terça-feira, 26 de setembro de 2017

Desafio Africa do Sul - preparativos

Boas!

Pois é, agora vai.

Nosso Desafia Cusco Baldoso Africa do Sul 2018 está oficialmente confirmado.

O item mais importante, tripulação, está completo para a ida: José Spinelli Neto (capitão), Juca Andrade e Alan Trimboli, todos instrutores da Cusco Baldoso. 

Dizer que o Soneca está pronto é redundância. Ele sempre está pronto para partir. Porém o Tio está caprichando ainda mais, se é que isso é possível.

O leme de vento foi todo revisado e ele corrigiu alguns "erros de projeto". 



A bateria do Epirb foi trocada.



A balsa salva vidas já está em Santos comigo para a revisão. Até lá estamos usando a do Fratelli, cedida gentilmente pelo amigo Marcelo Damini.


As ferragens para a gennaker já estão instaladas (gurupés e tope).





Os remédios já estão sendo providenciados. Apoio da Pharmacia Essencial, do amigo Eduardo Colombo.

As velas - mestra, genoa e gennaker - já foram encomendadas ao Arnaldo Andrade, da Cognac.

O César Pastor, capoteiro de primeiríssima, nos presenteou com capas para vigias e gaiutas e bolsas para cabos. Eu comprei o Malagô do Cesar e continuei amigo dele depois disso, rs. Isso mostra quão bacana ele é.

Comprei um telefone por satélite Spot. Mas a área de cobertura não nos atende nessa viagem. Iremos levar um Inmarsat, cedido pelo Phillipe , do veleiro Kilimanjaro.

Tenho feito exercícios físicos regulares e comecei o check-up completo (médicos e dentista). Minhas asma está controlada. O medo, sempre, é a apendicite... mas isso não tem muito jeito.

A lista ainda é grande. Falta comida, o que para o Tio acaba sendo sempre o item mais complicado. Eu estou aprendendo a fazer pão e a cozinhar. Estar morando sozinho tem me ajudado nisso. Tem dias que a comida sai intragável. Outros, até repito. O pão, porém, tem sempre saído bom, com a ajuda da Alice. 

Hoje é dia de pizza... vamos ver como fica.




Sairemos de Ubatuba para Cape Town entre os dias 01 e 07 de janeiro. Eu e o Alan faremos apenas a ida. Nossa volta para o Brasil deverá ser no carnaval, dia 12 ou 13 de fevereiro. Serão mais de três mil milhas náuticas sem escalas - com sorte veremos Tristão da Cunha passar por nós, ao norte. A travessia deve levar entre vinte e cinco e quarenta dias.

Em tese teríamos mais uma vaga para a ida, porém, decidimos priorizar preencher vagas para a volta - o Tio ainda está em solitário nessa... Por que você não vem com ele?!



E vamos no pano mesmo!

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Quem tem medo do lobo mau?

Boas!

Quem tem medo do lobo mau? Acredito que nem mesmo minha filha Alice, de seis anos, tem. Mas do Velho Lobo do Mar... Ah, desse eu me pelo de medo!

Ano passado, se a memória não me falha, um desses velhos lobo do mar foi contratado para levar um veleiro de vinte e três pés do Rio de Janeiro para Ubatuba. A história está melhor contada no blog do Vivre, do Walnei Antunes. Em linhas gerais o sujeito era um capitão muito experiente, um velho lobo do mar, velejava desde espermatozoide e, contrariando a previsão de ventos fortes (contrários), ressaca e as súplicas para que esperasse dois ou três dias, saiu mesmo assim. A travessia durou poucas horas. O barco capotou antes mesmo de sair da Guanabara.

Como eu disse, me pelo de medo de velhos lobos do mar.

Nos dias 01, 02 e 03 de setembro deste ano gravamos um episódio do #SAL em Ubatuba, sob a batuta do Spinelli e a bordo do Soneca. O tema foi um curso de vela apenas para mulheres de velejadores. Foi nossa segunda experiência nesse sentido, ano passado fizemos um em parceria com a ABVC.

As meninas pegaram ventos de 35, quarenta nós, com a mestra na segunda da forra e storm. Estão apaixonadas pela vela. Isso mostra que com a orientação adequada, com um barco forte e bem preparado, qualquer um pode enfrentar condições adversas sem quebrar o barco, sem fazer água e, o mais importante, sem machucar ou traumatizar ninguém.

Um veleiro não deve ser um espanta família. Pelo contrário, ele é um local onde a família pode passar tempo de qualidade. E tempo em família hoje, é nossa maior riqueza.

Veleiros e agendas não combinam. 

Hoje em dia, só pega porrada quem quer. 

Os grandes navegadores que conheço, e conheço alguns,  antes de qualquer travessia se preparam, preparam o barco, estudam a previsão. 

O que aquele velho lobo do mar  fez é um lamentável exemplo daquilo que a vela não é. E um exemplo a não ser seguido, embora haja por ai alguns neófitos com complexo de inferioridade que querem provar algo para alguém, ou para si mesmos. O fato é que ninguém que tenha  zero preparo, esteja com um barco que  mal conhece ou inadequado, e que não tinha tripulação treinada, deve se lançar deliberadamente ao mau tempo. E quem tem preparo de verdade, espera a condição certa antes de ir de Santos para o Rio de Janeiro, ou "só até ali" (minha especialidade).

Peço perdão a quem não concorda, mas esse tipo de pessoa representa tudo aquilo que eu acredito que não deva ser feito no mar. 

Ganha-se experiência? Olha... Ser devorado por um leão também é experiência. E não faz disso ninguém melhor.  Ir para o mau tempo, mesmo que seja para aprender, significa que se fará uso das técnicas de velejar em mau tempo. Capear. Rizar. Correu com o tempo. 

A Cusco Baldoso já formou mais de duzentos velejadores. Há quase uma centena de barcos de alunos por ai. E nunca ninguém se traumatizou, machucou ou perdeu o amor pela vela ou o principal, o respeito pelo mar. 

Não se enganem, o velho marinheiro sabe que ele nunca venceu a tempestade, foi o mar que deixou ele passar.

E vamos no pano mesmo.