segunda-feira, 26 de maio de 2014

Papo de popa...

Boas!

Papo de Popa é o nome de um Ranger 22 que mora no Saco da Ribeira. Mas é, também, o que há de mais importante nisso que nós fazemos e que chamamos de velejar. Estive em Ubatuba entre sexta e saábado da semana passada e percebi bem isso. Dei uma conferida no Velho Mala e estava tudo em ordem. Passei o dia, então, encontrando pessoas. As atividades começaram com o César Pastor, Malui, e com o Ricardo Stark, Gaipava, que me ajudaram a traçar uma mega porção de tempurá no boteco do Shiva. Eu estava com saudades do meu amigo grandão. Depois, quando a chuva e o frio entraram, encontrei o Thiago, do Obstinado (ou, como nós o chamamos, o Thiago com "h"). No meio da tarde de sábado encontrei o Cassio e a Christiane, nossos alunos que acabaram amigos (um caminho geralmente percorrido) e com eles fui até Paraty, onde encontrei o Carlos Cravo, dono do Ausgang, no cais da Pier 46 - local que me traz muitas lembranças. Comprei o Malagô e o Cusco Baldoso ali, naquela marina e passei muitos momentos legais por lá, com minhas três meninas. O Cassio e a Chris compraram o Serelepe, um Fast 345 e eu os ajudarei a trazer o barco para Santos. O problema tem sido apenas a agenda deles, que teima em coincidir com frentes frias. Veleiros e agendas... 
Algo que tem me incomodado na Ribeira é não ver o Walnei. O Vivre está por lá, sozinho e pedindo para velejar, e me dá a impressão de que o mineiro de Caçapava anda meio de saco cheio desse negócio. Nem venha com essa, Walnei, pois ainda temos um esquema elétrico a redesenhar. Enquanto isso, na Babitonga, novos planos se desenrolam. É a vida que segue seu rumo. E vamos nós com ela, no pano mesmo!


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Onde guardar um veleiro.

Boas!

Comprar um barco pode ser considerado difícil. Mas guardá-lo, pode ser mais.

Aqui no litoral de São Paulo a coisa varia muito. Em linhas gerais é possível guardar um veleiro, a partir de 23 pés, com quilha fixa e mastro na casa dos sete metros (o padrão dos oceânicos de entrada) apenas em Guarujá (na região do CING ou na do Canal de Bertioga), Ilhabela e Ubatuba. Não que não haja marinas em outros lugares, como Barra do Una ou Caraguatatuba. Mas é que nessa configuração canais assoreados e pontes no meio do caminho são entraves que impedem que se dê um uso à embarcação, o que pode ser frustrante.

A baía de Santos (Guarujá, pois em Santos não existe uma única marina) é que tem melhor estrutura de serviços, seja para quem é adepto do faça você mesmo, seja para quem gosta de mandar fazer. Há, porém, dois detalhes: o custo e a falta de locais para passeios. Não existe, por exemplo, uma praia abrigada de SW para uma ancoragem livre de preocupações. Não existe dormir fora com tranquilidade. Em geral por aqui o que se faz é apenas velejar, de lá para cá. Por isso as regatas têm força, já que praticamente todo dia venta. Mas as mulheres e crianças podem não gostar muito. As marinas do CING cobram em média R$ 50,00 por pé/mês, apenas para guardaria e não é todo barco que elas aceitam. A predileção pelos grandões fica evidente. A Boreal, no CING, foi a melhor marina que eu já fiquei na vida.

No canal de bertioga, ainda em Guarujá, os preços podem ser melhores do que em Santos. Há opções econômicas,  como o Chinen, passando pelas médias como a Tropical, Tchabum e Porto do Sol, indo até as de primeira linha, como as Marinas Nacionais. Os serviços ainda não são tão ruins pois se está perto de Santos. Já a navegação é feita em condições mais especiais. Em geral é o canal ou o mar aberto. Não há meio termo e usa-se muito o motor (para mim isso é um defeito). O aluguel de uma poita no Chinen, para um 23, está na casa dos R$ 600,00 por mês.

Em Ilhabela a coisa deve ser boa apenas para quem é sócio do Pindá ou do Iate Clube. Minha experiência com poitas e seus gestores não é das melhores. Em compensação venta bastante. Aluga-se uma poita, sem serviços, por R$ 400,00 mês.

