segunda-feira, 24 de junho de 2013

Boiando em Guarujá...

Boas!

Nesse final de semana (domingo) eu deveria dar aula para o Kleber e para o Luiz Malito. O Luiz já é nosso conhecido, fez curso com a gente em abril desse ano e está a cinco minutinhos de comprar um mega veleiro. Aliás, cabe observar que tem muito ex-aluno de nossa escola de vela inflacionando o mercado. O Marcello Yesca já saiu do "movimento dos sem barco", comprando um albatroz 27 e há ainda outros três na busca incessante pela melhor embarcação. Um deles, o Ivan - o cozinheiro, anda sofrendo com o pé direito baixo dos barcos que vê. Acho que o Malagô elevou os parâmetros do rapaz muito para cima! 

Já a história do Kleber é fantástica: ele (brasileiro) e seu amigo Paul (inglês) comparam um veleiro em Nova Iorque. O barco está lá. O plano deles é assim que possível (leia-se, assim que o barco estiver equipado), descerem para uma temporada no Caribe e, de lá, seguirem via canal do Panamá e Galápagos para  casa. Detalhe: eles moram na Tailândia!  Enquanto o dia da partida não chega,  eles (o Kleber e o Paul) têm feito cursos de vela ao longo do mundo todo. 

Semana que vem tem mais, pois ao contrário dos 50 tons de cinza do Ricardo Stark (meio gay isso, hein imediato?!) , por aqui houve calmaria...


Como não ventou (vide a cara de bravo do Luiz) aproveitamos para nos aprofundarmos nos fundamentos de navegação costeira, usando régua de paralelas e cartas de papel. Pois é, ainda tem gente que sabe usar essas coisas!

E é isso ai, vamos no pano mesmo!

  


quarta-feira, 19 de junho de 2013

Dia de encanador...

Boas!

Hoje acordei bem cedo e fui trabalhar. No Malagô. Às nove da manhã, depois de um belo café da manhã (em casa), estava eu a bordo do velho Mala. Missão:  dar um jeito na hidráulica. Desde que cheguei de Ubatuba só tinha água doce na pia do banheiro. A pia estava seca e o chuveiro de popa também.

Comecei mandando embora a bomba de água que estava a bordo - tão velha quanto o barco! Ocupava um armário inteiro e parecia uma locomotiva alucinada. Comprei uma jabsco de 1.9 gpm, automática. Ela tem vazão suficiente para alimentar até dois chuveiros ao mesmo tempo (ou torneiras) e é acionada assim que se abre o chuveiro ou a torneira (não é preciso apertar botãozinho).  No Mercado Livre estava custando em média R$ 380,00, sem o frete. Fui até a Mar Matos e lá custava - a mesma bomba - R$ 370,00. À vista e no dinheiro (o mundo é sempre mais barato assim), saiu por R$ 350,00 e eu levei para casa na mesma hora (os correios têm me dado uns furos).


Mas a tarefa levou o dia todo. Estava tão confuso entender o esquema hidráulico que adotei a solução Juca Andrade: arranquei tudo e refiz do zero. Deu menos trabalho do que entender aquele emaranhado de mangueiras ressecadas, conexões vazando e registros carcomidos. Agora todas as mangueiras estão em ordem e conexões só de bronze - nada de plástico (ai meu saldo!).

Ainda não terminei, é verdade. Mas a pia da cozinha já funciona (ganhou uma torneria nova), a da pia do banheiro e o chuveiro de popa. Falta fazer a ligação para o chuveiro do banheiro. Seria a hora ideal de instalar o boiler ...  Mas eu reluto muito em ter água quente no barco. A impressão que tenho é que os quatrocentos litros dos tanques irão embora em um único banho quentinho.

A próxima saga é o GPS - sou só dúvidas.

E vamos de chuveirinho mesmo!

domingo, 16 de junho de 2013

Vizinho do Cusco Baldoso...

Boas!

