sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Refeno 2014

Boas!

Estou desde ontem em Recife, no Cabanga. O Caulimaran teve problemas e não conseguiu subir para cá. Ficou em Salvador e por lá o sonho da Refeno 2014 - mas haverá 2015, 2016, 2017...  Às pressas consegui vaga no Vento Real, um MC 31 que era meu vizinho na Boreal. Depois de quatro anos de frustração dessa vez deu certo, ainda que na marra!

O barco está pronto e nós também. A previsão é de ventos de SE, de 20 nós e mar entre 2,5 e 3 metros. Se isso se confirmar iremos de través. Nosso tempo estimado para a prova é de 60 horas. Os barcos que não têm Epirb, nosso caso, só poderão deixar Noronha no sabado. Mas eu volto de avião, na quinta.

Ainda não processei direito o que é estar aqui. Mas todos que amam a vela e o mar devem fazer isso pelo menos uma vez na vida!

E vamos no pano mesmo!!!

Postado via celular

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

E agora?

Boas!

Antes de fazer uma travessia eu começo a acompanhar a previsão do tempo com pelo menos sete dias de antecedência. Minha fonte primária de consulta é sempre o boletim meteoromarinha, emitido em duas rodadas diárias pela Marinha do Brasil. No começo a linguagem dele é estranha, mas depois passa a soar natural, em especial as cartas sinóticas.

Uma outra referência é o windguru, sendo que acompanho não só a localidade onde irei navegar, mas como andam as coisas desde Floripa. Aliás, você realmente sabe usar o windguru? Se sim, deve saber que os horário ele traz deve ser corrigido em três horas, por conta do fuso. Ou seja, 12h00  UTC é, por essas bandas, 09h00.... 

Pois bem. Nessa programei com o Marcelo, do Veleiro Aphrodite - um Delta 32 com tudo o que o dinheiro pode comprar e que chega nos seis nós como se estivesse brincando no parque - levar alguns alunos para a Laje de Santos, no sábado, 13/09. Na tripulação vieram além do Marcelo e seu filho Enzo, o Eduardo, o Luciano, o Gustavo e o Tiago. 

Zarpamos às 10h52 do CIR e motoramos até a ponta grossa. Lá abrimos velas e começamos a brigar com o vento sul - a laje está justamente para aqueles lados.

É ai que entra a história da previsão. O Windguru nos dava ventos de leste, de no máximo dez nós e mar com ondas de sul, com dois metros de altura. Já a Marinha a todo instante fazia um alerta via Santos Radio: "Chamada Geral, Chamada Geral, Aviso de Vento Forte para a área Charlie - a nossa - Ventos de NE/NW, força 8".  Força 8 (entre 34 e 40 nós) é algo do tipo:



O problema é que nem o windguru nem a marinha estavam acertando a previsão. O mar estava baixo, não havia a prometida ressaca e o vento vinha da direção errada em referência ao previsto pelos dois sites. Para piorar cada cantinho da baía dava sinais de um vento vindo de uma determinada - e diferente - direção. E agora?

Ao nos afastarmos sete milhas da costa tomamos a decisão de abortar. A uma porque nosso ETA era 19h00 - e de que adianta ver a laje no escuro. A duas porque aquele aviso pelo rádio minava a confiança. Para que arriscar? Cautela e o caldo de galinha nunca fazem mal ao vivente.

Lá de fora colocamos a Ilha da Moela na proa e depois a Ilha das Cabras. Ao montá-la o vento sul rondou para leste (ponto para o windguru) e nele seguimos até a Moela, passando por dentro, onde caímos mais uma vez no famoso buraco de vento que há por aqueles lados.

Chegamos no clube ao cair da noite. O ventão não entrou no sábado. Nem no domingo. Mais uma vez a laje escapou de minhas mãos... Da próxima chamarei o Jefferson, ex-Goludo. Ele, ao contrário de mim, sabe o caminho "da pedra"!

E vamos no pano mesmo. Se tudo der certo meu próximo post será também sobre a procura de uma pedra no oceano. Mas essa está a trezentas milhas da costa de Recife!

Galeria:
Marcelo (de amarelo) e Tiago Sem "H".

Orçando em direção à laje.
Gustavo e Tiago.

Luciano.

Montando a Ilha das Cabras.
Detalhe da Península, na praia da Enseada.



O Eduardo, procurando nuvens.

Marcelo, Enzo (enrolado no casaco amarelo) e Eduardo.

A Península, lá atrás...

... e o farol da Moela, ao alcance das mãos.

Esse cara sou eu!




segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Mais três almas salvas...

Boas!

Dizem que cada pessoa que você leva para o mar equivale a um degrau a mais para o céu. Pois eu prefiro pensar que são almas que salvamos de uma vida no sofá, assistindo televisão, vendo a vida passar. Velejar faz de nós protagonistas da própria vida!

Foi nesse clima que ontem fiz mais uma instrução no Grandpa. A bordo os marujos Marcio, Hector e Carlos Eduardo, turma 09/2010 - a penúltima do ano! Apesar de ser o básico 01 a turma já tinha alguns conhecimentos de vela, o que facilitou bastante o trabalho. O mar finalmente estava baixo e os ventos de sul vinham entre cinco e dez nós até às 14h00, quando então rondaram para leste na casa dos seis nós. 

