domingo, 2 de junho de 2013

Travessia Ubatuba - Guarujá - Parte Três


Continuando, acordamos às 06h30. Guardamos o motor de popa e subimos o bote. O sol já havia nascido. Liguei o motor, rezei e soltei os cabos da poita. Partir na sexta dá azar. Isso não saia da minha cabeça. mas a previsão do tempo me deva apenas essa janela. Fiquei pensando no romano Públio Claudio Pulcro. Comandante da esquadra romana na primeira guerra púnica (a data eu não lembro ao certo, mas faz muito tempo) ele não conseguiu ler a sorte no ventre dos frangos do templo, pois eles recusaram alimento por dias a fio. Enraivecido, as jogou no mar. Consta que Pulcro teria dito:  "se não querem comer, deem de beber!". De volta a Roma ele se deu mal porque não acreditou nos sinais... O que pouca gente conta é que se não tivesse esperando os frangos comerem desde o princípio e atacado de uma vez, não teria perdido Cartago para Aderbal, pois ele ainda não estava preparado...

E como estar preparado é tudo (Hamlet, ato V, cena II), e preparado eu estava, entre a lógica e a crendice abracei a lógica. Farewell, Ribeira!

Fiz a volta no Agenores. Dei tchau para o "Negão", o marinheiro que mora a bordo daquele belo trawler feito pelo estaleiro Flab. "- Boa navegação", me disse ele. Olhei a poita do Piano Piano, vazia e não gostei. Vi outro veleiro no lugar do Gigante (que ficou em QAP no 68 caso eu precisasse). Por um lado, eu não queria sair da Ribeira. Gostei muito de lá. Mas barco longe (e um barco especial como o Malagô), é muito difícil de administrar. Eu teria que ter um "Negão" em minha vida - e isso eu não quero não (nem posso pagar) !!!

Seguimos no motor. Dois nós. Depois do Flamengo subi o giro. Três nós. Ao avistar a Ilha do Mar Virado,  chegamos na velocidade de cruzeiro: Quatro nós. Não queria forçar o barco. Um veleiro nos ultrapassou, o Thalassa. Estavam indo para a Ihabela também. Dividi os quartos de leme de hora em hora: uma minha, outra do Ivan. Logo após o Mar Virado abrimos a genoa e reduzimos o giro do motor para poupar diesel.



O céu estava plúmbeo. As bombas funcionavam a cada cinco minutos e isso me deixou feliz: a navegação não fazia entrar mais água! A bolsa de abandono ficava cada vez mais longe. A Ilha Anchieta ficou pequena a cada hora e a Ilhabela crescia. Quinze milhas em linha reta. Mar de través.




Pouco antes de chegar liguei para a base Mirela, para alugar uma poita. A diária custa R$ 80,00. Pagamos R$ 60,00 pois sairíamos de madrugada. Chamamos pelo rádio mas não houve resposta. O contato foi feito via celular, com o Almir (12 - 9719-1103). O lugar é abrigado para os padrões da Ilha (chacoalha bastante, não tem jeito). Apoitamos às 13h00, sãos, salvos e como disse o Ivan: secos. No radio porém uma chamada geral, via PYD 24, deixou a gente chateado: havia procedimento de busca para encontrar um mergulhador desaparecido: http://folhadolitoralnorte.net/mergulhador-e-encontrado-morto-hoje-31-na-ilha-das-cabras-em-sao-sebastiao/

Eu fiquei no barco enquanto o Ivan foi conhecer a Ilha. Era a primeira vez dele lá. E eu sabia que ele ia se a$$ustar um bocadinho.

A tardinha ele voltou e fez nossa janta. O cara cozinha como ninguém e em um barco o tripulante mais importante nem de longe é o capitão, mas sim o cozinheiro. Aproveitamos e inauguramos o tabuleiro de xadrez do Velho Mala. E até agora eu fico sem saber qual é castigo para quem ganha de lavada do CAPITÃO!!!!


Continua...

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