O Malagô está de casa nova e é vizinho do Cusco Baldoso (o novo dono vai trocar de nome, mas ainda não o fez). Ter ficado um tempo longe do atollzinho me fez bem, pois olho para ele e já não o sinto mais meu, nem me importo (tanto) se estão limpando ou não o fundo. Ainda bem, pois já tenho problemas demais com o meu próprio barco!

Semana passada instalei um painel solar de 50W (comprei no Mercado Livre). Ele gera cerca de 25 amperes por dia. A conta é simples e até eu sei fazer: 50 W / 12 V =  4,16 Amperes por hora. Em um dia, ele gera essa amperagem ao longo de seis horas em média. Logo 6 x 4,16 =  24,96 Amperes.
Detalhe do painel solar e do meu vizinho de  poita: o Cusco Baldoso!

Meu consumo maior vem da bomba de porão, que consome 8 amperes por hora. Em sua situação normal (como agora) as bombas do Malgô funcionam meia hora por dia no total. O consumo de 4 amperes por dia, está, assim, plenamente garantido e com folga para em uma situação emergencial, como a que eu enfrentei  não haver falta de energia e alagamentos (na crise o consumo chegou a 16 amperes por dia). Coisas que só com o barco perto dá para fazer.

Por falar nisso, apesar de tudo (de bom) que eu achei de Ubatuba, para o Malagô a Ribeira agora será apenas destino transitório e base de apoio para o curso de vela. Aqui custa mais caro e é mais feio, mas não dá para ficar longe do Velho Mala. Hoje em menos de uma hora eu estou a bordo, sem precisar incomodar ninguém - não é, Stark?!

Hoje termnei de consertar o quadrante. Faltavam alguns ajustes. Troquei o cabo de aço de 6 mm por um de spectra de 6mm. Troquei também o esticador. O antigo era de furos, já os novos são duas belas peças da Ronstam que eu usaria na troca do estaiamento do Cusco Baldoso. Quem guarda, tem. A spectra nesse caso tem três vantagens: 1. Resiste melhor do que o aço à torção do cabo, que foi a causa do rompimento do meu quadrante; 2. Para uma mesma bitola a carga de ruptura é muito maior, no caso 2.300,00 kg/f e 3. qualquer conserto é feito na base do lais de guia e do nó oito, enquanto o aço precisa de nicopress. Além disso, assim como o aço a spectra tem baixissimo estiramento sob tensão.
O cabo de aço do quadrante foi substiuído por um cabo de spectra e a tensão vem de um super esticador de aço inox da Ronstam!

Quanto a subir para fazer o fundo estou esperando o Pirulão, meu marinheiro e ajudante, temrinar a pintura de um outro barco. Acho que esse serviço agora só em julho ou agosto. Não tem mais pressa! Hoje mergulhei e para minha surpresa o casco está limpinho, sem nem limo mesmo após mais de um mês desde a última limpeza. Não estou reclamando, mas já era para ele estar muito sujo!

Semana que vem vamos para o mar de novo, dar aula! Eu já ando com banzo do mar...

O Malagô, sob um céu de Monet...

E vamos no pano mesmo!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

ACHEIIIIIIIII!!!!!!!!!!!

Boas!!!


Ontem, finalmente, achei o "fuio".

Não era "fuio": era "pino frouxo". Não que eu esteja ficando louco (embora tenha ficado muito perto disso).
A água vinha de um parafuso do túnel do eixo do motor. Com a vibração ele afrouxou. Foi só entrar lá (essa parte foi difícil) e dar uns dois ou três apertos. Minha vida voltou ao normal. Quero nem pensar na despesa e no desassossego que esse danado me causou. Ainda bem que tenho médico na quarta, kkk.

Ficou a lição, a ajuda dos amigos e vamos que vamos, agora mais do que nunca: no pano mesmo!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

- Alô, é do navio?!

Boas!

Durante nossa travessia, ainda em Ilhabela (e antes da quebra do quadrante da roda de leme) o Ivan ficou olhando para os navios no Porto de São Sebastião. Queria ver se encontrava o João Cândido, o maior petroleiro brasileiro. Ele estava impressionado com o navio pois vira uma maquete no museu de São Francisco do Sul/SC. Nenhum deles era.

