Boas!
Muitos me perguntam o que é preciso para ter um barco. Mas talvez a pergunta mais importante seja o que é ter um barco, em especial um barco à vela. A resposta mais imediata é até mesmo intuitiva: é poder velejar de lá para cá, sempre que o clima e o mar permitirem. Eu desde sempre me recusei a acreditar que seja apenas isso. Há muito mais em torno de cascos, mastros e velas e ter um barco não se resume apenas à navegar. Se ainda não inventaram a máquina do tempo um veleiro é, com certeza, uma máquina de tempo. É um lugar onde além de navegar você pode passar momentos com sua família e amigos, exercitando uma arte que hoje aos poucos vai caindo no esquecimento: a conversa olho no olho, em especial entre pais e filhos. Tem acontecido em minha casa e acredito que não seja um fenômeno endêmico: por vezes, na mesma sala, cada um está conectado em seu equipamento (eu incluso) e chega-se ao absurdo de haver interação on line com quem está a apenas dois palmos de distância, no mesmo sofá! Ter um veleiro permite viver o mundo real. Sentir o vento, o cheiro do mar, a chuva, o calor, o frio, o doce e o amargo da vida. Duvida? O Walnei Antunes, do Vivre, passou o feriado praticamente todo na cabine de seu veleirinho com três de seus quatro filhos. Eu que passei lá diversas vezes - até mesmo para filar um café da manhã depois da remadinha de SUP às 7h00 com um friozinho de 17ºC - ouvi conversa e risadas que poucos pais têm hoje em dia com seus filhos e que duvido que ele teria se a televisão, a internet e o computador estivessem ali, ao alcance das mãos e dos olhos. No sábado à noite jantei no Serelepe, que estava com a tripulação completa (Cassio, Chris, Lucas e Gabriel) depois de uma faina tanto trabalhosa quanto oleosa para instalar o GPS e de uma troca de botijão de gás quase mortal, mas que rendeu muitas risadas. Os adultos comeram no cockpit e as crianças dentro da cabine. Foi o macarrão sem sal mais gostoso dos últimos tempos! No domingo, já de volta a Santos, tive a honra de receber o cabo de atracação do Augenblick (do casal Elfriede e Jadyr Galera, construído por eles mesmos ao longo de vinte e quatro anos e meio) na doca do CIR e perceber que em torno daquele veleiro - que sequer tinha ido para a água ainda - houve a formação de uma bela família e de laços de amizade e coleguismo que poucas tribos, além dos velejadores, têm entre si. O barco chega a ser quase um detalhe, um mero catalisador. O dia a dia rouba tempo e a tecnologia tem roubado nossa presença. São fatos da vida e é preciso saber se adaptar a eles. Ter um barco não é apenas poder navegar, é uma forma de viver. E vamos no pano mesmo!
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Ubachuva... |
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...Ubasol |
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Recebendo os cabos do Augenblick. |
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A famiília Andrade, a família Galera e mais uma máquina de tempo. |
Juca, ótimo texto, como sempre.
ResponderEliminarRealmente passar uns dias com os filhos no barco cria um clima de companheirismo e respeito e o que parece chato e enfadonho, como ficar limitado a uns pouco metros quadrados, é na verdade muito gostoso e envolvente, o legal é que esse clima permanece na vida cotidiana!
Ótimo foi o café na popa do Vivre!
EliminarEsse é meu amigo Juquinha!!! Parabéns pelo texto.
ResponderEliminarVeja se aparece, né?!!
EliminarBela reflexão ... como diria a família Tambor "... navegando juntos chegamos a qualquer lugar..."
ResponderEliminar_º/º/º__)_
Vamos remando a canoa mesmo!
EliminarMaravilha Juca! Se o projeto da REFENO 2014 concretizar, tenho interesse em navegar a partir de Recife, já que moro em João Pessoa. Em você eu confio.
ResponderEliminarRoberto, ainda temos vagas! Vem com a gente!
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