sábado, 12 de outubro de 2013

Malagô de casa nova!

Boas!

A semana foi incrivelmente agitada e cheia de surpresas. A Priscila queria que eu tirasse férias para irmos para Paris. Aconteceu mais ou menos isso: eu tirei uma semana de férias no escritório e "pari" um novo fundo para o Malagô.




 

O plano original era subir na marina ao lado do Chinen (outro dia até postei foto da carreta que fizemos). Porém, por questões de maré, eu ficaria um ciclo inteiro da lua cheia sem poder colocar o barco na água. Como já tinha aulas agendadas isso seria virtualmente impossível. Acabei abortando e acertei com o Pier 26. 

A previsão do tempo era a melhor possível: um centro de alta pressão ficaria ao longo de toda a semana sobre a área "charlie": sol e baixa umidade a partir do final da tarde de segunda! 


Eu, a Tamis Haddad e o Marinheiro deixamos o canal de bertioga na segunda, meu primeiro dia de férias, às 7h30 (Pedra do Corvo). Esperava motorar, porém uma formação de nuvens sinistra trouxe um vento SE entre oito e quinze nós. Desligamos o motor e voamos, no pano mesmo, a uma média de cinco nós (e isso porque o fundo o Mala estava imundo!).


Quando estávamos no través da praia da enseada (Guarujá) a chuva chegou com força. O vento, em rajadas de vinte e cinco a trinta nós, também mostrou a que veio. Rizei a vela mestrana primeira forra (foi bem fácil). Mas durou pouco tempo. Logo baixou para quinze nós e assim ficou. Exatamente às 12h30 chegamos no Pier 26: vinte e cinco milhas em cinco horas, sendo apenas meia hora - no máximo - no motor. Que delícia de travessia!

O barco subiu no mesmo dia. Na terça lixei (havia uns cento e cinquenta quilos de vida marinha no casco) e a partir de quarta, já com madeira seca, apliquei duas demãos de vinil bronze e quatro latas (cada lata é uma demão) de tinta envenenada (usei Renner). Na sexta limpei a linha d´água e às 14h00 o barco desceu. O plano era trazê-lo de volta para o canal de bertioga no domingo. Mas...


Antes de entrar no "mas...", quero explicar como um serviço relativamente grande ficou pronto relativamente rápido: eu fiz, eu mesmo, a pior parte: lixar, lixar, lixar. Pintar é fácil: difícil é preparar a superfície. Usei uma orbital, primeiro grão oitenta, depois cento e vinte. É um trabalho terrivelmente chato e cansativo. Se algum profissional o tivesse feito levaria dias - pois eles só trabalham algumas poucas horas por dia. Eu não: comecei às 07h00 e ia até às 17h00. A R$ 95,00 a diária não dava para ficar enrolando. Doca barata é pode ser bom para o bolso, mas no final sai caro porque o tempo vai passando e a coisa nunca termina. A lixagem eu fiz; a pintura meu marinheiro fez (mas essa não mata ninguém). Aproveitei que ele pintava e fui fazr umas audiências (férias!). Antes disso cabe dizer que o calafate verificou as madeiras e o calafeto, tndo feito pequenos mas muito necessários reparos.


Pois bem...

Na sexta, com o barco na água, dispensei meu ajudante na obra, que também era meu marinheiro. Antes dele sair eu comentei: "Caramba, quatro latas de tinta, hein?!" , ao que ele respondeu enfático: "- Quatro latas!".

Ele foi embora e eu fiquei para arrumar as coisas no barco e monitorar a água que ele faz antes das madeiras encharcarem e travarem o casco novamente (nada demais). Resolvi subir a genoa no enrolador enquanto isso e ai percebi que ele havia usado as escotas da genoa para nos amarrar ao pier (que heresia!). Desci e fui pegar os cabos de amarração. Como desde Paraty eles não eram usados, estavam mocozados em um paiol que eu não tenho quase contato. 

Pois é...

Tirei o cabo de força; tirei o primeiro cabo de amarração e o segundo. Foi ai que eu vi uma lata com o símbolo de um cavalinho... "-Putz, mas ele guardou a lata vazia aqui?" - sim, sempre que somos enganados nos tornamos ainda mais trouxas.

Ao puxar a lata a surpresa: cheia. 

