domingo, 2 de janeiro de 2011

Pernoite involuntário...

Boas!

O ano começou bem: 100% dos dias eu passei velejando! Tudo bem que o ano está apenas em seu segundo dia, mas em porcentagem o valor absoluto fica bem bonito!

Ontem, 01/01/11, foi um dia histórico: como a posse da nova PresidentE do Brasil não me interessa(va), aproveitei que o Celso, pai da Priscila estava por aqui e fui velejar. O resultado foi minha primeira tempestade de respeito com o Cusco!

Eu já havia pego mau tempo antes, mas nunca no Cusco e, apesar de confiar no barco, não tinha ideia de como ele se comportaria com vento realmente forte e mar grosso.

Saimos as 11h00 da marina, com destino ao Indaiá. O plano era ficar lá até às 17h00 e então voltar para o Chinen, ou seja: mais, do sempre adorável mesmo.

Já fundeados, vendo que o tempo ia fechar, antecipamos o retorno para às 15h30.

Mas não deu... O tempo fechou antes do que eu imaginava, o mar cresceu, o ventão entrou... Voltamos e preparamos o fundeio para o modo "tempestade", não sem antes enfrentar muitas ondas (quebrando) e ventos uivantes! - bonito isso!

Como haviamos saido apenas para ir até ali e voltar, não tinhamos comida, nem mudas de roupa e o combustível seria suficiente apenas para levar o barco até a entrada do canal. A fartura era apenas de água ( eu sempre tenho 10 litros fechadinhos esperando uma dessas, já que não deixo ninguém beber a água do tanque) e de bom humor (esse, da parte do Celsão).

Resolvemos o problema da comida indo até a praia (leia-se: "o Celso indo", de botinho, com direito a virada e a carregar o tal do bote na cabeça) e trazendo, na volta, dois X-Tudo, porque comida leve, nessas horas, é fundamental!

O frio solucionamos nos cobrindo com a gennaker, para a alegria do montenegrino que bradava: "Morrrro agarrrrádo ao pavilhão gaúcho, mas não enfrento o mar bravio, tchê!". Isso porque ele nasceu em um barco!

Eu mereço...

O problema da gasolina seria resolvido indo no vento (que parecia não ser problema) e ligando o motor, se preciso fosse, apenas para entrar no canal.

A noite foi "interessante". O vento (SW) entrou rasgando e a chuva tirou a visiblidade (hoje descobrimos que apenas ontem, naquela região, choveu mais do que era esperado para todo o mês de janeiro). O barco bateu que nem pipoca na panela, mas o fundeio se mostrou eficiente (usei uma bruce de 5 kgs, com 5 de corrente e soltei mais 30 metros de cabo, o que deu 7 vezes a profundidade do local). Não garrou. Posicionei o Cusco o mais próximo do costão que a segurança permitia e não liguei a luz de fundeio. Não havia lua e eu queria deixar nossa presença ali o mais discreta possível. Apesar de a Luma estar conosco e dela ser um valente cão de guarda, vai que...

Às 06h00 levantamos ferro. Olhei para a entrada do canal e nova tempestade se formava, com raios para todos os lados. Mas no mar as ondas já não quebravam e, por isso, resolvi tocar em frente, até porque não havia mais condições de ficarmos no barco, pois o efeito dos X-Tudo já havia ido embora há tempos e a saudade das meninas apertava.

Em geral a ondulação na derrota direta entre o Indaiá e o Canal de Bertioga é de través. Tempo ruim, ondas de través e litoral a sotavento bem próximo é uma combinação potencialmente perigosa. Pode até ser não instintivo, mas quanto pior o mar, mais longe de terra devemos estar. Por isso fiz uma derrota em "V", afastado da costa até 2/3 do caminho e me aproximando novamente, com mar de alheta, já aproado para a boca da barra.

O plano deu certo, com exceção de não ter ventado, senão quando já estávamos a menos de 0,5 milha da barra. Gastamos gasolina que não tínhamos e com a pedra do corvo no nosso través, o motor parou, sequinho. Abri a genoa, mas o vento era contrário (e a maré também, forte). Tentei várias vezes entrar no canal no pano, mas não deu. Fundeamos ao largo e telefonei para o marinheiro, que uma hora e meia depois nos levou um pouco de gasolina. Enquanto isso alguém, que eu não vou contar quem, devolveu o X-Tudo para Netuno, envolto numa gennaker amarela, verde e vermelha!

Em momento algum sentimos medo ou enfrentamos qualquer situação de perigo real. E verifiquei que estar com todos os equipamentos do barco em dia, em uma hora dessas, vale a pena e faz diferença. Usamos muito o rádio, a âncora, as luzes... atentos a navegação, parar para consertar algo ou precisar de algo e não ter pode tornar tudo mais complicado, senão perigoso. Além disso, foi mais um belo teste para o valente Rio 20... Não dá para não admirar, ainda mais, o Cabinho, (projetista do barco). Eita barquinho marinheiro!

E é isso, porque a Alice está chorando!!!















O proeiro que eu arrumei, sempre pronto a ajudar...
















Os novos colchões foram muito úteis!
















Orgulho gaúcho.















Luma, a valente "cã de guarda"!















No dia seguinte, fundeados ao largo da boca do canal, esperando gasolina.

6 comentários:

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  2. Muito boa essa história do "Pernoite involuntário"... pra ser "perfeito" só faltou uma garrafa de vinho a bordo!!!
    Abraços ;)
    Fernando Previdi

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  3. Anderson, não foi dessa vez! Nem fui para o mar esse fds. Anotei seu cel mas apaguei daqui, para evitar probelmas para vc (sabes como é a internet), ok?! Mas de 2011 não passa da gente juntar nossas trupes!

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  4. Fernando Previdi, meu Guru!
    A garrafa de vinho só seria perfeita se e~u tivesse passado a noite não com o Celso, mas com a filha dele!!!! kkkk Vai que o gaúcho resolve sair da bombacha, na empolgação?! Motim!!!!

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  5. Grande Matheus! Eu quase comprei o seu barco, sabia?! Abs

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