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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Dados técnicos do Atoll 23

Boas!

A exemplo do que fiz com o Rio 20, a seguir disponibilizo alguns dados técnicos sobre o Atoll 23, projetado por Roberto Mesquita Barros, o Cabinho e fabricado pelo estaleiro Multiglass até os primeiros anos  da década de 80, quando então a indústria náutica brasileira entrou em colapso (do qual, aos poucos, começa a se recuperar):




Ainda é cedo para colocar minha opinião de proprietário, mas assim que conhecer bem o barco o farei.

Bons ventos!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Centro de gravidade em velas aluadas...

Boas!

Ao tomarem conhecimento das alterações do Cusco, muita gente tem me perguntado se com o deslocamento do centro de gravidade o barco não iria adernar demais. Minha resposta sempre foi que essas velas se comportam de forma diferente das triangulares, pois "abrem" a valuma nas rajadas e quando a escota é folgada, o que reduziria o adernamento do barco.

Mas hoje o Arnaldo Andrade deu uma aula a respeito no fórum da revista náutica e, por isso, peço licença a ele para transcrever sua explicação, muito mais técnica e adequada que a minha:

"A pergunta é pertinente porque fomos toda a vida embalados pela idéia de que o centro de esforço de uma vela coincide com o seu baricentro geométrico, considerando-se a vela como uma figura plana. Ora, isso mal-e-mal é verdade em velas triangulares. Nas velas fortemente aluadas o raciocínio tem que ser outro. E porque? Porque as velas são figuras tri-dimensionais "em hélice". Significa que se criarmos segmentos de reta horizontais chamados "cordas" entre a testa e a valuma da vela, essas cordas não serão paralelas entre si: as inferiores farão um ângulo de cinco a dez graus com a linha de centro do barco (isso no contravento) ao passo que as mais altas chegarão a ângulos de 18-22 graus em barcos mastreados ao tope e velas fortemente aluadas. Essas áreas mais elevadas da vela geram mais força propulsiva e menos arrasto do que as equivalentes nas velas triangulares (vetores adequadamente "torcidos" para frente). Então o centro de esforço sobe mas o momento adernante (criado apenas pelo componente da força total perpendicular ao plano da mastreação) não sobe tanto. Isso se percebe quando se veleja esse tipo de vela em barcos adaptados, que antes não a tinham.

Além do mais a vela fortemente aluada de valuma responde rapidamente nas rajadas e de duas formas (1) dinamicamente, isto é, de forma automática, e (2) manualmente, isto é, mediante alívio na escota e/ou no traveller. Os DOIS comportamentos são muito mais óbvios e eficientes nas novas velas aluadas o que traduzido em miúdos quer dizer que as novas velas são mais dóceis nas rajadas.

E por conta de tudo o que está escrito acima que essas velas, apesar de uma subida perceptível no centro de esforço aerodinâmico, comportam-se muito bem, tanto em barcos para ela adaptados quanto em barcos novos. Como se viu, esse melhor comportamento está ligado a fatores geométricos, aerodinâmicos e construtivos (especialmente nas velas de layout tri-radial).

SDS


Arnaldo Paes de Andrade".

É isso ai, quem sabe sabe... e enquanto isso, até sexta-feira o Cusco deve vir para o seco.

Bons ventos!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Observações sobre o Rio 20

Boas!

Já postei aqui no blog informações técnicas sobre o Rio20. Mas não coloquei minha opinião de proprietário. Então, vamos lá!

No meu caso eu buscava um veleiro de oceano pequeno, robusto, fácil de manter ($$) e capaz de ser velejado por apenas uma pessoa. Algo como um Brisa (meu antigo barco, um Daysailer), porém mais robusto, capaz de enfrentar o mar sem receio de capotar e entrar em uma fria, mormente navegando em solitário.

Pois o Rio20, com seus 300 kg de lastro e armado como um grande monotipo satisfez todos esses requisitos.

Pontos fortes:

1) Boa relação custo benefício: pode-se conseguir um Rio20 em bom estado por cerca de R$ 20.000,00 (sem motor). Além disso, a maioria das marinas cobra a estadia com base no número de pés da embarcação. Nesse caso, o Rio 20 é mais atraente que um 23 pés, sendo que possui em linhas gerais o mesmo rendimento. Se o preço do pé for R$ 20,00, por exemplo, ao invés de R$ 460,00 por mês você irá pagar R$ 400,00. Em um ano isso representa R$ 720,00. Com esse valor é possível fazer a pintura anual do fundo, que todo barco guardado em vaga molhada necessita.

2) É um projeto do Cabinho, o que significa dizer que é seguro, marinheiro e na medida do possível para sua faixa de tamanho, bem resolvido internamente (tem vários guarda trecos, o que as mulheres adoram!);

3) A mestreação ao tope faz com que ele aguente muito pano em cima e aceite uma boa variação de tamanho de velas, o que permite um ótimo aprendizado para quem, no futuro, busca um barco maior.

4) O calado é baixo (1,05m), permitindo chegar bem perto das praias;

5) O leme é leve e responde rápido aos comandos. É um "monotipão"! As escotas são leves (dificilmente vocé usará uma das duas catracas) e as adriças sobem com facilidade. O enrolador de genoa facilta um bocado as coisas e pode ser do tipo sem foil (muito mais barato). No Cusco consigo fazer tudo de dentro da segurança do cockpit.

6) O tanque de água (70 litros) é bem razoável;

7) O sistema elétrico é bem resolvido e alguns LEDS iluminam toda a cabine;

8) O leme é interno;

9) O barco enfrenta bem as ondas e a velejada é "seca" (dificilmente você irá se molhar);

10) De olho na previsão e com certo planejamento é possível fazer pequenos cruzeiros de final de semana. Vai parecer que não, mas a melhor cama é a de casal, na proa!



Pontos negativos:

1) Cabine muito baixa (mas é um 20 pés, não dá para querer milagres!).

2) Projeto antigo, de popa fechada e proa curva;

3) Cockpit muito apertado e acanhado (é um 20 pés, lembra?!). Se velejar em 04 ou mais pessoas (a lotação é de 06 para passeio e 04 para pernoite) distribua o peso colocando gente na proa, nas laterais e no cockpit. Isso para manter o barco equilibrado e não afundar muito a popa, freando o veleiro. Eu não velejo com mais do que 04 pessoas, por questão de conforto;

3) A instalação de um banheiro rouba muito espaço. Se a dona patroa encarar, o melhor sistema é o balde mesmo!

4) Na orça ele aderna bastante. Não se assuste, ele não vai capotar!

5) Depois de um tempo você vai querer um barco maior. E, como muitos já me disseram, vai sentir saudades do valente Rio20.

É isso ai!!!


















O Cusco na Ilha de Cedro - Paraty - Abril de 2010