Estou mais familiarizado com o Fast 230 e para ser bem sincero, cada vez mais empolgado com sua performance. O barco é muito mais veloz que qualquer 23 que eu já tenha tripulado (muito mais!) e está muito preparado para andar bem, tendo todas as diversas regulagens muito bem posicionadas no cockpit

Seguindo o planejamento de aula fizemos o circuito em torno do ISO Vermelho, depois cruzamos a baia até a Ponta do Itaipu, seguindo para a Ponta Grossa e retornando para a Ilha Urubuqueçaba. Na volta, como já tem sido um costume, escolhi um veleiro distante no horizonte para fazer uma "interceptação". Como o pessoal estava mandando bem e as condições eram boas para isso subi a gennaker, inundamos os túneis de lançamento e destravamos os torpedos. Nessa, porém, ficamos rápidos demais e no momento de máxima aproximação estávamos a frente e a sotavento do "alvo", em nítida desvantagem de combate (deveríamos estar um pouco atrás e a barla). Foi então que abaixamos a vela para ventos folgados, desenrolamos a genoa e  voltamos para a interceptação em uma orça bem apertada. Demos um bordo e ficamos em rumo direto.... mas ai ele enrolou a genoa, ligou o motor e foi-se embora. Tem gente que não sabe brincar!

No sábado, 06/09, o Grandpa participou da Regata de Arvoredos. Para mim o perrengue da vez foi eu não ir, mas dessa vez sem arrependimentos. Era aniversário de casamento com a Priscila e havia uma grande chance de eu chegar em casa bem tarde, a ponto de inviabilizar qualquer comemoração e, mais do que isso, inviabilizar a continuidade de meus processos vitais...

Na tripulação foram os meus sócios no barco Cassio e Aruã, a Ana (namorada do Cassio) e o Roberto, ex-dono do veleiro. Depois de serem abalroados por um outro veleiro logo na largada (a ancora do "fdp" enroscou nas esctoas da mestra do Grandpa e escolherem passar por fora da Ilha da Moela, a turma completou a prova de vinte milhas em 04h33 (corrigido), fechando a raia. Os meninos saíram do clube quase 21h00 e se eu tivesse ido não estaria escrevendo essas linhas... Os homens também têm sua intuição!

E vamos no pano mesmo!

Galeria:

Carlos Eduardo (de boné), Marcio (ao fundo) e Hector (de camiseta vermelha). 

Orçando...

... a mais de 5 nós na merreca!

A gennaker...

... além dessa vela o Grandpa possui três balões simétricos, de diferentes tamanhos.

As marés de setembro atrasam um pouco as coisas.

Aruã...

... Ana ...

... Cassio ...

... e o tracking do Grandpa na Regata de Arvoredos: falta de sorte e pequenos equívocos. 

terça-feira, 2 de setembro de 2014

O teste da cana de leme

Boas!

No útlimo final de semana fui com as meninas para a Ribeira, dessa vez pelo "caminho novo". Sempre sofremos muito com a Rio Santos, sua pista simples e vários trechos de encostas. O visual é lindo, mas para percorrer 200 km levamos quatro horas. Um absurdo. Com a inauguração do trecho leste do Rodoanel resolvemos experimentar ir pela Imigrantes e de lá pegar a Carvalho Pinto e descer por Taubaté ou Caraguá. Deu certo e não queremos outra vida: rodamos 100 km a mais, mas fazemos no mesmo tempo e gastamos bem menos combustível, o que acaba compensando os pedágios. 


No sábado o tempo estava excelente para velejar: muito vento (e frio). Mas com as meninas não seria uma boa ideia. Aproveitei para colocar a casa em ordem obedecendo "a regra dos seis meses": se não usei nos últimos seis meses e não é um item obrigatório ou essencial, o destino é o lixo! Com isso esvaziei dois armários com coisas que nem sabia que tinha. Almoçamos no Porto do Cais, restaurante da Ribeira que foi reinaugurado (deve ser a décima vez). O ambiente continua agradável, mas o atendimento continua sofrível e a comida fraca. A novidade é que agora eles tomaram a decisão de não mais servir pratos individuais. Então paga-se R$ 70,00 por um prato feito que vem em travessas separadas. Eu não sou mão de vaca, nem de longe, mas tem coisa que é demais até para quem é gastão. Sugestão? Fuja e colabore para a próxima reinauguração.



No domingo, depois de tomarmos café da manhã no Itaguá, finalmente sai para velejar com a cana de leme. Ahhhh.... era tudo o que eu sempre quis para o Malagô! Ficou mais pesada do que a roda (até porque a roda não tinha peso nenhum) e tem aluno que irá reclamar. Em compensação o barco está "na mão" como eu sempre achei que tinha que ser. Além disso ele perdeu o atraso que tinha para executar os comandos. Na roda você girava para bombordo e ele não fazia nada por alguns segundos, até obedecer. Na cana ele responde quase que na hora. Além disso o raio de giro diminuiu bastante, o que aumentou nossa segurança. Consegui passear entre os veleiros da Ribeira sem  sustos. A ré também melhorou e passou a me obedecer (coisa que nunca havia acontecido). Além disso o espaço que ganhamos à ré é sensacional, além do acesso melhor ao paiol de popa. Para não dizer que a cana está perfeita eu poderia diminuí-la um pouco, mas deixarei para tomar essa decisão depois de fazer uma travessia mais longa. 



Antes que me atirem pedras (pois a maioria tende a acreditar que a roda é melhor) eu digo apenas e uma vez mais que a roda é excelente em veleiros que foram planejados para ter uma e que a têm bem balanceada. Esse não era o caso do Malagô. Nunca foi.

No fim da tarde, pouco antes de irmos embora, o ventão entrou na Ribeira e fez uma procissão de veleiros voltar correndo para as poitas, o que mostra que a gente não sabe mesmo velejar. Pena.

E vamos no pano mesmo!