A coisa demorou para fazer sentido, mas a medida que ia fazendo, só ficava pior. A uma fui furtado. A duas fui traído por alguém que eu confiava muito e que me ajudava há quase três anos (em períodos intercalados). A três a espessura da venenosa ficou aquém do que eu esperava, compromentendo o trabalho e fazendo escoar pelo ralo o dinheiro que gastei. A quatro estava mais ou menos evidente que ele escondeu a lata ali para depois, lá em nossa marina, poder retirar sem ser incomodado. Minhas orelhas de burro não pararam de crescer.

Doeu na alma. Ainda está doendo. Mas faz parte... Porém eu quero deixar registrado nesse blog que eu prefiro ser uma "passiva louca" a ter marinheiro de novo nessa vida. Raça dos infernos... é o terceiro que me apronta algo sério. Deve haver exceções, mas nessa vida, marinheiro meu sou eu mesmo. 

Nessa voltar com o barco para o Chinen ficou inviável. Eu não consigo sequer pensar em ter que cruzar com esse sujeito todos os dias que for lá. Então, por uns tempos (digo isso porque eu vivo mesmo de lá para cá), a nova casa do Malagô é a Marina Boreal, no CING. Custa os olhos da cara, os dedos também, mas é pertinho de casa e me possibilita dar aulas na baia de Santos - o que é bastante interessante, mas depois falamos disso. 

E quando eu achei que a coisa não fosse ficar pior, me deparei com um pirralho sem noção escrevendo isso aqui para minha filha, ó: "SE (sic!) QUER NAMORAR COMIGO"?

Ai não dá. Para tudo que eu quero descer agora!!!

Grrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr


15 comentários:

  1. Juca. que zica heim??? Também tive a minha primeira decepção com marinheiro e ele morreu pela própria boca, fazer o que, é a cultura brasileira de cuspir no prato que come, e pior, voltar a comer no mesmo prato até que o prato quebre!!!!

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    1. Pois é... mas de um jeito ou de outro o Capitão lá de cima recompensa wuem anda reto e direito! Bons ventos!!!

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  2. tudo bem que meu barco é beeeem menor (mas se fosse grandão tb faria eu mesmo), e sei que algumas pessoas agem assim (a traição é pior que o prejuízo), por isso quando decidi ter barco, resolvi fazer tudo 'eu mesmo'. A vida segue Juca!!

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    1. Agora ocm o barco a apenas vinte minutos de mim (estou quase como vc, Ricardo!) fazer tudo sozinho será muito mais fácil!

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  3. É isso ae..... Juca Homem que faz.... parabéns

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  4. Por isso que até hoje eu mesmo faço o que posso no Júpiter. Sem marinheiro. Tá certo que é mais trabalhoso, mas vale a pena, pois você conhece melhor seu barco. Legal Juca!!!

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  5. É meu amigo...acompanho seu blog direto e essa agora desse carinha doeu até em mim pois sei que todos estamos sujeitos. Agora pior mesmo foi o bilhetinho, tenho uma de 2 anos e não consigo imaginar a tortura disso...rsrsr.

    Abraço e bons ventos
    Leandro

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    1. Pois é, o bilhetinho doeu mais que a facada! kkkkkkkk Obrigado pela presença constantye e qualquer dia venha velejar com a gente!

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  6. Boa Tarde Cap. Juca , você já pensou em chamar os ex alunos para ajudarem na manutenção , você teria uma ajuda e eles a oportunidade de apreender o que no futuro terão de fazer.E fazer um post sobre como deve ser um marinheiro padrão? (obviamente ele pode ser utópico)

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    1. A ideia é boa, mas no local há restrições sobre quem pode trabalhar, por conta de acidentes, etc.farei esse post sim, pode deixar!

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  7. Que raiva, esse país esta entupido de gente vagabunda, mal caráter, que raiva! Falta de respeito, não consigo aceitar isso, cada dia que passa é só mais falcatrua que aparece!

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    1. O Estado, Gustavo, é o reflexo da sociedade que o institui. Não é a troco de nada que lá em cima é aquela zona: a pouca vergonha começa nos pequenos gestos de cada dia.

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  8. caraca, que vagabundo esse cara, más fica frio que isso é o de menos, o careta do bilhetinho é que tem ficar bravo ! kkkkkk Estamos perdidos meu caro, perdidos ! kkk

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  9. É a vida, Capitão; primeiro nos roubam bem materiais, depois, tentam nos roubar a filha. Bem! O jeito é ir no pano, mesmo. Grande abraço e, sucessooooooooo.

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