Breve Roteiro de Navegação do Canal de Bertioga
Versão 2.0
22/09/2012
1. Objetivo
Este breve roteiro tem por objetivo orientar a navegação de veleiros nos limites do canal de Bertioga – São Paulo/SP , pois em alguns trechos há restrição de calado. Por “limites do canal” estão compreendidas as águas que têm início no alinhamento entre a Pedra do Corvo e o Forte São João (23°51'23.47"S/ 46° 7'52.61"W) e término na ponte férrea que fica nas proximidades da Base Aérea de Santos (23°55'33.03"S/ 46°18'35.33"W). Distância total: 13,37 milhas náuticas.
No dia 22/09/2012 fizemos uma ATUALIZAÇÃO e para isso utilizamos um veleiro atoll 23, com 1,47 de calado e 9,00 m de altura (da linha d´água até a ponta do mastro).
Embarcações com calado e altura máxima superiores devem ter cautela ao adotarem esse roteiro.
2. Barra do canal
Em geral a barra do canal é de fácil demanda, pois as marolas – que surgem apenas com mar com 1.0 metro ou mais de ondulação – não chegam a arrebentar, salvo em condições extremas de tempo. Há intenso trânsito de lanchas, de grande porte inclusive, o que traz algum incômodo. A entrada e a saída devem ser feitas de forma a manter a embarcação o mais próximo possível da Pedra do Corvo, conforme a linha amarela na figura abaixo. Mas não passe exageradamente perto, pois existem pedras na flor d'água difíceis de ver com mar calmo e maré alta. Junto ao Forte as águas são rasas e a navegação deve ser evitada. O melhor horário é antes das 10h00 e após às 18h00 (menor movimento). Às quartas-feiras quase não há trânsito, pois as marinas estão fechadas.
3. Barra do Canal/Largo do Candinho
Da Barra do Canal até o Largo do Candinho não existem riscos significativos. Logo após a Marina Porto do Sol há uma bifurcação. O canal está à esquerda/bombordo de quem vem do mar. À direita/boreste está o Rio Itapanhaú. Se houver necessidade, por alguma razão, de entrar no Rio Itapanhaú, atentar para uma coroa (ícone vermelho na fugura a seguir) que traz risco de encalhe na entrada do rio e demandar como na linha branca, a seguir:
Nesse trecho existem pelo menos dois postos de abastecimento (Marinas Nacionais e Posto Vindumar, que fica ao lado das Nacionais) e opções de marinas para estadia/pernoite:
Porto do Sol – BOA ESTRUTURA - $$: 23°51'41.40"S/ 46° 8'50.47"W – Tel: (13) 3305.1584
Marinas Nacionais – ÓTIMA ESTRUTURA - $$$: - 23°52'8.34"S/ 46° 9'22.49"W – Rádio VHF Delta 45 no canal 68 – Tel.: (13) 3305-1421
Garagem Náutica Chinen (apenas poitas) – REGULAR ESTRUTURA - $ - Funciona todo os dias do ano! - 23°53'0.90"S/ 46°10'5.24"W – Tel.: ( 13) 3305-1224
Tropical - BOA ESTRUTURA - $$ - 23°53'38.57"S/ 46°11'17.97’’W – Tel.: (13) 3305-1321
Tchabum - BOA ESTRUTURA - $$ - 23°53'59.20"S/ 46°11'27.28"W – Tel.: (13) 3351-7558
Pier XV - BOA ESTRUTURA - $$ - 23°54'4.60’’S/ 46°11'28.35"W - – Tel.: (13) 3351-7558
Após a marina Píer XV (que é vizinha da Tchabum), existem alguns restaurantes com poitas e entrega a bordo, mas o preço pode ser bem salgado!
Atenção para:
a) Em frente às Marinas Nacionais existe um balizamento particular - bóias verdes/encarnadas. A velocidade de 6 nós, no entanto, deve (ou pelo menos deveria) ser seguida ao longo de todo o canal, e não apenas ali. As marolas, além de atrapalhar embarcações miúdas e pequenas, têm alterado a fisionomia do canal e, talvez, provocado assoreamento.
b) Veleiros apoitados em frente à Garagem Náutica Chinen - 23°53'0.90"S/46°10'5.24"W;
b) Veleiros apoitados em frente à Garagem Náutica Chinen - 23°53'0.90"S/46°10'5.24"W;
c) Destroços visíveis em frente ao bairro de Caruara - 23°53'29.97"S/46°11'19.75"W;
d) Fios de alta tensão que cruzam o canal na altura da Marina Tropical - 23°53'38.57"S/ 46°11'17.97’’W l;
e) Embarcações (na maioria lanchas) apoitadas em frente às marinas Tchabum e Píer XV - 23°53'59.20"S/ 46°11'27.28"W.