Em Ubatuba os veleiros adotam o Saco da Ribeira como casa. É possivel, lá, ficar em um clube, como o Iate Clube de Ubatuba, em uma marina, como a Kauai, ou em uma poita prórpia ou alugada.  Na minha opinião é ainda o melhor lugar para se aproiveitar um veleiro no estado de São Paulo. Mas nem tudo são flores. Eu sempre digo que por lá reina um clima de faoreste e manter bons vínculos sociais faz bem para o barco. Ser sócio da AUMAR também.O custo final sai igual do de Bertioga. Mas, em compensação, o lugar é lindo. Um helicóptero, porém, faz falta. 

Trocando em miúdos a vida de quem tem um pequeno veleiro no nosso litoral é algo entre pagar caro, ficar perto da capital e navegar no lodo e no mangue (não que isso seja necessariamente um defeito, eu mesmo acho o canal de bertioga lindo) ou pagar menos caro, navegar no paraíso, mas antes passar pelo purgatório (ou inferno) da estrada.

Minha dica, depois de tantos anos, é: barcos não têm raízes. São quase semoventes! Em qualquer lugar que você ficar terá ônus e bônus, alegrias e descontentamentos (em especial com os prestadores de serviços). Não fique em um só lugar. Experimente mais de uma opção. Mude de tempos em tempos.  Priorize o que lhe é mais iportante naquele momento. Não crie limo. Ubatuba pode ser lindo, mas às vezes ter o barco perto é uma necessidade e ficar dez horas na estrada pode ser aterrador. Porém, outras vezes o barco está tinindo e quer ver água verde e cristalina e navegar com golfinhos na proa. Mude seu probelma de lugar de tempos em tempos. Essa é minha receita para a felicidade náutica.

E vamos no pano mesmo!



segunda-feira, 19 de maio de 2014

Regata de Aniversário do CIR

Boas!

Ontem aconteceu a regata de monotipos do Clube Internacional de Regatas, na baia de Santos. Monotipos são barcos padronizados, não necessariamente de oceano, que permitem uma competição mais justa entre os concorrentes, pois não há diferenças significativas entre barcos de uma mesma classe e não é preciso adotar critérios de correção de tempo. São exemplos as classes Laser, Holder, Snipe, Daysailer, HobieCat, Ranger 22, HPE 25 e Soling.

Nossos amigos Cassio e Aruã alugaram o nosso Daysailer e foram para a raia, na classe aberta, onde conquistaram bravamente o terceiro lugar!










Parabéns à dupla e vamos no pano mesmo!




segunda-feira, 12 de maio de 2014

Daysailer para locação em Guarujá!

Boas!

Nesse último final de semana concretizamos um antigo projeto de nossa escola de vela. Adquirimos um segundo veleiro, destinado a fazer instrução de alunos e, também, permitir que eles o utilizem sem instrutor para refinar a manter os conhecimentos adquiridos.

O barquinho escolhido foi um Daysailer, construído pela Tom Cat, ano 2007, top de linha. O Daysailer é um barco forte e muito resistente, totalmente estanque - não afunda!. Tem o mastro equipado com bóia de tope (em caso de virar o mastro não submerge, facilitando o desvire). A bolina e o leme são retráteis e desarmam ao menor toque, evitando que os mesmos se quebrem ao chegar na praia ou tocar algum objeto no fundo. 






Eu, que já tive um - o Brisa, que aliás deu início a este blog - sei que é um barco de excelente desempenho, muito estável, dócil e fácil de conduzir, podendo ser velejado por uma, duas, três ou quatro pessoas! 

Além disso a relação custo benefício da locação é inigualável: por uma fração do que custaria comprar e manter um veleiro desse porte, você aproveita apenas o lado bom de ter um barco, sem qualquer dor de cabeça!

O Sorento di Sirene está à disposição para ser velejado de terça a domingo, entre 10h00 e 16h00, na sede náutica do Clube Internacional de Regatas. Ex-alunos de nossa escola de vela têm desconto de 50%!


Venha velejar! Faça já sua reserva!

Maiores informações: cuscobaldoso@gmail.com - 13 - 9 - 9790-8175

E vamos no pano mesmo!

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Turma 05/2014

Boas!