Mais tarde, já depois da Ilha de Toque Toque, havia um baita "naviozão" fundeado. Ele me perguntou se não seria o João Cândido e eu, santista que vê navios a toda hora (até da janela da casa nova), disse: -"Nada, esse nem é tão grande assim".

Pois é... quando deu para ler o nome do danado, não é que era o João Cândido? Depois dessa bola fora   eu não poderia deixar essa passar em branco. Então perguntei: "- Ivan, você já conversou com um navio?"


O João Cândido foi construído em PE e lançado ao mar em 2012. Possui 274 metros e tem capacidade para transportar  1 milhão de barris de petróleo, o que representa metade de nossa atual capacidade de produção.

Menos de um minuto depois, ouvi o seguinte diálogo:

"- Atento João Cândido, Atento João Cândido, copia veleiro Malagô?
- Malagô, aqui João Cândido  - canal 17.
- João Cândido, aqui é o Ivan, do veleiro Malagô, saindo de Ilhabela com destino ao Guarujá. Vocês poderiam informar se nos veem na tela do radar? 
- Positivo! Qual sua posição?
- Través de Toque Toque.
- Veleiro, não vemos nada não... - foi a resposta após alguns segundos.
- Positivo João Cândido, muito obrigado e QAP 16.
- QAP 16! Boa navegação".




Nosso refletor de radar não foi visto pelo João Cândido, o maior petroleiro brasileiro. Estamos às cegas no mar, ninguém nos vê no radar!!! Preciso reparar isso também, instalando um novo refletor, mais alto e mais eficiente. Haja saldo...

E vamos no pano mesmo!



domingo, 2 de junho de 2013

Travessia Guarujá - Ubatuba - Final



Está acabando, ufa!

Meu plano era sair de Ilhabela as 03h00. Mas a noite via facebook, fui lembrado que não conheço bem o canal de São Sebastião. O quintal da minha casa é outro e a noite e com os ventos da Ilha tudo é mais difícil. Abortei a missão. Sairíamos ao nascer do dia. Destino: Guarujá, Pier 26.

Foi nossa sorte. Não fosse essa alteração e provavelmente nosso destino teria sido outro, bem pior. E eu não falo do Guarujá, mas do fundo do mar. 

Contei os segundos no relógio. Precisamente às 06h00 soltei o cabo da poita. Manobrei devagar e em poucos minutos estávamos no canal, indo para casa. Toquei até o Porto de São Sebastião e depois que cruzamos a balsa, abri a genoa. Ventava bastante, mais de dez nós, ora de proa, ora de través. Motor ligado para poupar baterias. Marolas grandes na popa. O leme, acostumado com anos de Ubatuba e Paraty, sofria ao receber um "mar de verdade" de novo. Quando tínhamos a laje dos moleques, pedi para o Ivan colocar o cinto. Subiríamos a mestra. Eu estava no leme e ele no mastro, preparando a vela. Foi ai que aconteceu. Senti um esforço mais forte no leme e plact: a roda começou a girar em falso, livre, leve e quase solta. Ainda tínhamos o leme, mas não tínhamos como controlá-lo. Um cabo de aço que faz o vai e vem  do quadrante (peça que controla a relação leme x roda de leme) partiu.

Estivéssemos bem longe de terra e seria moleza: abaixaríamos os panos e faríamos o conserto. Esse é um ponto sempre complicado de explicar para quem não navega. Quanto mais perto de terra, mais perigoso é. E esse era o nosso caso. A costa estava logo, logo ali!

