Boas!
No último final de semana conseguimos finalmente realizar nossa travessia de instrução, com destino à Ilhabela e que estava prevista inicialmente para os dias 28/29 de setembro. Naquela época as condições de clima não eram nada favoráveis e na sequência a tripulção teve compromissos diversos. Veleiros e agendas costumam não combinar muito...
Saímos da Boreal às 04h32 do dia 19/10 com destino ao Saco da Capela/Base Mirela. Ainda era noite e a lua cheia iluminava a baía de Santos. Desde os tempos da canoagem oceânica eu não via a baiazinha assim, pintada de prata. Ando nostálgico com isso, mas era uma época em que - como agora - eu era feliz e sabia disso...
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Paulo e Juca. |
Na tripulação os alunos Paulo (Brasília/DF), Celso (Santos/SP), Julio (São Paulo/SP), Cassio (Guarujá/SP) e Flávia ( Santos/SP ,que dessa vez nem falou tanto do Felipe - mas, claro, falou um bocado ainda assim).
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Celso e Paulo. |
Na altura da Ponta Grossa os primeiros raios de sol trocaram de lugar com a lua. Subi a vela mestra (sem enroscos dessa vez, ou algo muito próximo disso, rs). Depois da Ilha da Moela entrou em terralzinho e aproveitamos para velejar, o que foi mais ou menos possível até a Península (no final da praia da Enseada), quando novamente fomos apenas no motor. Já em Pernanbuco o vento voltou e fomos com ele até a entrada do canal de Bertioga - porém afastados da costa. O plano original era ir bem afastado desde o começo, numa derrota direta entre a Ilha da Moela e a Ilha de Toque Toque. Mas a velejada rendia melhor quando nos aproximavamos de terra, por isso acabamos fazendo alguns "S".
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Julio |
No través do canal, a umas quatro milhas da costa, passamos perto demais de uma escuna com pescadores de final de semana e levamos uma bóia com duas sardinhas de isca. Obviamente o dono lembrou muitas vezes de minha mãe e acenou de forma bastante simpática... após estarmos a uma distância segura dos possíveis tiros, desliguei o motor e dei um mergulho para livrar a linha de enroscar no hélice. Missão cumprida, arranjamos um corrico que se mostrou inútil até o Saco da Capela, quarenta e poucas milhas a frente.
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Julio e Paulo. |
Do canal até o Montão de Trigo (passamos por fora) houve uma grande calmaria. Céu azul e sol forte. Desde a saída fizemos a navegação em quartos de leme: cada um pagava duas horas. No intervalo, conversava-se, falava-se sobre a vida e dormia-se. Fiz o almoço (salada e arroz de carreteiro) bem no través do Montão (baguncei bastante a cozinha do Ivan!). Para comermos tranquilos, desliguei o motor e seguimos apenas no pano, levados pela brisa a três nós. Assim que o almoço terminou o vento foi melhorando e só ligamos o motor novamente bem depois da leje dos moleques. Foi um lindo través desde o Montão de Trigo, que passava muitas vezes dos seis nós, com pico de 7.1.
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Flávia e o Montão de Trigo - o sétimo tripulante! |
Um pouco antes de cruzarmos o canal soltei a adriça da mestra e, para minha surpresa, ela não desceu (quando solta, ela despenca fácil e rápido). Cocei a cabeça. Pensei na cadeirinha de mastro. Olhei para a tripulação para ver quem era o mais leve... tentei algumas vezes puxar a vela para baixo e depois de muita força - que até machucou meu braço - ela desceu. Havia algo errado, mas já eram 17h30 e eu queria pegar a poita ainda com a luz do sol. Foi o que aconteceu bem próximo das 18h00. Foram 63.4 milhas navegadas em 13h04.
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Na proa de Toque Toque. |
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O log da ida. |
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No Saco da Capela, outro clássico... |
Arrumos o barco e fomos jantar na Vila. Após alguma democracia escolhemos o Copacabana, atraídos não apenas pelo visual legal mas também pelo preço no cardápio. Voltamos para o barco e apagamos.
A previsão era sairmos da Ilha às 4h30 novamente. Mas o horário de verão havia iniciado e nosso dia - e o de todos - teve uma hora a menos. Fui bacana e deixei o pessoal dormir até um pouco mais tarde. Soltamos a poita às 06h00, já com o raiar do dia.
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Ilhabela. |
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Ilhabela. |
Saimos apenas com a genoa aberta, aproveitando o ventinho de popa. Antes de Toque Toque fui subir a vela mestra e... e... e... pois é. Não subia inteira. E o que subia, não descia. Complicado. Matutei, pensei, tentei de novo. No final optei por desistir. A uma pois o vento estava uma merreca - e assim ficou até a Ilha da Moela. A duas porque se houvesse uma viração aquela vela não desceria de jeito nenhum (não descia nem sem vento, imaginem com a pressão!). Voltamos de genoa e motor... Passamos por fora do Montão e sem muitos "S" dessa vez. Encurtamos o caminho da ida em cerca de três milhas. Almoçamos macarrão e bifes (de novo no través do Montão de Trigo - aquela ilhazinha que não chega nunca). Vimos o sol morrer na água, próximo ao Saco do Major e um pouco depois das 20h00 estavamos em nossa vaga, na Boreal. Sãos, salvos, secos e cheios de histórias e estórias para contar. Nessa perna foram 61,6 milhas (caminho mais curto) e 14h01 de deslocamento (viemos mais lentos).
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Cassio. |
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O log da volta. |
E vamos no pano mesmo!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAHHH, então o Ivan ganhou uma cozinha, da próxima vez que eu for ao Malago, quero ver de perto os tão falados dotes culinários o Ivan!
ResponderEliminarVc nao sabe o que esta perdendo!
EliminarVixiii...vou precisar de um curso para fazer jus a essa fama...rssss, Juca, instalou a catraca da mestra?
ResponderEliminarCatraca instalada, Cuca!
EliminarO Ivan é o 'cara'!! Em breve o livro sobre culinária náutica estará nas melhores casas do ramo: 'QUITUTES DO IVAN' para comer a bordo!!
ResponderEliminarMas antes ele fará um laboratório para a gente, né?
Eliminarhaha ta vendo como não sou eu o pé frio.se eu estivesse no malago e a mestra nao descesse iam olhar pra mim rsrs
ResponderEliminarExcelente estoria!
Abs
Estória não! Essa foi verdade e vc estava lá!!!!
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