que comecei no Hobie Cat 14 e não velejava há muitos anos nesses barcos, foi legal não errar nenhum bordo! Quem veleja de Hobie sabe que dar bordo nesses barquinhos é uma arte. Interessante foi notar a quantidade de "recursos técnicos" utilizados para manter o barco em pé e funcionando. Se por aqui lojas náuticas são uma raridade, imagine-se por aquelas bandas... então via-se desde estaiamento de cabo sintético comum (ao invés de aço ou spectra) até ajustes  ainda menos ortodoxos. Foi muito, muito legal!

Velejando entre a praia e a barreira de recifes.

HC 16 com Juca no leme. Detalhe do estaiamento de cabo sintético.

Perna Longa, um Cusco Baldoso Velejador.

Praia do Francês - Marechal Deodoro - AL
Na programação da Cusco Baldoso está nossa participação na Adventure Sports Fair, nos próximos dias 19, 20 e 21/10/2018 no São Paulo Expo (Rodovias dos Imigrantes) e mais uma edição - a terceira, na verdade - do Match Race Cusco Baldoso Fast 230 no dia 27/10/2018. Falarei mais sobre isso semana que vem.

É bom estar de volta.

E vamos no pano mesmo!




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