4. Largo do Candinho
Esse é o trecho mais complicado. Mais até do que o seguinte, de “curvas”, pois por ser amplo dá a falsa impressão de que é profundo em toda a sua extensão. Não é. O “lado de dentro” da curva é extremamente raso, por uma longa extensão. Cuidado! Nessa região ocorre o encontro da maré que entra pela Barra do Canal com a maré que entra pelo Porto de Santos. Por isso as águas avançam terreno adentro (um vasto manguezal preservado). O efeito da maré é praticamente anulado. Por ser o encontro de duas fontes de maré, ocorre um fenômeno interessante: quando a maré está enchendo, a água “entrará” por ambos os lados, vale dizer, se estiver enchendo da Barra até o Candinho, estará enchendo da Ponte Férrea até o Candinho, onde, no encontro, se anulam. Se estiverem vazando, ocorre a mesma coisa: vaza pelas “duas pontas”. Por isso é bom planejar a navegação de sorte a ter a maré sempre favorável. Eu gosto de estar por ali quando há a mudança da maré. Assim chego até lá com maré a favor e sigo viagem com maré também à favor. Faça o mesmo! Ao demandar o Largo do Candinho, mantenha o veleiro o mais próximo possível do lado de fora da curva, até a bóia encarnada que fica na base do morro do Caeté. Alguns guias trazem indicação dessa bóia como sendo verde. Atenção, ela é encarnada! Ao atingir a bóia, alinhe-a com a sua popa. A sua proa, então, deverá estar alinhada com uma bóia verde. Eis o percurso percorrido por nós, com a maré extremamente baixa – 0,3 m. Nãoencalhamos nenhuma vez!
ATENÇÃO: APENAS ALTERE O RUMO APÓS ESTAR BEM PRÓXIMO DA BÓIA VERDE!
5. Curvas
Esse trecho é o que mais assusta quem nunca navegou pelo canal. Mas repito que o mais traiçoeiro é o Candinho, pois nas curvas você sabe que deve tomar cuidado, ao passo que no Candinho existe a falsa sensação de que é sempre profundo, por ser amplo. O segredo desse trecho é seguir as curvas sempre, sempre e sempre pelo lado de fora, que chega a ter oito metros de profundidade. Tenha sempre em mente que aqui o leito do canal navegável é bem estreito. Prefira passar na maré baixa, se o seu caldo permitir, pois se houver encalhe a maré alta permite a saída e é possível ver melhor os trechos rasos. Já na maré alta, qualquer encalhe tende apenas a ser piorado. Em geral, nos trechos fundos a água está sempre “mais limpa” do que nos rasos, onde é possível ver muitos galhos e folhas. Atenção!
6. Monte Cabrão
Após as curvas segue-se a navegação até o bairro do Monte Cabrão (que pertence a Santos, mas fica em Guarujá). Nesse trecho deve-se atentar apenas para: a) a ponte da Rodovia Cônego Domenico Rangoni (o Cusco passou com folga de três metros, aproximadamente);
b) três torres com fios de alta tensão, duas antes antes e uma logo após a ponte e
c) restos da base de uma antiga torre de alta tensão. No mais, é seguir sempre pelo lado de fora das curvas, no trecho mais limpo, atento a tudo!
7. Ponte férrea
Nesse ponto a travessia atinge seu final (ou seu começo, a depender do sentido que se navega). Ao se aproximar da ponte faça sinal ao operador para que ele eleve o vão móvel. Segundo informações que me foram passadas pelo próprio operador, o vão livre mais alto na maré mais baixa é de apenas 4.0 metros, sendo que o vão se eleva a pelo menos dez metros. O operador não usa rádio VHF (apenas Nextel, que se você pedir, ele informa) e deve ser usada a buzina. Atenção: antes de demandar o canal, se houver intenção de passar pela ponte, verifique se o equipamento está em operação junto à CODESP (13 – 3202-6565) ou à CPSP (13 – 3221-3454). Além disso, entre 12h00 e 13h00 não há operação, que também é suspensa entre 18h00 e 07h00.
Na medida do possível deixarei esse roteiro sempre atualizado.
Uma observação importante é: mantenha-se no curso principal do canal o tempo todo.
Não entre em nenhum de seus braços. Não existe atalho!
