domingo, 9 de outubro de 2011

Chart plotter GPS "Caseira"

Boas!

Velejador gosta de soluções eficientes e econômicas.

A eletrônica hoje em dia está muito em voga e o tal do GPS parece ter virado o capitão de muito barco. Nos meus  barcos a coisa não é bem assim. Neles quem manda são Netuno, Éolo e, após esses dois, eu. O GPS não navega para a gente, mas com a gente e é uma ferramenta bastante interessante, se bem utilizada. Mas atenção: não é o único método de determinação de posição que o navegante deve dominar!

Essa semana montei uma chart plotter interessante e que funcionou de forma eficiente e econômica (custo total R$ 1.047,00).

A receita é simples:

INGREDIENTES:

01 notebook 

Eu montei o sistema utilizando um notebook samsung que comprei naquelas promoções relâmpago do Extra por R$ 899,00. Mas penso que Netbooks são melhores para esse fim, pois suas baterias duram mais! É verdade que eles têm menos recursos que os note, mas tempo de bateria é essencial. O meu tem no máximo quatro horas. Alguns netbooks  têm fonte de alimentação 12 v. Eu tinha um desses, da Asus, mas a tela LCD quebrou. Esse tipo é ideal pois pode ser alimentado pelas baterias do barco...

01 antena receptora GPS

Montei o sistema com uma antena receptora GPS MOUSE vendida pela internet por R$ 148,00 pela empresa Trilha21. A instalação é simples (apenas um driver, disponibilizado no site do vendedor e roda em Windows - até o 7 - e Linux). O cabo tem  1,8 metro e a base da antena é imantada e resistente à água. O datum é o WGS-84.

Software de navegação compatível com o protocolo NMEA-0183 e Cartas Náuticas Digitais

Montei a minha chart plotter amparada no Seaclear, que assim como as cartas náuticas digitais podem ser baixadas no site da MARINHA DO BRASIL e, o melhor: GRATIS!

O Seaclear é bem completinho e além do básico (posição atual na carta e em dados - Lat/Long - , velocidade e curso), permite planejar e executar rotas de forma bastante completa, fazer anotações nas cartas, organiza o diário de bordo, marca a trilha do barco e o segue em automático (ou não).


MODO DE PREPARO:


Instale os drivers do receptor GPS, o Seaclear e as cartas. Ligue o receptor na saída USB e pronto, comece a navegar!




O "mouse" da foto na verdade é uma antena receptora de GPS.




Em vermelho a posição do barco. À direita, dados básicos de navegação.



E vamos que vamos!

domingo, 2 de outubro de 2011

Fitzroy...

Pois é, o mundo é mesmo um lavabo de tão pequeno.

Em dezembro de 2009 fizemos um charter na Ilha Grande, com os nossos amigos  Marcela e Ulisses. Na marina que serve de base para o Coronado havia um Atoll 23 em uma carreta, meio largadão (na verdade, totalmente abandonado) de nome Capatosta. Ficamos namorando o barco, pensando em trocar o nosso barco de então, o Brisa, por algo maior.

Vendemos o Brisa após três dias de anunciado, no carnaval de 2010.O mundo girou um bocadinho de nada e acabamos encontrando em Paraty o Peixe Vela, um Rio 20 que virou Cusco Baldoso e que nomeia esse blog (o qual, para a minha surpresa, nos trouxe vários amigos pelo mundo!). Ficamos lá por uns dois ou três meses, tempo suficiente para algumas aventuras e para encomendar a dona Alice para a cegonha, na páscoa de 2010 (o que a torna, de certa forma, cidadã paratiense). Trouxe o barco para Santos em uma travessia repleta de equívocos, mas rica em revelações, todas muito úteis.  A vida, de uma forma ou de outra, acaba separando o joio do trigo. E isso é muito bom!

Nos instalamos na Náutica Chinen, no canal de Bertioga. Quando a Alice estava prestes a nascer, em 28/12/2010, chegou um barquinho conhecido na marina... O Capatosta, comprado pelo Fabio, de São Paulo. Acompanhei a reforma de perto, feita em grande parte pelo Pirulão e ajudei um bocado. Depois de alguns meses o Atollzinho, que virou  Fitzroy (em homenagem ao capitão do HMS Beagle), virou vizinho de poita do Cusco Baldoso, Rio 20 já famoso por sua habilidade em nos levar até ali e trazer de volta, em segurança. Mas nunca navegou... apenas boiou e boiou, ao sabor das fortes correntes do canal.

Quatro meses depois fiz uma bela e grande reforma no Cusco. E antes que a mesma estivesse completa recebi uma oferta irrecusável e, sob muitos protestos da Almiranta, vendi nosso barquinho. Esse foi o primeiro equívoco. Houve um segundo: iniciei a construção de um catamarã 21 pés, projeto James Wharram, modelo Tiki 21 que batizei de Baldoso.

O inverno passou, começou a esquentar, a fazer sol... a Alice já estava durinha e muito, muito curiosa... E nas minhas previsões mais otimistas ainda levaria um ano construindo o catamarã... Perdoai-me, Senhor, mas sou fraco... Não consegui esperar. A construção naval não foi feita para os arianos, ainda mais para aqueles que têm aries no ascendente.

Reencontrei meu amigo Sêneca e sua carta a Paulino, "Sobre a brevidade da vida" e, nela, duas passagens que me fizeram ver tudo com outros olhos (ou com os olhos de sempre):  "Pequena é a parte da vida que vivemos. Pois todo o restante não é vida, mas somente tempo" "Que tolice dos mortais a de adiar para o quinquagésimo ou sexagésimo anos as sábias decisões e, a partir daí, onde poucos chegaram, mostrar o desejo de começar a viver"

Se é preciso coragem para desdizer o oposto do que dissemos antes, eu sou deveras corajoso. O Tiki 21 não é  o nosso barco. Nunca foi e eu  só não vi isso porque não quis. E eu nunca fui talhado a passar dias confinado, construindo algo para ser usado no futuro longínquo e incerto. Simples assim.

Quando levei o casco pronto do Tiki 21 para a marina do Oscar Chinen, descobri que o Fitzroy tinha sido vendido e levado para o Rio de Janeiro, de volta para Angra dos Reis. "Perdi ele de novo!" - pensei. Naquele dia decidi que compraria um barco. E seria um Atoll 23, pois apesar do desejo por um 30 ou mais pés, o caixa ainda não permite a ousadia. Comprar é fácil, difícil é guardar e mais ainda, manter.

Visitei vários barcos, em especial dois Ranger 22, um Ranger 26 (mas os runners me fizeram desistir), dois Atoll 23 e três O'day 23. Em uma dessas idas e vindas encontrei o Rodrigo, um carioca gente fina  que tinha um Atoll 23, em Angra, para vender. O nome do barco? Fitzroy.


A capa da vela revela um conflito de identidade: Fitzroy ou Capatosta?! Ainda tem uma plaquinha lá dentro com um terceiro nome: Gita III. Na próxima visita vou resolver isso. Ainda bem que não acredito mais em certas superstições.... 

O barco me foi entregue na Marina Pier 46, em Paraty, no dia 30 de setembro. O catamarã será terminado, mas  sem compromisso com "quando". Sem remorsos... (se bem que seu eu não terminar, segundo a Priscila, levo uma surra... mas como ela não me deu prazo para isso, a gente vai levando, torcendo para ela não ler essa parte). Talvez eu o torne um trimarã... talvez o deixe aqui e fique com o Fitz em Paraty... vai saber?! Eu, com certeza, não sei...

E assim começa a história do resto de nossas vidas... e Paraty está no centro de tudo, de novo.