Gritei para o Ivan: "- Emergência". Ele, ainda sem saber qual,  veio até o leme, se soltou do cinto e ficou de prontidão. O plact ocorreu às 07h15. "- Vamos enrolar essa genoa. Pode ser difícil com esse vento", disse para ele. Mas ela enrolou fácil. O barco então apontou para a terra, para a laje dos moleques, rumo direto. Dei ré no motor, que ainda estava ligado. Mas o barco continuava indo. Liguei o eco: 27 metros! Ancorar não seria a melhor opção. Mesmo se a ancora pegasse (duvido), jamais recolheríamos o cabo e a corrente naquelas condições. Só restava tentar a cana de emergência. Era preciso tirar um parafuso apertado, tirar o quadrante e instalar a cana. Com a ajuda do Ivan consegui isso em menos de dois minutos. Às 07h18 estávamos de novo no controle do barco. A laje estava a apenas poucas centenas de metros. Seria o fim. Ufa! E eu sei lá porque marco esses horários com tanta precisão...

Depois desse susto o Ivan caprichou no café da manhã. Minha boca estava seca. As mãos tremiam. Mas a coisa só funcionou porque mentalmente eu já tinha  ensaiado mentalmente o que fazer caso aquilo acontecesse. E de tempos em tempos eu tenho essa neurose. Então, na hora, os passos foram meio que automáticos. Estar pronto... 

Desisti de subir a mestra. Fomos no motor até passar a Ilha de Toque Toque. Céu azul. Mar mais calmo, pois os efeitos do canal de São Sebastião (que estrangula a maré e os ventos) já não eram sentidos. Mas levar o mala na cana era difícil. Ela está mais curta que o original e o leme fica muito pesado. Como disse o Ivan, na verdade ele mexe quando quer. Tocamos para o Montão de Trigo. Dei uns telefonemas e achei melhor seguir para o Chinen. Mudamos a rota para o canal de Bertioga (na verdade, era só continuar navegando no rumo verdadeiro 270º a viagem toda).

No través de Maresias.

No través de Boiçucanga resolvi levantar a mestra. Vento NE. Aproamos com terra. Mas as talas enroscaram no lazy-jack e virou um pandemônio. Baixei e ela saiu da guia, despencando no convés. Enrolei tudo do jeito que deu (e não foi bonito) e abortei. Sem a mestra, porém, com o mar de través o barco balançava muito. Um armário abriu e os pratos voaram. Três quebraram (são de acrílico). O plano era fundear no Montão de Trigo para por ordem na bagunça.

No través de Boiçucanga.

Chegamos na ilha ao meio dia, em ponto. Liguei o eco e... não lia a profundidade. Vai saber o que aconteceu... abortei o fundeio, pois a profundidade poderia ser entre 20 e 5 metros em uma área muito pequena. Paciência. Rumo 270º verdadeiro, a vida toda. Do Montão já dava para ver o morro que marca a entrada do canal.

Montão de Trigo.

Às 15h30 em ponto (essa viagem foi toda assim, as coisas sempre nas horas meias e cheias e em ponto!) fundeamos no Indaia, local que eu conheço bem. Arrumamos a casa e às 16h00 suspendemos (também em ponto). Às 17h00 (em ponto!) entramos no canal. O Ivan jogou no mar a oferenda para Netuno: doces de leite! Meia hora depois terminamos nossa travessia. Secos.

Eu estava bem cheirosinho...

O Malagô ficou no Chinen. De lá para cá eu já tomei bem mais do que um banho. O plano, agora, é subir na quinta-feira para o Pier 26, para começar os trabalhos. Estou muito mais tranquilo. Hoje o Mala está a apenas quarenta minutos de mim, e não a quatro horas. E por aqui existem lugares adequados para cuidar dele. Nesse momento o lugar do Mala é aqui.

E vamos no pano mesmo!


Travessia Ubatuba - Guarujá - Parte Três


Continuando, acordamos às 06h30. Guardamos o motor de popa e subimos o bote. O sol já havia nascido. Liguei o motor, rezei e soltei os cabos da poita. Partir na sexta dá azar. Isso não saia da minha cabeça. mas a previsão do tempo me deva apenas essa janela. Fiquei pensando no romano Públio Claudio Pulcro. Comandante da esquadra romana na primeira guerra púnica (a data eu não lembro ao certo, mas faz muito tempo) ele não conseguiu ler a sorte no ventre dos frangos do templo, pois eles recusaram alimento por dias a fio. Enraivecido, as jogou no mar. Consta que Pulcro teria dito:  "se não querem comer, deem de beber!". De volta a Roma ele se deu mal porque não acreditou nos sinais... O que pouca gente conta é que se não tivesse esperando os frangos comerem desde o princípio e atacado de uma vez, não teria perdido Cartago para Aderbal, pois ele ainda não estava preparado...