É possível fazer esse trecho todo à vela em embarcações miúdas. Eu já fiz de Daysailer e HC14, sempre à vela, ida e volta e, também muitas vezes de caiaque. Mas veleiros maiores devem preferir usar o motor. É mais seguro!
Cuidado com o tráfego de lanchas e jets por toda a extensão do canal. Com honrosas exceções, essas embarcações costumam abusar da velocidade e ignorar regras básicas de governo.
Bons ventos!
Juca Andrade
Santos/SP
Colaboraram na elaboração deste roteiro: Alan Trimboli, Luis Augusto Araujo, Donald Cooper,Marcelo Lanzara e Alexandre Asesti.
Parabéns pelo roteiro!!!
ResponderEliminarMuito legal, era o que estava faltando pra eu dar este "velejo"...
Esses dias dei uma "entrada" até a metade do porto, fiquei meio "cabreiro" com o ambiente e voltei...
Depois desse "guia" vou me praparar melhor, chamar algum amigo para compor a tripulação e vamos no pano mesmo!!! rsrsrsr
obs. o teste foi pelas dificuldades que encontrei em fazer outros comentários, inclusive outros dias...
escrevi duas vezes em outros posts e não deu certo...
Bons Ventos
Fernando Dingue-Nautica Sangava
OLá Fernando!
ResponderEliminarOutro dia vi seu barco lá no Rivaldo e fiquei babando! rs. Quando fizer sua travessia, me conte como foi! E se precisar de tripulante, estamos sempre ai! Abs
Excelente roteiro. Nunca cruzei com um veleiro no canal (achei que não era possivel devido ao calado e as manobras necessárias -> não entendo nada de vela).
ResponderEliminarNo Monte Cabrão, também é preciso tomar cuidado com pessoas nadando.
Ibrigado pela colaboração, Alexandre! Para veleiros acima de 26 pés o canal não deve ser viável, mais pela altura do mastro do que pelo calado. Para os menores é uma bela aventura! abs
ResponderEliminarOlá Juca,
ResponderEliminarVc realiza passeios por nossa região?
ou conhece alguém?
renato@caicaraexpedicoes.com
Renato Marchesini
OLá! Entrei em contato via e-mail.
ResponderEliminarBV!
bv!!!
ResponderEliminarOla JUCA, me deixa tomar a liberdade, me ensina a velejar?....
abçs
albanomjr@estadao.com.br
Claro! Entrarei em contato via e-mail!
ResponderEliminarabs
Prezado Juca,
ResponderEliminarFiquei por 10 anos na Marinas Nacionais, e desde 2003 em Paraty.
Muito legal seu roteiro.
Poderia divulgar em meus grupos náuticos do Yahoo ?
Cap. Eduardo Schwery (eschwery@uol.com.br)
REGWELL - Paraty
Grande Eduardo! Ficamos bem pertinho do Regwell no carnaval, lá na cotia, quase fui lá dar um "toc toc" para a gente prosear um pouco! Claro que pode, mas eu acho que à época enviei uma versão em .PDF para vc fazer justamente isso. Melhor conferir antes... mês que vem devo fazer esse caminho de novo para ver se algo mudou e manter o roteiro atualizado. Bons ventos!!
ResponderEliminarCaro Juca,
EliminarPena que não nos encontramos, mas em Abril teremos a tradicional "Páscoa na Cotia", e espero que compareças, bem como todos os colegas.
BV, e grato,
Eduardo Schwery
REGWELL - Paraty
Muito bacana este roteiro, participo da maratona aquática 14 bis de natação que acontece em novembro, saímos da base aérea e chegamos em Bertioga. Sempre procurei informações de navegação sobre ele, mas nunca havia encontrado. Poderia me ajudar com algumas dicas sobre o canal, principalmente o comportamento de suas correntes?
ResponderEliminarFelipe Prado
Jundiaí - SP
Beleza amigo...achei bem legal o roteiro, tenho um magnum422 e gostaria muito de fazer esse roteiro com o meu veleiro... gostaria de saber de onde você saiu em santos, dicas de onde parar e cuidados na navegação??? teria como enviar via e-mail (willerchequer@hotmail.com)tambem gostaria de saber mais sobre seu curso de vela oceânica... Desde ja agradeço pela ajuda
ResponderEliminarAlam, prazer ver seu roteiro. Fiz esse algumas vezes com o Mangalarga.
ResponderEliminarAbs. Ton Cuencas.
Bom dia, Juca Andrade!
ResponderEliminarBelo trabalho. Boa contribuição náutica.
Poderia enviar para o meu e-mail: prof.augusto10@gmail.com
Grato,
Augusto