Finalmente, depois de uma longa hibernação, o Malagô voltou a trabalhar. No último dia 03/05 demos início a nossa quinta turma de velejadores do ano, em Ubatuba.

Na tripulação dois casais muito interessados e animados: Rita e Rafael, Marília e Hugo. Eu os encontrei no Pier do Saco da Ribeira e após providenciarmos um pouco de gelo entramos na catraia da AUMAR e fomos até o Malagô, que está no "ponto final", quase no Flamenguinho.

Fizemos nossa instrução teórica e quando o pessoal estava terminando de aprender a fazer o lais de guia, meu ajudante do dia chegou. O Ricardo Stark? Claro que não, pois mesmo eu estando em Ubatuba ele continua dizendo que não veleja em barco velho! Quem veio dessa vez foi o Fernando Filoni, que foi dono do veleiro Acrux e, antes, do primeiro dos Vivre. Nós nos já conhecíamos lá do Pier 46, em Paraty, mas essa é outra história. O motivo do atraso foi o fato do Werner, do Jacaré VI (outra figura ímpar que tiver o prazer de conhecer pessoalmente nesse feriado), ter prendido a âncora em uma poita no pier do Iate Clube de Ubatuba. O Fernando mergulhou para safá-la.

Saímos da poita e logo desligamos o motor - que, aliás, nunca esteve tão bem! Valeu a pena todo o perrengue, pois ele além de não esquentar mais, está mais eficiente. Mesmo com o hélice de passo errado que estou usando fizemos seis nós a duas mil e oitocentas rpm (antes eu faria, a essa rotação, no máximo quatro nós e meio). Com o novo hélice creio que chegarei nos sete nós!

Fizemos o possível para não atrapalhar as regatas do Ubatuba Sailing Festival (por que em inglês, né?) e seguimos para a Ilha do Mar Virado. O vento estava fraco, aumentou, depois morreu de vez. Mas conseguimos fazer a aula, velejando cerca de dez milhas. Ao final da tarde fomos até a Ilha Anchieta, onde repassamos a técnica básica do fundeio e o pessoal mergulhou e andou de SUP. Já eu aproveitei para mergulhar e, enfim, ver o estado do casco.Tudo em ordem! Como é bom mergulhar em um lugar onde é possível ver as coisas!

Retornamos no final da tarde, vendo o sol se por na Ribeira. Ah, como eu adoro aquele lugar...

E vamos no pano mesmo!

Velas ao vento!

Rita (com a Barla-Sota no colo) e Rafael.

Marília e...

... o Hugo, que quase chamou seu xará.






Como é que você aguenta essa vida?

Boas!

Dia desses a Priscila me perguntou como eu aguento essa vida de velejador. A pergunta deve, antes, ser colocada em seu devido contexto. Eu havia ido para Ilhabela acompanhar o conserto do motor. Fui de carro. No fim, acabei levando o Malagô para Ubatuba, como já postei aqui. Voltar de Ubatuba para Santos, passando na Ilha para buscar o carro, foi uma epopéia que envolveu três ônibus circulares, três travessias de balsa e um hotelzinho de beira de estrada. Ao chegar em casa, como um "mendigo do mar", ela me perguntou, acolhedora: "Como é que você aguenta essa vida?".


A resposta vem fácil. Eu aguento por conta de dias como os do último feriado: um lugar lindo, céu azul, vento, mar de almirante , tudo funcionando como tem que funcionar; amigos aqui e ali, novos e velhos e a certeza de ter um lugar para voltar e chamar de casa, de lar. Eu aguento porque a bordo de um veleiro, mais do que em qualquer outro lugar, sou o protagonista da minha história. Traço eu mesmo os rumos e os sigo. Ao final possos encontrar a tormenta ou a paria de areia dourada. A bordo de um veleiro não há prêmio ou castigo, apenas consequências. O tempo, como dimensão, retoma sua natureza ancestral e nós o contamos como nossos avós. A vida passa mais lentamente do que no mundo digital. Temos tempo para pensar em nada, ou em tudo. Em muitos lugares não há sinal celular... e vivemos sem ele, muito bem.


Nestes termos, aguentar essa vida é fácil, ainda que haja muita incomodação aqui e ali. O que eu não aguentaria, isso sim, seria passar o resto de minha vida assitindo TV, vivendo a vida do outro, o tempo do outro.

E vamos no pano mesmo!