quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Os quatro jumentos a bordo...

Boas!


Cerca de duas horas depois de termos deixado o porto de Salvador, no través da Ponta de Itapõa, havia um Navio Patrulha da Marinha do Brasil. Por conta das Olimpíadas a fiscalização estava mais rigorosa. Pelo menos foi isso o que o operador do rádio explicou, em bom inglês, para o capitão do veleiro Bank von Bremen (de cinquenta pés e com dez pessoas a bordo, sendo duas mulheres e oito homens). O capitão alemão, cujo inglês não era tão bom quanto o do operador de rádio, sofreu para responder as quinhentas perguntas que lhe foram feitas. E feitas novamente. E mais uma vez.

Passamos bem perto desse navio e houve dúvida quanto a manobra. Ficamos com a impressão de que ele estava vindo para cima do Fratelli. Então colocamos o rumo para a popa do navio e o Marcelo o chamou no rádio:



- Navio Patrulha, copia Fratelli?
- Positivo! Prossiga Fratelli!
- Canal uno sétimo.
- Uno sétimo.

Lá no 17:

- Navio Patrulha, nós manobramos para passar pela sua popa, positivo?
- Positivo. 

Foi ai que, então, caímos no mesmo buraco negro do capitão Alemão:

- Fratelli, armas a bordo?
- Negativo.
- Plantas?
- Negativo.

Nosso Capitão, já sabendo das perguntas, resolveu atalhar e saiu falando tudo de uma vez:

- Estamos indo para Recife, saindo de Salvador. Não temos armas, nem drogas, nem plantas,  nem inseticidas, nem pesticidas, não temos agrotóxicos, facas com lâminas maiores do que vinte centímetros, nem intenções hostis, nem pessoas doentes, nem pessoas enjoadas, vamos ancorar no Cabanga, a posição do ponto de fundeio é... e blá, blá, blá.

Mas... ele esqueceu de responder uma pergunta crucial.

- Fratelli, animais a bordo?

Era um rol de perguntas de fato interminável... Foi ai que veio a resposta engraçadinha:

- Tirando os quatro jumentos a bordo aqui comigo, nenhum.

O operador que de bobo não tinha nada, entendeu a gracinha. Esperamos, então, a bronca ou os tiros de metralhadora em razão do "ato de guerra".  Após uma breve pausa veio a resposta pelo rádio:

-  Fratelli... Hahahahahahahahahaha. Fratelli... hahahahaha

O operador do navio tentava se conter a todo custo, mas acabou sendo vítima de um ataque de riso. E quanto mais ele lutava para manter a sobriedade da conversa, mais ria. Isso era inusitado e também contagioso, pois a resposta do nosso Capitão veio entrecortada por risos também: 

- Descul... hahahaha.... pe... hahahaha

E o operador:

- Está...  hahahahaha descul.... hahaha... pado hahahaha! 

Havia ainda um outro tanto de perguntas. Remédios, vistos, o que faríamos depois de Recife, etc, etc, etc. Mas depois dos jumentos, não havia mais clima e cada um achou melhor seguir seu rumo.

E vamos no pano mesmo!!!

1 comentário: