segunda-feira, 8 de julho de 2013

Iguape, Ilha Comprida e Cananéia...


Uma nau portuguesa seguia para a costa do Brasil quando foi abordada por piratas holandeses. Para salvar uma imagem de Jesus martirizado que traziam a bordo, os tripulantes a jogaram no mar, na altura de Pernambuco. Nove meses depois em uma manhã de 1647  dois índios que estavam a caminho de Itanhaém econtraram a imagem boiando na praia do Una, na Juréia. A resgataram do mar e a puseram em pé, voltada para o sol nascente e foram terminar seus afazeres. Ao retornarem a imagem havia se virado (sozinha), mirando o poente. Após algum alvoroço os locais decidiram que tão importante achado deveria ser levado para Iguape. Mas no meio do caminho uma turba os convenceu de que o melhor destino seria Conceição de Itanhaém, sede da capitania. A imagem foi colocada em uma rede e rebocada por uma canoa, porém ficou tão pesada que não saiu do lugar. Mas quando a canoa se deslocava na direção de Iguape fluia leve e tranquila. Era o sinal. Nascia assim o culto ao Bom Jesus de Iguape, venerado por milhares de pessoas em todos os cantos do Brasil, que se reunem em romaria todos os anos entre o final de julho e início de agosto. 

De volta a a 2013, no final de julho o que houve aqui em casa foi um motim. E dos bons! As meninas, lideradas pela Capitã-Mor-Gaúcha-Faca-na-Bota me colocaram na parede: há tempos eu só sei é ir para o barco, sem elas (pecado maior). Há tempos a gente não faz nada que não envolva o Malagô.

Eu, que não sou bobo nem nada, acabei me rendendo. Quem mora em uma casa onde até o gato é fêmea sabe que não existe discussão que você passa vencer e sair vivo. E dessa vez nem o Bom Jesus de Iguape me tiraria de uma enrascada dessas. 

Foi assim que pusemos o pé na estrada - de jipe e sem barco!

Confesso que gostei bastante. A uma por estar com elas e a duas por conhecer uma região que há tempos planejava ir: o baixo vale do ribeira. 



Basílica de Bom Jesus de Iguape.


Detalhe da nave central da Basílica de 1787, com a imagem centenária no altar-mor.




Depois de muitos anos fomos assistir a missa (sábado a noite). Foi muito legal nos integrarmos à comunidade, independentemente de nossas crenças (ou descrenças. Não sou ateu nem de longe, mas há tempos não acredito em religiões nem nesse Deus de barba branca sentado em um trono no alto de uma nuvem). Foi lindo. Basílica lotada. A cidade se preprara para receber os romeiros. A belíssima música nos tocou profundamente. Depois fomos comer pizza e passear em um centro histórico tomado por uma densa bruma...


No dia seguinte atravessamos a ponte (pedagiada) e fomos explorar Ilha Comprida - que não tem esse nome à toa. Seguimos por uma pista asfaltada, que logo deu lugar a uma pista de brita...


... que começou a ficar chata. Ai lembramos que estavamos em um 4x4 (velhinho, mas valente) e seguimos pela praia.


Quilometros e quilometros (sem exagageros) de areia, mar e céu azul de inverno.

As meninas vibravam quando atravessamos  a toda velocidade os rios que dão na praia e algumas dunas!

Ao fundo, Cananéia... esse lugar é muito menosprezado pela história oficial. Como os portugueses sabiam que Tordesilhas terminava aqui, nos domínios do Bacharel? Será que se não fosse o Peabiru (a trilha Inca que saia desse ponto e ia até os Andes, nos domínimos de um rei de ouro) e os olhos da Coroa teriam se voltado para essas bandas nos idos de 1531 - depois de trinta anos de descobrimento oficial? Será que se não fossem as promessas de riqueza e de uma montanha de prata e o Brasil seria hoje o que é?

Foi em Canananéia que o Brasil começou, de fato, a ganhar seus contornos.

De lá sairam as primeiras Entradas para o sertão...

... e foi um porto muito importante...

... onde nossa família também aportou, ainda que apenas por uns dias.


E vamos no pano mesmo!




10 comentários:

  1. Juca, em casa somos em 4 homens, eu, Willyan, Wallace, Gabriel e o Arthur que chega em Setembro para aumentar o time, e quem mandam definitivamente é a mulher (Lena), imagino você cercado delas, deve falar mansinho mesmo afinal corre perigo de vida constantemente!!!! Tomou uma boa decisão!
    Muito legal o post!

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  2. Muito bom o post e imagino, o passeio. Aqui a coisa é equilibrada [duas mulheres e dois homens], mas o veredicto... Queremos muito conhecer Cananéia, mas será de barco. Abraço e bons ventos!

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  3. Hilário Juca. rsrsrsrsrsrs

    Ótimo Post. Com essa turma de 'Luluzinhas', se empatar já tá no lucro!!!

    abraço!!

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    1. E enquanto isso vc se divertia as pampas e sem mim, né?! Magoei! kkkk

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  4. Olá Juca, sei muito bem o que é viver neste mundo cercado de mulheres onde a última palavra é sempre a nossa...
    Mas pelo visto você está conseguindo controlar bem a tripulação. Parabéns!!
    Se você já ficou encantado com a visita a Iguape, Mar Pequeno, Cananéia... imagine-se velejando por estas águas, seguir por traz da Ilha do Cardoso até o Maruja ou mesmo Ariri, últimas fronteira da preservação ecológica e caiçara de nosso estado.
    Coloque na lista dos desejos das meninas.
    Abraços
    Paulo Ribeiro
    Bepaluhê

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    1. Pois é, Paulo. Com o Malagô acho que não consigo, pois ele cala 1,8m. Mas penso em fazer de canoa ou voadeira esse caminho. Como Paraty, por aquelas bandas se vc nao tem um barco, perde 90% da diversão! Bons ventos!!!

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  5. Juca, 1.80 passa tranquilo lá.
    No CCS 2013 foram 3 barcos com 1.8 de calado.
    O lance é chegar lá.
    Abraços
    Paulo

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