Boas!
O canal de bertioga sabe ser traiçoeiro. Mesmo sabendo disso e apesar de haver na internet um roteiro prático bastante interessante, tem gente que ainda consegue encalhar nele!
Sábado velejei no canal com o Celso (novato), com o Nelson 007 ( o apelido pegou), com o André a com a famosa Yasmin - que teve seu processo de marinização iniciado.
Em sentido horário Celso (de vermelho), Nelson, André e Yasmin. |
A barra de bertioga estava bem mexida e eu preferi velejar pelo canal, como fazia com o Atoll 23. Mas... não adianta ser teimoso. Tem coisa que não dá para fazer, simples assim. Velejar no canal com o Malagô é uma delas.
Velas ao vento! |
Seguiamos em orça a quase quatro nós (vetinho bem fraquinho) quando na altura da coroa que fica na barra do rio Itapanhaú o "Velho Mala" parou. Literalmente. Logo percebi a merreca que tinha feito e pedi para que me ajudassem a abaixar a mestra e enrolar a genoa. ENCALHAMOS NA LAMA! Pior: o vento nos empurrava para a margem (que no visual estava longe). Era preciso agir rápido.
Tentei dar motor a ré, mas o barco não se mexia. Tarde demais...
Encalhados! |
Primeiras providências: soltamos a âncora, à proa, para controlar nosso eventual deslocamento e impedir que o encolhe piorasse; marcamos a posição na agulha e olhei a tábua das marés: aquele era exatamente o horário da baixa - 0.3m. Encalhar na baixa é sempre melhor do que na alta. A maré ainda subiria até 1.2m, lá pelas 17h00.
O mais correto seria ter lançado o ferro à popa, que dizia para o lado mais profundo. Porém eu conheço bem o lugar e sabia que quando a maré subisse, haveria espaço para o barco girar e ter a proa dizendo para o meio do canal.
Como o que não tem remédio, remediado está, desci para começar a fazer o almoço. Nessa, porém, uma lancha passou e fez marola. O barco mudou de lugar. A agulha marcva 330º e não 300º do momento do encalhe e, mais importante do que isso, o barco começou a ter movimento pendular no sentido proa-popa. Parecia uma gangorra.
Larguei as panelas e com a ajuda do Nelson Anastasi, que ficou controlando o movimento da proa, tendo como referência a corrente da âncora, dei ré. Nada. Aumentei o giro. Nada. Seria uma longa tarde?! Não! Devagarinho o "Velho Mala" começou a sair e voltou a navegar. Ufa!
Bom dia, dia! Na manhã de domingo, sol! |
No dia seguinte vi uma manobra bem curiosa. Um certo barquinho, de nome famoso e meu vizinho mas que eu não vou dizer qual é saiu para passear. O Comandante deu partida no motor e acelerou. A proeira, então, segurava o cabo da poita com todas as suas forças. O barquinho, preso, girava, girava, girava... parecia lançamento de peso nas Olimpíadas e eu estava vendo a hora em que ele ia para cima do recém reformado Aldebaran (S&S 1950!). Por sorte o cabo enfim foi solto e o barquinho, como que por mágica, seguiu seu rumo - não sem antes passar a milimetros de ter o hélice enroscado no cabo da poita!
Quando eu tinha um atoll 23 saia assim daquela mesma poita, ó: ligava o motor; pedia para alguém ou ia eu mesmo soltar o cabo, esperava que a maré afastasse a proa da poita e de seus cabos e só então engatava o motor de popa, acelerava e abria para BB ou BE. Funcionava tão bem que hoje e o que eu faço com o Malagô. Enfim...
E é isso ai, vamos no pano mesmo!