segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Observações sobre o Rio 20

Boas!

Já postei aqui no blog informações técnicas sobre o Rio20. Mas não coloquei minha opinião de proprietário. Então, vamos lá!

No meu caso eu buscava um veleiro de oceano pequeno, robusto, fácil de manter ($$) e capaz de ser velejado por apenas uma pessoa. Algo como um Brisa (meu antigo barco, um Daysailer), porém mais robusto, capaz de enfrentar o mar sem receio de capotar e entrar em uma fria, mormente navegando em solitário.

Pois o Rio20, com seus 300 kg de lastro e armado como um grande monotipo satisfez todos esses requisitos.

Pontos fortes:

1) Boa relação custo benefício: pode-se conseguir um Rio20 em bom estado por cerca de R$ 20.000,00 (sem motor). Além disso, a maioria das marinas cobra a estadia com base no número de pés da embarcação. Nesse caso, o Rio 20 é mais atraente que um 23 pés, sendo que possui em linhas gerais o mesmo rendimento. Se o preço do pé for R$ 20,00, por exemplo, ao invés de R$ 460,00 por mês você irá pagar R$ 400,00. Em um ano isso representa R$ 720,00. Com esse valor é possível fazer a pintura anual do fundo, que todo barco guardado em vaga molhada necessita.

2) É um projeto do Cabinho, o que significa dizer que é seguro, marinheiro e na medida do possível para sua faixa de tamanho, bem resolvido internamente (tem vários guarda trecos, o que as mulheres adoram!);

3) A mestreação ao tope faz com que ele aguente muito pano em cima e aceite uma boa variação de tamanho de velas, o que permite um ótimo aprendizado para quem, no futuro, busca um barco maior.

4) O calado é baixo (1,05m), permitindo chegar bem perto das praias;

5) O leme é leve e responde rápido aos comandos. É um "monotipão"! As escotas são leves (dificilmente vocé usará uma das duas catracas) e as adriças sobem com facilidade. O enrolador de genoa facilta um bocado as coisas e pode ser do tipo sem foil (muito mais barato). No Cusco consigo fazer tudo de dentro da segurança do cockpit.

6) O tanque de água (70 litros) é bem razoável;

7) O sistema elétrico é bem resolvido e alguns LEDS iluminam toda a cabine;

8) O leme é interno;

9) O barco enfrenta bem as ondas e a velejada é "seca" (dificilmente você irá se molhar);

10) De olho na previsão e com certo planejamento é possível fazer pequenos cruzeiros de final de semana. Vai parecer que não, mas a melhor cama é a de casal, na proa!



Pontos negativos:

1) Cabine muito baixa (mas é um 20 pés, não dá para querer milagres!).

2) Projeto antigo, de popa fechada e proa curva;

3) Cockpit muito apertado e acanhado (é um 20 pés, lembra?!). Se velejar em 04 ou mais pessoas (a lotação é de 06 para passeio e 04 para pernoite) distribua o peso colocando gente na proa, nas laterais e no cockpit. Isso para manter o barco equilibrado e não afundar muito a popa, freando o veleiro. Eu não velejo com mais do que 04 pessoas, por questão de conforto;

3) A instalação de um banheiro rouba muito espaço. Se a dona patroa encarar, o melhor sistema é o balde mesmo!

4) Na orça ele aderna bastante. Não se assuste, ele não vai capotar!

5) Depois de um tempo você vai querer um barco maior. E, como muitos já me disseram, vai sentir saudades do valente Rio20.

É isso ai!!!


















O Cusco na Ilha de Cedro - Paraty - Abril de 2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Diferença entre buja e genoa

Boas!

Agora há pouco acessei pela primeira vez a área de estatísticas do blog. Levei um susto. E não é que tem muita gente que lê o que escrevo aqui?! E os leitores não são apenas do Brasil, mas também de Portugal, EUA, Canadá, França e Reino Unido. Muito obrigado pela preferência!

Por conta dessas estatísticas verifiquei que a maior partes dos leitores que não vem de acesso direto encontram o blog do Cusco através do google, presquisando sobre a "diferença entre buja e genoa".

Então nada mais natural do que eu fazer um post abordando, justamente, as diferenças entre uma e outra vela.

A muito grosso modo pode-se dizer que a diferença está no tamanho. A buja, ao contrário da genoa, não tem comprimento de suficiente para passar do mastro, em direção à popa.

Sendo um pouquinho mais técnico, é preciso explicar que para as velas de proa duas medidas devem ser de conhecimento do velejador: 'J' e 'LP'.

A medida 'J' é a distância, medida horizontalmente (rente ao convés) entre o mastro e a ferragem de proa que sustentará a amura da vela de proa. A medida 'LP' é uma perpendicular que inicia no punho da escota da vela de proa e termina em sua valuma (ou o contrário).

Na figura baixo, postada pelo Arnaldo Andrade (da velaria Cognac) e que eu surrupiei do fórum da revista náutica , pode-se perceber essas medidas, claramente, na imagem da esquerda.















Ao se fazer uma vela de proa, o sailmaker leva em consideração, além de outros fatores, a relação entre 'J' e 'LP', de sorte que a segunda medida venha a ser um 'x' número de vezes equivalente à primeira.

Comvencionou-se dizer, assim, que será uma buja uma vela com 'LP' menor do que' J'.

No caso do Rio 20, por exemplo, a medida 'J' equivale a 2,25 m. Eu tenho uma vela com LP 2,00 e, portanto, menor do que 'J'. Essa vela é uma buja.

As genoas, nesse raciocínio, são grandes bujas, que têm a medida 'LP' maior do que a medida 'J'.

Uma genoa 150% (genoa I), por exemplo, terá LP 1,5 vezes o tamanho de J; uma genoa II poderá ter LP na razão de 120% de J e a genoa III, LP 100% de J ou LP = J. Esses valores não são absolutos e cada barco deverá serguir seu projeto. A medida que a relação entre LP e J diminui, a altura da testa da vela de proa também pode ser paulatinamente reduzida, principalmente em veleiros armados ao tope (como o Rio 20) - vide figura da direita.

Cada uma dessas velas serve para uma determinada condição de vento e de mar. A vela de proa é o motor do barco e, para que a velejada seja perfeita, deve estar em equilíbrio com o combustível (o vento), a estrada (o mar) e, também, com a vela mestra. Em linhas gerais, a medida que o vento aumenta as velas de proa têm sua área diminuída, sendo que a vela mestra também é paulatinamente reduzida, através da técnica do "rizo".

Mas esse é um outro assunto!