quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Meteorologia para navegantes - parte três.

Continuando nosso assunto, vejamos a carta sinótica de 11/02/2015:



Da análise da imagem (clique para ampliar) podemos tirar algumas lições.

Na área Charlie (que vai de Santa Catarina até o final do Rio de Janeiro) a pressão está na casa dos 1016 e está assim ao longo de uma grande área. Sabemos disso pois não há isóbaras por perto, o que demonstra que a pressão sob a área está uniforme. 

Imagine um embolo de seringa. Tampe com o dedo a entrada e puxe o embolo.Você sentirá o vácuo sendo criado e sugando a carne de seu dedo. Ao soltar, porém, o ar em volta - pressão mais alta - imediatamente preenche esse vácuo. Com a atmosfera é a mesma coisa: zonas de baixa pressão tendem a serem preenchidas pelo ar que está nas zonas de alta pressão. Haverá vento sempre em que houver diferença de pressão entre uma área e outra. .

O que irá determinar o quão suave ou violenta será essa transição é a diferença de pressão entre as camadas da atmosfera e sua proximidade. Hoje, pela carta, vemos que na área Charlie não há baixa pressão por perto capaz de gerar perturbações de relevo. Ir de Ubatuba para o Guarujá, por exemplo, é uma travessia que tem condições favoráveis.

Mas a coisa lá para o sul dá a dica de que algo está para mudar: na área Alfa vemos um cavado (instabilidade) em terra e uma frente fria no mar. Notem que a frente fria está associada a uma frente quente (sim, isso existe) representada em vermelho. Percebam que os ventos de uma tendem a ir para o sul e o de outra, para o norte.  Esse movimento pode dar origem a ventos ciclônicos. Ou seja, hoje, 12/02/2015, está tudo bem na área charlie. Mas se eu quiser fazer uma travessia no dia 15/02/2015, é melhor verificar como esse sistema que hoje está na área Alfa se desenvolveu. Ele pode ter se desfeito, ou ido para o oceano. Mas pode também vir para cá com vontade!

Indo mais para o sul, vemos a oeste da península Antártica uma grande depressão atmosférica, com centro na casa dos 956 Hpa. Notem que a medida que se afasta do centro a pressão aumenta gradativamente e que as isóbaras estão bastante perto umas das outras. Sem margem para erro sabemos que por ali a coisa está complicada. 

Temos uma grande depressão que está sendo rapidamente preenchida pelo ar das regiões de alta pressão, como o embolo da seringa. Além disso, vendo essa imagem - que acontece bem em cima de nossas cabeças vez ou outra - percebemos que na costa do Chile as isóbras estão próximas umas as outras ao longo de uma grande porção de água. Isso também nos dá conta de que a força dos ventos ali está grande, pois além de tudo o que já falamos há um componente a mais: uma pista longa e livre de obstáculos.

E vamos no pano mesmo!

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http://veleirobaldoso.blogspot.com.br/2015/01/meteorologia-para-navegantes-primeira.html

9 comentários:

  1. A baixa pressão cria um vácuo que é preenchido pelo restante da atmosfera. O ar tende a circular da alta pressão para a baixa pressão.

    Desculpe mas a baixa pressão atmosférica não nada a haver com Vácuo. O Vácuo é a falta de particulas e a baixa pressão atmosférica é devido a ascenção do ar devido ao aquecimento.

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  2. "A pista nada mais é do que uma zona, no mar, onde o vento pode correr sem obstáculos e, com isso, não perder energia. "

    De onde voce tirou essa bobagem, por favor não se meta em querer ensinar meteorologia.Estude mais que ai voce não vai chutar mais

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  3. Caro Professor Fabio Reis,

    Por partes.

    Em primeiro agradeço sua valoroza contribuição. De fato nessa questão do "vácuo" eu fui impreciso e bastante infeliz. Irei corrigir o texto, com toda a humildade. A ideia foi permitir uma fácil visualização, aproveitando o exemplo da seringa (ali é mesmo vácuo!), mas esse caminho pecou pela imprecisão terminológica e conceitual. O senhor tem toda razão.

    Já o conceito de 'pista' está entre outros na obra de Altineu Pires Miguens, que tenho certeza lhe é conhecida (aquela, excelente, que para desespero de alguns autores é baixada livremente, enquanto outros autores de livros náuticos copiam descaradamente e sem atribuir o crédito).

    Quanto ao seu tom não se preocupe, por agora irei relevar. Entendo que na sua idade os freios sociais já não estão presentes quanto em outros tempos. Tato, polidez e respeito costumam ser desprezados por aqueles que têm menos futuro do que passado - bem, pelo menos por alguns.

    Mas devo dizer que não deixo de lhe compreender, em parte. De fato para quem é técnico é mesmo difícil ler certas coisas sem sentir calafrios. Em seu material, por exemplo, eu - que uso a língua portuguesa como ferramenta base de trabalho - tenho esses mesmos calafrios, já que há erros crassos de concordância e ortografia (além de às vezes a linguagem pecar pela perda dos freios sociais já mencionados).

    Espero que continue a colocaborar com suas opiniões de relevo. Observo, apenas, que o limite que separa a opinião da injúria e da difamação é tênue e que se for ultrapassado, será alvo das devidas providências. E no mesmo dia, se for dia útil, pois com o processo eletrônico eu nem preciso ir mais até Campinas para distribuir a ação.

    Bons ventos!

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  4. Comprei o livro Código da Vela em nov\2008. Esperava mais.... Sem contar os erros gramaticais encontrados 'aos cântaros'.
    Já, as postagens do Juca no Blog, são bem escritas, de fácil entendimento. Escopo atingido.

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    1. Pois é, Ricardo, minha impressão foi a mesma. De toda sorte não sou o dno do mar e da terra e fiquei feliz, pois a irascibilidade do "comentarista" é famosa e ele atacou apenas o que, em parte, tinha razão como técnico. Bons ventos!!!

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  5. Excelente Juca!!! Estou aqui lendo e relendo os três posts, está sendo muito útil para mim! Abraço!!!

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  6. Juca.

    Muito bom mesmo os 3 textos!
    Esta sendo de grande valia!
    Seria legal se fizesse algo parecido com carta nautica.

    Abs

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