E como estar preparado é tudo (Hamlet, ato V, cena II), e preparado eu estava, entre a lógica e a crendice abracei a lógica. Farewell, Ribeira!

Fiz a volta no Agenores. Dei tchau para o "Negão", o marinheiro que mora a bordo daquele belo trawler feito pelo estaleiro Flab. "- Boa navegação", me disse ele. Olhei a poita do Piano Piano, vazia e não gostei. Vi outro veleiro no lugar do Gigante (que ficou em QAP no 68 caso eu precisasse). Por um lado, eu não queria sair da Ribeira. Gostei muito de lá. Mas barco longe (e um barco especial como o Malagô), é muito difícil de administrar. Eu teria que ter um "Negão" em minha vida - e isso eu não quero não (nem posso pagar) !!!

Seguimos no motor. Dois nós. Depois do Flamengo subi o giro. Três nós. Ao avistar a Ilha do Mar Virado,  chegamos na velocidade de cruzeiro: Quatro nós. Não queria forçar o barco. Um veleiro nos ultrapassou, o Thalassa. Estavam indo para a Ihabela também. Dividi os quartos de leme de hora em hora: uma minha, outra do Ivan. Logo após o Mar Virado abrimos a genoa e reduzimos o giro do motor para poupar diesel.



O céu estava plúmbeo. As bombas funcionavam a cada cinco minutos e isso me deixou feliz: a navegação não fazia entrar mais água! A bolsa de abandono ficava cada vez mais longe. A Ilha Anchieta ficou pequena a cada hora e a Ilhabela crescia. Quinze milhas em linha reta. Mar de través.




Pouco antes de chegar liguei para a base Mirela, para alugar uma poita. A diária custa R$ 80,00. Pagamos R$ 60,00 pois sairíamos de madrugada. Chamamos pelo rádio mas não houve resposta. O contato foi feito via celular, com o Almir (12 - 9719-1103). O lugar é abrigado para os padrões da Ilha (chacoalha bastante, não tem jeito). Apoitamos às 13h00, sãos, salvos e como disse o Ivan: secos. No radio porém uma chamada geral, via PYD 24, deixou a gente chateado: havia procedimento de busca para encontrar um mergulhador desaparecido: http://folhadolitoralnorte.net/mergulhador-e-encontrado-morto-hoje-31-na-ilha-das-cabras-em-sao-sebastiao/

Eu fiquei no barco enquanto o Ivan foi conhecer a Ilha. Era a primeira vez dele lá. E eu sabia que ele ia se a$$ustar um bocadinho.

A tardinha ele voltou e fez nossa janta. O cara cozinha como ninguém e em um barco o tripulante mais importante nem de longe é o capitão, mas sim o cozinheiro. Aproveitamos e inauguramos o tabuleiro de xadrez do Velho Mala. E até agora eu fico sem saber qual é castigo para quem ganha de lavada do CAPITÃO!!!!


Continua...

Travessia Ubatuba - Guarujá - Parte Dois

Pois é...

Fui de ônibus para Ubatuba na quarta noite, de ônibus. Cheguei no "Mala" às 03h00, debaixo de muito vento. Mas não choveu. Barco seco, mas bateria no fim. Acordei às 07h00, já sem bateria. A água começou a subir. Sem meios de carregar nem ligar o motor por falta de diesel, teria que esperar até às 08h00 para a sede de AUMAR abrir e eu buscar a bateria que pedi para o marinheiro colocar para carregar. Eram 09h00 quando o motor voltou a roncar e as bombas a funcionar. Ufa!

