segunda-feira, 28 de julho de 2014

Adeus roda de leme!

Boas!

Semana passada, seguindo o cronograma interminável de reformas e manutenções do Malagô, fomos para Ubatuba trabalhar. Para isso tirei uma semana de férias, o que é algo meio contraditório, pois férias são por definição um período para não se trabalhar... Originalmente, confesso, essas férias tinham outro propósito: fui convidado pelo Alexandre Dangas, do Superbakanna, para participar da 41ª Semana de Vela de Ilhabela (um antigo sonho). Porém, contudo, todavia e entretanto a logística para deixar as meninas sem mim durante todo esse tempo sacrificaria demais a Priscila e todo homem do mar sabe que a vida em terra fica muito mais difícil se a Almiranta está descontente. Como meu potinho de sonhos anda cheio esse ano (travessia Rio - Angra vindo ai, conhecer o Museu Nacional do Mar ontem e a Refeno em setembro, isso sem falar do que faremos em janeiro) abaixei a bola e escolhi ficar com as mocinhas, sem arrependimentos a não ser o de ter sido indelicado com o Alexandre. Mas ele é marido também e sabe como são essas coisas.

Nisso, depois do aniversário da sobrinha Maria Eduarda no sábado, 19, tocamos para a Ribeira e iniciamos os trabalhos. Três eram as missões: iniciar a substituição do estaiamento; trocar os cabos do comando de engate e aceleração do motor e substituir a roda de leme por uma cana.

Adeus roda de leme. Como a Itapira do poeta Andrade (o outro), ela virou apenas uma lembrança na parede de minha sala.
Muitas pessoas acharam que eu surtei, afinal, uma roda de leme é muito melhor do que uma cana. Será?

A questão é um pouco complexa e vai além do gosto pessoal. Para ser breve, devo dizer que veleiros com roda de leme apenas valem a pena quando são projetados para receber uma roda, não apenas no que diz respeito ao sistema, mas principalmente pela ergonomia do cockpit. Se em abril, quando eu fracassei na tentativa de levar o Malagô de Ilhabela para Ubatuba, eu tivesse uma cana, teria se não atingido o objetivo, pelo menos me exposto menos ao risco de uma queda no mar - pois a saída do posto de pilotagem era complicada e me fazia ficar em pé sobre o banco. E essa segunda parte para mim era muito mais importante.

O Malagô foi projetado para ser timoneado através de uma cana. Sim, ela é pesada e faz a gente cansar mais. Mas em compensação permite que a gente SINTA o barco de uma forma que a roda nem em sonho permite. A ponta dos dedos se torna um INSTRUMENTO de navegação e você, quase como que sendo uma extensão natural do barco, sabendo instantaneamente se as velas estão bem trimadas (preservando a integridade do leme) e a velocidade do barco. Claro que  isso demanda um pouco de prática, mas nada que VELEJAR não resolva. Quem já foi meu aluno sabe que eu gosto de ensianr a ler os elementos e saber o que está acontecendo, sem depender de nada movido a 12 volts. Quanto ao esforço físico, existe NESCAU. 

Outra coisa que me motivou a fazer essa mudança era o constante desgate do sistema, em especial dos cabos que faziam a tranferência do movimento da roda para o quadrante da cabeça do leme. Parte dele eu troquei por spectra e nunca mais me incomodei. Porém, quando desmontei o pedestal vi que os demais cabos de aço já estavam por se partir. O que não se tem, não se quebra. Essa é outra lição que o mar nos dá.

A cana de leme "gigante".

O Miguel, marceneiro naval lá da Ribeira, fez a nova cana em cedro e freijó (laminados com epoxy) e manteve o encaixe da cana original, em bronze.
 A faina levou um dia inteiro, mas ao final eu ganhei não apenas um cana como eu queria (com 1,71m - ou seja, maior do que eu!), como também um convès à popa muito mais livre. Ganhei uns 4 pés de barco, antes estorvados. Gostei!


A Helmann´s Light ganhou na cana um novo suporte. Esse dispositivo supermoderno nada mais é do que um LED dentro de um vidro de maionese que usamos para iluminar o ambiente externo à noite. É bem simples de fazer (já veio com o Malagô) e não gasta praticamente nada de bateria.


No dia seguinte, para não cansar as meninas fomos tomar sorvete em Paraty e, ao final da tarde, fomos até a casa do Ricardo Stark tomar café da tarde e tentar botar o papo em dia. Como sempre, foi muito legal.

De um jeito ou de outro...

... a gente sempre acaba...

... onde para a gente, nossa família começou: Paraty!

Na quarta troquei os cabos do comando e achei melhor trocar a manete também (estou esperando chegar). Contratei um marinheiro para subir no mastro e baixei o estai de popa, o primeiro que será substituído. Infelizmente esticadores de bronze não se fazem mais. Os meus virarão presentes e enfeites para mim e para amigos queridos, conforme forem sendo substituídos e o Malagô vai, aos poucos, conhecendo o aço inox... faz parte.

Apesar do trabalho os dias e as noites foram bem agradaveis. Mas na quibta já era hora de ir. Então começou uma nova etapa nessas férias de inverno: colocamos a proa para a baia da Babitonga, mas essa é outra conversa.

E vamos de touca e cachecol mesmo! 

4 comentários:

  1. Ae, tô com pena de vc 24 horas no leme com mar alto e vento forte, rsrsrsrsr BV

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  2. Juca 1,70m de cana é maior que a do Tiki, Vc devia pensar numa menor e usar uma extensão. Tambem prefiro cana de leme, mais barato, menos peças para se desgastar, facil de substituir e maior sensibilidade ao leme. E o piloto automatico é mais barato tmb.

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    1. Valeu pelo toque, Roger! Ainda vou fazer o teste de mar! Bv

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