terça-feira, 1 de abril de 2014

Buja de trabalho.

Boas!

Eu já devo ter dito por aqui que equilíbrio é a palavra chave na arte de velejar. A quantidade de "pano" exposta influencia diretamente o comportamento do barco. Se ele ficará mais ardente, querendo se afilar ao vento orçar), ou se ao contrário ele irá buscar receber o vento pela popa (tendência perigosa), é uma questão de equilíbrio entre quilha, leme e o velame exposto (e a forma como ele está exposto, leia-se, regulagens de mastro).

A "Storm Sail", nesse cenário, pode não ser a vela mais adequada para as condições de clima do Brasil, em especial do litoral do Sudeste - embora seja a vela de mau tempo predominante em nossos barcos. Isso porque para ela ser eficiente precisa haver vento em uma velocidade poucas vistas por aqui (felizmente!). Trinta nós de vento é uma condição de vento dura, mas ainda não é o fim do mundo. A coisa pode ficar muito, muito pior!

Na maioria de nossas "porrancas", em especial entradas de frentes frias, o vento fica na casa dos 30 nós e nessa condição há um hiato entre a buja (LP 100% de J) e a storm sail propriamente dita. Quer dizer: se a buja fica grande demais, a storm pode ficar menor do que o necessitamos.

No Malagô adotei a seguinte solução: mandei fazer uma buja de trabalho, que é um pano intermediário entre  a buja e a storm. Mas não parei por ai: essa buja de trabalho permite seja feita uma forra de rizo, o que a transforma imediatamente em uma storm sail (que eu pretendo nunca  precisar usar!).

Foi com a buja de trabalho que fizemos praticamente toda nossa travessia de Guarujá até Ilhabela e ela está sempre pronta para uso no paiol de velas, que fica na proa.  A fizemos na cor laranja, pois resta comprovado que em condições de baixa visibilidade essa é a cor que mais se destaca no mar. Fizemo-la (bonito isso, não?) também super reforçada, que é para aguentar o tranco.



Algo que observamos na prática é que uma vela só força muito o estai de proa. O ideal é colocar a mestra bem rizada (no Malagô seria na segunda forra, mas há veleiros com mais) ou usar uma try-sail - mais ai é outra história... 

E vamos esperando o mecânico mesmo...

4 comentários:

  1. Juca um enrolador e uma vela reforçada não resolvem este caso? Ele não serviria como um "risador" de vela de proa???
    Já vi essa discussão na net mas não consegui chegar a nenhuma conclusão. Aliás esse post é a deixa para eu tirar umas dúvida sobre enroladores com você (lembra, instalei o meu errado), mas farei via e-mail se você me permitir!

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    1. Walnei, enrolador serve sim. Mas ai a questão fica complexa. As genoas maiores geralmente têm tecido mais leve. Na hora da porranca e enroladas, elas podem rasgar. E ai, %&¨%¨&.! O melhor dos mundos, memso, é ter dois enroladores, como o Bepaluhê. Mas isso para barcos que fazem grandes distâncias. Vc pode me escrever a hora que quiser, em sempre respondo (ainda que às vezes demore um pouco).

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  2. É isto mesmo Juca, a configuração das velas do Bepaluhê foi planejada pensada em cruzeiro longo mesmo e não em navegações costeiras.
    Tanto é que quando voltar da Refeno este ano pretendo tirar o enrolador da staysail e deixar guardado. No dia a dia ele atrapalha um pouco as cambadas da Genoa e também a dinâmica do convés.
    Quando voltar te conto qual porcentagem da viagem terei usado a staysail e os benéficos reais desta armação em culteranismo.

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    1. Pois é. Eu acanei trocando meu bote de apoio de 2,8m por um de 1,8m justamente para deixar o convés de proa livre. Um segundo enrolador já passou pela minha mente, mas ele atravanca muito a proa. Acho que a melhor solução para a navegação costeira seja memso o tal do estai largável...

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