Passei o dia preparando o barco para a travessia. Revisei tudo. Instalei as linhas de vida. Deixei os cintos de segurança no convés. Preparei a bolsa de abandono, com água, ração sólida, pirotécnicos, GPS, celular carregado, faca, cabo e lanterna. Fiz mercado. Comprei diesel extra. Andei tanto para lá e para cá que não tomei banho. O último foi na quarta a tarde e outro viria apenas no sábado às 20h00, já em casa!

Às 17h00 meu amigo e tripulante, Ivan Rodrigues, chegou. Já estava tudo pronto. Dessa vez o Stark me trocou pelos cachorros... (humpf!). Eu quase fui em solitário. Achava até que seria mais justo, pois qualquer um estaria em risco em uma viagem dessas. Mas o Ivan é papel de embrulhar prego e queria histórias para contar. Para quem foi outro dia de bicicleta até a argentina, o que seriam umas milhazinhas a bordo do Malagô, com sua ampla varanda e seu belo fogão?! 

Jantamos um belo peixe no Restaurante do Cais e às 20h00 eu já estava na cama. O dia seguinte seria longo. E eu estava com medo.

Continua...

Travessia Ubatuba Guarujá - Parte Um

Boas!

Para quem gosta, senta que lá vem história! Para a coisa não ficar longa e cansativa, vou dividir a epopéia em vários posts. Esse é o primeiro.

Na terça-feira, 28 de maio, pedi para meu amigo Ricardo Stark ir até o Malagô ver como estavam as coisas. Bem cedinho lá estava ele me ligando de dentro da cabine do Velho Mala. O barco estava seco. As bombas funcionavam. Mas a carga da bateria dava um sinal de alerta: 12.4 v. Ainda havia bastante carga, mas essa era a bateria número um, que usamos apenas para dar partida no motor. A dois estava zerada e isso ocorreu entre sábado e terça. Um absurdo! Pedir para ele medir o tempo de acionamento da bomba e, claro: coisa de cinco minutos. Para ajudar meu grande marinheiro conseguiu gastar vinte litros de diesel em uma semana, navegando zero milha - de Ubatuba para Guarujá, navegando setenta milhas, gastei um pouco mais do que isso. Ahã, tem pai que é cego... rs.

Tomar as decisões a distância e no desespero é algo complicado. E caro. Liguei para uma empresa de salvatagem e reparos subaquáticos (nome bonito e que parecia ornar com o que eu precisava). A coisa começou em R$ 500,00 para mergulhar e ver por onde a água entrava. Topei. Vai que?! Duas horas depois a ligação: localizamos. Mas custará mais R$ 500,00 para fazer o reparo. Topei. No final da tarde, a ligação: as bombas estão funcionando a cada meia hora, o que era o normal. Sorri!  Na mesma ligação: se o Senhor quiser, por mais R$ 360,00 amanhã faremos mais um mergulho e se localizarmos outro ponto, consertamos. Feliz da vida, topei. E me estrepei!

No dia seguinte as bombas voltaram a funcionar a cada cinco minutos (se é que um dia funcionaram por menos tempo que isso) e o "mergulhador" quebrou minha bomba de porão de R$ 429,00. Eu não posso escrever o que pensei, pois já usei palavrão aqui dia desses... Fato é que eu arrumei uma boa confusão, pois além dos R$ 1.000,00 que eu já paguei, não acho que tenha que pagar mais nada (aliás, mesmo esses mil ai são questionáveis). Mas para evitar polêmicas, encerro essa parte da novela por aqui. Apenas para referência, a subida e a descida do barco custa R$ 800,00 no Pier 26.

Como essa novela já passou de todos os limites do razoável, conclui que estava na hora de trazer o Malagô para o Guarujá, subir e fazer o que tiver que ser feito.

MAS... no feriado eu daria aulas. Até pensei em fazer a travessia com os alunos, mas claro que diante do risco do fundo do barco se abrir e virarmos náufragos, priorizei a segurança e cancelei a aula. O risco não valia a pena. Mais tarde vi que foi a coisa certa! Ainda assim peço desculpas pelo transtorno, mas foi pelo bem de vocês mesmos!!! Velejar tem que ser divertido. Se não for...

Continua...